Acordo formalizado quarta-feira promete reduzir o sufoco e o aperto para os idosos em Belo Horizonte, pelo menos no transporte coletivo. Em vez de enfrentar o desrespeito e, muitas vezes, a falta de lugares no pequeno espaço reservado na dianteira dos ônibus, os maiores de 65 anos agora poderão passar pela roleta como os demais passageiros e sentar-se em qualquer dos assentos, com garantia de destinação de pelo menos 10% dos lugares do veículo.
Para exercer o
direito sem pagar passagem, essa parcela da população, que já equivale a nada menos do que 285 mil pessoas apenas na capital, deve se cadastrar em postos da BHTrans para receber gratuitamente o cartão magnético que dará acesso ao benefício. A boa notícia é resultado do termo de ajustamento de conduta (TAC) assinado entre Ministério Público, Prefeitura de BH, BHTrans e consórcios responsáveis pelo transporte público da capital.
O cartão representa, segundo a BHTrans, controle sobre a passagem dos usuários idosos pela roleta. “Muitas vezes, aquele espaço reservado tem poucas vagas e esses passageiros acabam ficando em pé”, comenta a promotora de Justiça de Defesa do Idoso Ana Paula Mendes Rodrigues.
De acordo com o promotor de Justiça de Defesa do Consumidor José Antônio Baêta de Melo Cançado, é importante ressaltar que uma pessoa de outra cidade que use o transporte na capital não precisa se preocupar em ter o cartão. “Basta um documento de identidade, que o
direito ao transporte está garantido”, explica.
A BHTrans definiu que o tíquete magnético só é exigido para os idosos que quiserem passar pela roleta.Somente em 14 de maio, 30 dias depois da assinatura do TAC, a novidade entra em vigor, mas ainda há prazo de 180 dias para que as mudanças sejam regulamentadas. A distribuição dos cartões magnéticos deverá ser providenciada nesse período.
Desde o ano passado, a BHTrans tem cadastrado os idosos usuários do transporte que querem receber o documento magnético. Até quarta-feira, eram 38 mil inscritos. Para se cadastrar, basta ir a um dos postos (veja quadro). Nenhum valor será cobrado, nem mesmo a segunda via do cartão. “Ele serve como um controle para as
empresas”, destaca a promotora Ana Paula.
A mudança foi comemorada pelos beneficiados, que há anos esperam por melhorias. “O grande problema dos ônibus é que naquele espaço da frente, perto do motorista, não há muitas vagas. Em um coletivo que circula em horário de pico, a gente acaba viajando em pé, sem nenhuma segurança.
Há tempos esperamos por essa mudança. Mas, mesmo com ela, a carteira de identidade continua sendo o nosso principal passaporte”, comemora a vice-presidente do Movimento de Luta Pró-Idoso, Marizete Ribeiro Viana Teles.Usuária diária do transporte público da capital, Luzia Inácio do Santos, de 85 anos, ficou satisfeita com a notícia e lembrou que, além de melhorias no coletivo, é preciso mais respeito aos idosos. “Tem gente que nem se levanta para nos dar lugar”, reclama.
José Oscar Aguiar, de 78, também cobra mais educação dos outros usuários e respeito ao mais velhos. “Às vezes, nem mesmo os
motoristas nos respeitam. Infelizmente isso tem ocorrido”, lamenta.
Fonte: UAI Notícias