A implantação do Serviço Rápido de Ônibus de Fortaleza (BRS-FOR) começa pela principal artéria de acesso e escoamento de veículos motorizados da região oeste da cidade, incluindo as rodovias federais BR-O20 e 222. O resultado desse projeto pioneiro orientará outras modificações previstas para o sistema viário, há mais de uma década sem contar com aberturas de espaços livres.
A Avenida Bezerra de Menezes, depois das modificações proporcionadas pelo Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor), serve para o projeto-piloto com espaços prioritários para o transporte público. As quatro pistas de rolamento de cada lado da artéria foram reservadas: duas para ônibus, táxis e vans, conduzindo passageiros; e duas para automóveis, caminhões e motos.
O maior obstáculo para o transporte coletivo é identificado na velocidade lenta dos ônibus, que fazem apenas 12 quilômetros por hora. A proposta do BRS-FOR é aumentá-la para 24 quilômetros. É baixa em relação à demanda do sistema, mas pode ser o ponto de partida da melhoria pretendida. O conflito pelo espaço de circulação entre transporte público e veículos particulares está no centro dessa mudança.
A Etufor, empresa pública responsável pelo Sistema de Transporte Integrado de Fortaleza, está viabilizando as propostas constantes do Transfor. Dentre elas, está a distribuição das linhas com tráfego pela Avenida Bezerra de Menezes, em três grupos distintos, alcançando os ônibus urbanos, complementares urbanos e metropolitanos. O ponto de parada entre os três grupos é de 600 metros. O embarque e desembarque serão feitos exclusivamente nos pontos sinalizados. Essa concentração do público em cada grupo de linhas objetiva reduzir o tempo da viagem.
Sem uma divulgação maciça, prévia, o primeiro dia causou transtorno, como era esperado, bem assim, a desobediência dos guiadores dos carros particulares sobre as faixas exclusivas dos ônibus, táxis e vans. A preparação do público para essas mudanças significativas na operacionalidade do sistema será ponto decisivo para sua aceitação.
Na ausência dela, as reclamações começaram cedo, diante dos engarrafamentos agravados nos horários de pique, enquanto as faixas seletivas de ônibus se encontravam aliviadas. A inovação exige a reeducação dos guiadores, mal acostumados com a prática de transgressões, e o aumento agentes de trânsito para a tarefa de orientar os condutores ainda perplexos.
A isenção do IPI na comercialização dos automóveis permitiu fossem vendidos entre junho e julho, na Capital, 12.608 novos veículos, que já estão acrescidos à frota em circulação. A frota motorizada, em 2005, era de 480 mil veículos. Atualmente é de 790 mil. O sistema viário não recebeu melhorias para acompanhar essa expansão vertiginosa, de modo a compatibilizar as pistas de rolamento com o fluxo de veículos. A prioridade do espaço urbano para os transportes públicos é a saída apontada pelos técnicos para equacionamento do problema.
Se conseguir sucesso, a experiência da Avenida Bezerra de Menezes será transplantada para outras vias engarrafadas. É sempre uma esperança de alívio.