Ao contrário do que vem sendo divulgado amplamente pela mídia nas últimas três décadas, a qualidade do transporte de massas em Curitiba não é incontestável. O doutor em Desenvolvimento Econômico Lafaiete Neves declarou, na tarde de ontem, que o sistema de transporte coletivo da capital paranaense não deve ser considerado como exemplo. A afirmação foi feita durante palestra no Centro Politécnico, promovida através do projeto “Corredor Cultural”, que pretende revitalizar prédios históricos da Universidade Federal do Paraná e do centro da capital.
Lafaiete, que também é professor de um programa de mestrado na FAE Centro Universitário, levantou a história da implantação do sistema de transporte coletivo e questionou o quanto essa mudança valorizou o solo urbano, prejudicando as famílias de baixa renda. “Além das pessoas que saíram por conta própria da área central, muitos foram retirados dos bairros próximos à rede de transportes em projetos de desfavelização. Não se analisa os problemas sociais que isso causou”, alerta o professor.
“Com um número crescente de pessoas em regiões distantes dos coletivos, houve pressão popular para que o sistema de transporte se expandisse até eles, criando a Rede Integrada de Transporte que temos até hoje”, conta.Mesmo com os elogios ao sistema de transporte paranaense, 30% da população ainda anda a pé. “Quanto mais cara fica a tarifa, menos pessoas utilizam os ônibus. Aumentou o crédito para aquisição de automóveis, baixou o preço do álcool, e se tornou mais viável a locomoção individual do que a coletiva”, ressalta o professor.
Fonte: Paraná online
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