Além disso, são apontados problemas como insegurança no trabalho e desacordo no pagamento de vales-alimentação. "Queremos ganho real e os empresários dizem que não têm condições de pagar", disse durante a manhã de ontem. O reajuste pretendido beira os 14%, enquanto os empresários oferecem 4,88%.
Batista propôs a participação da Prefeitura de Natal para que haja um acordo entre as partes. "Os empresários dizem que não têm condições e a Prefeitura tem que sentar à mesa para negociar conosco", convocou o presidente do Sintro. Para ele, os empresários têm que provar que não há condições de oferecer o reajuste reivindicado.
De acordo com a Lei de Greve, durante uma paralisação, pelo menos 30% do serviço e dos trabalhadores têm que permanecer ativos para que a população não seja lesada gravemente. Ontem, isso não ocorreu. Nas primeiras horas da manhã, houve momentos em que quatro veículos estavam rodando para atender toda a demanda natalense. O presidente do Sintro justificou o fato dizendo que a categoria estava mobilizada. "A adesão dos trabalhadores é de 100%. A insatisfação é muito grande e dá ideia do tamanho da nossa insatisfação".
A juíza do Trabalho, Maria Auxiliadora Rodrigues, esteve presente ontem na garagem da empresa Cidade do Natal. O objetivo era verificar o cumprimento da frota emergencial para elaboração de um auto de inspeção. "Constatamos que alguns veículos chegaram a sair, mas acabaram depredados e voltaram. Os funcionários estão assustados e não querem sair para trabalhar. Iremos relatar isso", disse a magistrada.
O relatório inicial apontava que dos 13 veículos que deveriam ter saído no primeiro horário da manhã, sete foram às ruas. Dos sete, quatro retornaram. Em Parnamirim, dos cinco veículos da frota emergencial, um atendeu a população.
Foto: Adriano Abreu |
O motorista Francisco Canindé tem 57 anos e 23 de profissão em linhas de passageiros de Natal. Ontem, relatou estar com medo de ir à rua. "Já saí hoje pela manhã e fui arrancado do banco, quando obrigaram a desligar o carro. Agora o dono falou para eu ir de novo. Estou com medo, mas parece que vai ter escolta policial", afirmou o homem ontem pela manhã na garagem da empresa Cidade do Natal, a partir de onde conduziria a linha 40. O funcionário acrescentou que o vandalismo chegou ao pontou de ver os pneus cortados.
De acordo com presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros (Seturn), Augusto Maranhão, indícios levam a crer que o Sindicato dos Rodoviários coordenou os atos de vandalismo. "Um táxi de placas de São Gonçalo do Amarante e duas motos estão pela cidade, com estilingues e baladeiras quebrando pára-brisas. Todos os indícios levam a crer que são pessoas ligadas ao Sintro", afirmou.
O presidente do Sintro, Nastgnan Batista, negou que tenha ordenado qualquer ataque. "Não estou sabendo de ataque algum. E mesmo assim não teria partido do Sintro, todos sabem que não é do perfil da presidência", disse.