Reunidos em frente ao sindicato, localizado na avenida Venâncio Aires, dezenas de motoristas e cobradores mostravam insatisfação com a falta de mobilização para pressionar a Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) com aumento salarial. “A assembleia realizada na sexta-feira teve decisão soberana e deve ser legitimada. Não aceitamos reajuste inferior a 22% mais a inflação para repor perdas salariais. Portanto, o presidente deve nos representar neste sentido e não cogitar apaziguar os ânimos. Ele deve lutar por nós”, afirmou o representante do movimento independente dos rodoviários, Álvaro Araújo.
O representante explicou que o movimento busca a união dos trabalhadores, a fim de pressionar o sindicato a lutar pelo reajuste exigido pela categoria, a fim de repor as perdas dos últimos dez anos. Araújo ressaltou que não há divisão entre os funcionários das empresas transportadoras de passageiros da Capital, como chegou a ser divulgado na imprensa.
Também chateado com a proposta inferior ao desejado, o motorista Anderson Fuhr, de 25 anos, alegou que Gamaliel deve representar os 8,5 mil rodoviários da Capital. “Se a maioria quer manter o estado de greve, o presidente deve escutar e nos ajudar a fazer pressão, mostrar nossas limitações à sociedade. Podemos fazer panelaço, buzinaço, o que for, menos mostrar conformidade com o deboche de 7%”, contou ele, ao lembrar que os trabalhadores se sentem prejudicados por não ter banco de horas, além da falta de estrutura para a realização do trabalho e defasagem salarial.
O movimento não pretende interromper o trânsito, como ocorreu na semana passada. Porém, continuará agindo, com manifestos pacíficos, a fim de buscar o apoio da sociedade à causa.
Nesta segunda-feira, os funcionários devem ir à ATP para conversar com a direção. Amanhã às 9h, eles se reunirão na Esquina Democrática, de onde partirão até a Prefeitura, a fim de dialogar com o prefeito José Fortunati.
Procurado pela reportagem do Correio do Povo, o presidente do sindicato informou que não se manifestará sobre o resultado da assembleia, tampouco opinará acerca dos rodoviários que querem manter a greve. “No momento oportuno, falarei à mídia", resumiu.
Categoria rejeitou proposta de 7% de aumento
Durante assembleia realizada na sexta-feira, os trabalhadores do transporte coletivo da Capital decidiram manter o estado de greve, após rejeitarem a proposta de 7% de reajuste, oferecida pela ATP.
O presidente Gamaliel foi bastante crítico em relação aos colegas, por não terem aceito a oferta. “Dobraram a proposta e eles não aceitaram. Jamais, nos cinco anos que estou no sindicato, pegaram 22% e querem pegar em uma vez. Isso foi sacanagem”, reclamou, ainda que tenha deixado claro que a opinião da maioria fala mais alto: “A assembleia é soberana e decidiu isso, que nós vamos manter”.
Para ele, porém, a decisão é equivocada e vai afetar a própria categoria: “Foi o melhor dissídio que a gente recebeu nos últimos anos. Eles não aceitaram problema é deles. Quem vai sofrer as consequências não é a presidência ou a diretoria, e sim os trabalhadores que estão lá na rua”, analisou.
Na manhã de quinta-feira, a cidade passou por um caos quando os rodoviários bloquearam avenidas por cerca de duas horas. Funcionários da Carris Porto-Alegrense, a maior empresa de transporte coletivo de Porto Alegre, protestaram com cartazes com o reajuste pedido.
Fonte: Correio do Povo