Em Curitiba, diariamente, milhares de pessoas fazem o uso dos chamados ônibus madrugueiros, linhas de transporte que, geralmente, começam a circular a partir da meia noite. Entre os usuários, a grande parte é de trabalhadores que atuam em horários noturnos, pois este meio de condução acaba sendo a única alternativa para a locomoção.
Ao contrário dos coletivos que trafegam durante o dia, a lotação não é o maior dos problemas para os passageiros noturnos e, sim, o vandalismo e a arruaça praticada por algumas pessoas. “Acho uma grande falta de educação, quando grupos de jovens, a maioria embriagados, entram no ônibus e começam a mexer com as moças que estão voltando de seu trabalho”, comenta o auxiliar de produção, Luiz Ferreira, 33 anos, usuário da linha madrugueira Centenário / Rui Barbosa.
O auxiliar ainda comenta que muitos destes arruaceiros costumam a brigar entre sí, causando confusões dentro dos coletivos. “Cerca de um mês atrás, quatro rapazes começaram a discutir e, de repente, um deles jogou uma lata de cerveja, que atingiu uma moça na cabeça”.
As confusões acontecem, com maior constância, nos finais de semanas. É quando o fluxo de passageiros na madrugada aumenta devido ao retorno de pessoas que frequentam casas noturnas de Curitiba.
A operadora de caixa, Carla Pires Oliveira, 28 anos, costuma pegar ônibus nas madrugadas de sábado, no centro da Cidade. Ela conta que, devido à presença de policiais nas proximidades, a hora do embarque é tranqüila, mas, quando o ônibus sai da região, a situação muda. “É incrível ver quando o ônibus está parado na Praça Rui Barbosa. Todo mundo fica quietinho, até parecem anjos, mas é chegar na Avenida Sete de Setembro, que os ‘engraçadinhos’ dão as caras”, explica a operadora. Ainda segundo ela, muitos dos baderneiros exalam odores que, vão do cheiro de bebida alcoólica, vômito e até urina.
Alguns passageiros não têm a mesma sorte, como é o caso do estudante Ricardo Junior Moreira, 24 anos, morador de Pinhais. O estudante conta que, no ano passado, ao descer do madrugueiro, a três quadras de casa, dois rapazes que também estavam no ônibus desceram. Ao ultrapassar a avenida, Moreira percebeu que estava sendo seguido, e foi quando os rapazes deram voz de assalto. “Até hoje tenho medo de pegar ônibus na madrugada. Passar por um assalto é uma experiência horrível, que não desejo isso para ninguém”, lamenta o estudante. Ele ainda relata que os rapazes estavam armados com facas, e ambos exalavam odores de bebidas alcoólicas.