Em seis meses de funcionamento, os ônibus da madrugada transportaram 4,96 milhões de passageiros. Em março eram 712,7 mil usuários. O número saltou para 877,6 mil em agosto, crescimento de 23%.
Segundo levantamento da SPTrans, empresa responsável pela gestão do transporte público em São Paulo, das quase cinco milhões de pessoas transportadas, 78% eram compostas por trabalhadores.
Outros números apontam que o índice de cumprimento do horário de madrugada chega a 89% – o sistema todo, incluindo o dia, tem taxa de 56%
A pesquisa mostra, ainda, que antes da implantação dessas linhas, quase metade dos paulistanos transportados em ônibus (44,7%) voltava para casa de outras formas, como carro, táxi ou carona Isso porque, no mesmo horário em que agora funcionam os coletivos noturnos, estações de trem e Metrô se encontram fechadas.
É exatamente por esse motivo que o analista de distribuição Flavio Santiago de Souza, de 40 anos, passava parte da madrugada em claro esperando ônibus até Sapopemba, na Zona Leste, onde mora. Ele costuma sair do trabalho entre 2h e 4h e, como nesse horário não havia opções de transporte até a sua casa, ficava aguardando o horário de operação dos coletivos no Terminal Parque Dom Pedro 2º, no Centro. “Já cheguei algumas vezes a esperar cerca de duas horas até o terminal abrir”, contou. “Por isso, quando dava, pegava carona.”
Com o início das linhas noturnas, porém, a situação mudou drasticamente. “Hoje sai ônibus de 15 em 15 minutos dali (terminal) e demoro 20 minutos para chegar em casa. O tempo que eu levava esperando agora uso para dormir”, comemorou.
O mesmo ocorria com o auxiliar Pedro Alexandre do Nascimento, 55. Ele vive em Cidade Tiradentes, também na Zona Leste, e demorava cerca de 2h20 para sair do Centro e ir até sua casa. Sem contar o tempo da Barra Funda, onde trabalha, até o terminal.
“Antes tinha um ônibus que saía do Centro e ia para o meu bairro, mas dava muita volta. Gastava mais de duas horas”, afirmou. “Hoje tem um coletivo na porta do trabalho que vai até o Parque Dom Pedro 2º. No total, preciso de 1h20 para chegar em casa”, afirmou.
Nascimento só tem uma ressalva com as linhas noturnas. “Nunca aconteceu, por exemplo, de o motorista não parar quando eu pedia. O único problema é que os ônibus são muito antigos, acho que poderiam ser mais novos, ter mais conforto, como aqueles de manhã”, disse. “Mas dou nota nove”, avaliou.
Análise/ Segundo Ana Odila, diretora de planejamento da SPTrans, não existem projetos à curto prazo para expansão das linhas. “Em dois meses, vamos fazer uma avaliação dos resultados para saber quais alterações e procedimentos vamos tomar”, afirmou.
Segundo ela, o próximo passo é levar o padrão das linhas noturnas a outros horários, como pontualidade e cumprimento das viagens, principalmente aos domingos.”
Por Caio Colagrande
Informações: Diário de SP