A implantação do Sistema de Transporte Rápido por Ônibus (Bus Rapid Transit - BRT) em novo cidades-sede da Copa pode ser o primeiro passo para resolver os problemas do transporte público brasileiro. Essa é a percepção dos debatedores que participaram de audiência pública, nesta quarta-feira, na Comissão de Viação e Transportes.
Os números apresentados demonstram que o custo e os prazos de implantação do BRT são menores do que os de outros sistemas de transporte coletivo, como o metrô e o veículo leve sobre trilhos.
Para o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG), essa é uma solução rápida para reduzir o congestionamento das grandes cidades. "O trabalhador tem que chegar ao destino dele, ao local de trabalho. Ele não pode ficar no congestionamento. Às vezes tem automóvel, mas ele não tem mobilidade, não tem como circular. Já nos corredores específicos, os ônibus articulados, com três módulos, transportam o equivalente a 127 automóveis.
Conforto e agilidade
O diretor-superintendente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, Marcos Bicalho dos Santos, citou algumas vantagens do BRT, como o conforto, a agilidade e a segurança. Segundo ele, ônibus biarticulados podem transportar até 270 passageiros, que embarcam em estações fechadas. As faixas exclusivas garantem maior velocidade operacional, e o sistema de controle permite o acompanhamento, em tempo real, do horário de chegada dos ônibus.
Mas o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus, José Fernandes Martins, afirmou que esse sistema só vai reduzir os congestionamentos se for integrado a outras modalidades de transporte. Para ele, se o usuário não conseguir chegar à estação do BRT, vai pegar o carro de qualquer forma.
Martins informou que os fabricantes de ônibus no Brasil têm capacidade de atender à demanda do BRT e lembrou que o País é o terceiro maior fabricante de ônibus do mundo, atrás apenas da China e da Índia.
Alternativa aos automóveisPara o coordenador-geral da Associação Nacional de Transportes Públicos, Nazareno Affonso, com a instalação dos BRTs para a Copa do Mundo de 2014, será possível mostrar à sociedade brasileira que há uma alternativa à política do automóvel.
Segundo Nazareno, essa é uma política injusta, baseada num modelo cultural que associa o carro a status social. "Ela tem legitimidade social porque todo mundo quer um carro. Isso foi colocado como uma mudança até de status. Ter um carro já não me coloca como cidadão de segunda classe.”
Ele avalia que, se todo brasileiro tiver carro, a circulação nas cidades vai ficar impossível. “O custo da infraestrutura é muito alto, e nós não temos como arcar com esse crescimento da frota do jeito que foi colocado." Segundo Nazareno, o governo abre mão de R$ 7 bilhões anualmente só com a isenção do IPI - Imposto federal cobrado sobre mercadorias industrializadas, estrangeiras e nacionais.
O IPI é um imposto seletivo, porque sua alíquota varia de acordo com a essencialidade do produto, e não-cumulativo, ou seja, em cada fase da operação é compensado o valor devido com o montante cobrado anteriormente. sobre automóveis.
Tarifas altas
Outro problema apontado por ele é o alto custo das tarifas, arcado totalmente pelos usuários. "O usuário tem que parar de fazer filantropia, tem que deixar de pagar as políticas sociais do governo”, diz Nazareno.
“As políticas são justas em relação ao idoso, às pessoas portadoras de deficiência, à meia passagem do estudante, mas é injusto totalmente ser paga pelo usuário. Só isso reduziria em mais 20% as tarifas", acrescenta.
Sobre o preço das tarifas, o deputado Mauro Lopes lembrou que o Congresso Nacional discute o Projeto de Lei 1927/03, que visa reduzir os impostos no setor de transportes públicos. A proposta já foi aprovada pela Câmara e agora está sendo analisada pelo Senado.
Fonte: Agência Câmara