Empresas de ônibus querem começar 2009 aplicando reajuste de 29,27% nas tarifas cobradas ao 1,8 milhão de passageiros da Região Metropolitana do Recife. O anel A, pago por 78% dos usuários, passaria de R$ 1,75 para R$ 2,26 se o pleito fosse atendido integralmente pelo governo estadual. O presidente do Grande Recife Consórcio de Transporte, antiga EMTU, Dilson Peixoto, negou que o aumento chegue a tanto, mas admitiu que os valores subirão em fevereiro. O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Setrans), Fernando Bandeira, espera convocação para discutir a questão este mês.
Se prevalecesse a lógica dos empresários de transporte, o anel B subiria de R$ 2,60 para R$ 3,36. A categoria alega que o reajuste de janeiro de 2008, fixado em 8,59%, não supriu as perdas de dois anos sem alta na passagem. “Nos últimos meses, tivemos aumento de 15% no diesel e 7,10% no salário dos funcionários, além da renovação da frota”, argumentou o presidente do Setrans. Segundo a entidade, o sistema chegou ao fim do ano passado com prejuízo de R$ 36 milhões.
Nem a redução do Imposto Sobre Serviços (ISS) de 5% para 2%, anunciada pela Prefeitura do Recife em agosto último, nem o fim da CPMF contribuiram para reduzir o aumento almejado pelo setor. “Como o sistema é metropolitano, nem todas as empresas se beneficiarão da diminuição do ISS, por exemplo. Seria uma redução de apenas 1% no reajuste”, explicou Fernando Bandeira.
A solução para não repassar o custo do déficit à população seriam os subsídios, defende Bandeira. Hoje, apenas o combustível tem abatimento de 50% em impostos. O Setrans sugere que algumas gratuidades sejam bancadas por Estado, como a da Polícia Militar, e pela União. Bandeira lembra que, em São Paulo, o subsídio anual é de R$ 1 bilhão.
A definição do realinhamento tarifário ocorrerá na segunda quinzena deste mês, adiantou o presidente do Grande Recife Consórcio de Transporte. “Nos comprometemos a fazer a revisão no início de 2009 e assim faremos”, disse. Dilson Peixoto revelou que o órgão acompanhou as contas das empresas o ano inteiro e a necessidade de reajuste não chega perto do que querem os proprietários.
O levantamento do Grande Recife será entregue ao Conselho Superior de Transporte Metropolitano, presidido pelo secretário das Cidades, Humberto Costa. Para definir as novas tarifas, o conselho também levará em consideração índices inflacionários e o crescimento da demanda de passageiros, que em 2008 foi de 5%.
Dilson Peixoto afirmou que a concessão de subsídio dependerá da crise econômica mundial. “Se o impacto não for tão forte, o governo federal poderá avançar na discussão”, explicou, frisando que o Estado não pode arcar com o subsídio sozinho.