A audiência pública que irá apresentar à população o projeto da Via Expressa Linha Viva, nova via estruturante projetada como solução para desafogar o tráfego na Avenida Luis Viana Filho (Paralela), será nesta quarta-feira (26/9), no Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia, das 14 às 18 horas.
A audiência, promovida pela Secretaria Municipal dos Transportes Urbanos e Infraestrutura (SETIN) vai discutir o projeto e colher contribuições com o objetivo de atender adequadamente a população de Salvador no quesito mobilidade.
A Linha Viva será construída ao norte da Avenida Paralela, ligando o Centro Tradicional e Histórico da cidade de Salvador à região do novo Complexo Viário 2 de Julho, junto ao Aeroporto Internacional Dep. Luis Eduardo Magalhães, e representará uma nova opção de trajeto alternativo que irá desafogar o trânsito na Av. Paralela.
A proposta integra um dos pilares do Projeto de Mobilidade Urbana idealizado pela Prefeitura de Salvador, o Programa de Obras Viárias (PROVIA) que, juntamente com Rede Integrada de Transporte (RIT), tem por objetivo resolver os graves problemas do trânsito e do transporte da capital baiana. Depois da audiência pública, será definido o modelo de concessão e feita a licitação da obra.
Traçado proposto – A Linha Viva leva este nome justamente porque vai ser construída ao norte da Paralela, na faixa de servidão onde estão as torres e linhas de transmissão de energia da CHESF, com baixo adensamento populacional em quase toda sua extensão.
A capacidade da via corresponde a 75% do tráfego atual da Paralela, e estima-se que irá captar 40% daquele trânsito. Para percorrer os seus quase 17,7 quilômetros o motorista levará aproximadamente 15 minutos.
São três faixas de tráfego expresso em cada sentido, cada faixa com capacidade de 2.200 veículos por hora. Dez conexões através de alças e rampas com as principais avenidas do entorno serão construídas. Outras 20 travessias transversais, através de viadutos e passagens inferiores, serão construídas sem interligação direta com a via expressa.
Pelas suas características será uma obra rápida, com baixo impacto ambiental, provocando a mínima interferência no cotidiano da cidade. Os investimentos previstos serão de R$ 1,5 bilhão. Estima-se que 780 mil pessoas, residentes na área de influência direta do projeto, serão beneficiadas.
Trânsito está saturado
A Av. Paralela, assim chamada por estar situada paralelamente à Orla Atlântica de Salvador, foi construída no início da década de 1970, como uma alternativa mais direta para interligar o Aeroporto de Salvador ao centro da cidade, que tinha a antiga E.V.A (Estrada Velha do Aeroporto) como seu caminho natural.
A Paralela é um importante eixo viário, que conduz o fluxo proveniente da BA-099 (Estrada do Coco), da BA-526 (Est. CIA/Aeroporto), do Município de Lauro de Freitas, Aeroporto Internacional Luiz Eduardo Magalhães e também de bairros situados no entorno do seu trajeto, como São Cristóvão, Bairro da Paz, Mussurunga, Itapuã, Stella Maris, Alphavile II, Trobogy, Pituaçu, Piatã, Centro Administrativo da Bahia (CAB), Narandiba, Cabula, Imbuí, Pernambués, além da Boca do Rio, Centro de Convenções, Avenida Tancredo Neves e Av. Luis Eduardo Magalhães.
Ao longo de seu traçado, a Paralela experimenta, nas últimas décadas, uma forte expansão de novos empreendimentos imobiliários do setor residencial, seguido pelos setores comercial e de serviços, de ensino e pesquisa e do Parque Tecnológico, além do incremento do setor de lazer representado principalmente pelo Estádio do Pituaçu.
Todo esse desenvolvimento provocou a necessidade de se desenvolver estudos para melhorar a estrutura de mobilidade da região, pois a malha viária existente está saturada.
O Estudo Exploratório de Elaboração de Diretrizes Viárias para a região da Avenida Paralela de onde surgiu a concepção da Linha Viva, foi contratado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio Ambiente (Sedham), da Prefeitura Municipal de Salvador (PMS), junto à TTC Engenharia de Tráfego e de Transportes Ltda. empresa de consultoria de São Paulo, que há duas décadas tem executado serviços em Salvador.
O estudo da TTC detectou, em 2010, uma realidade testemunhada pela população soteropolitana: o acelerado processo de urbanização das regiões que margeiam a Avenida Paralela.
O levantamento então realizado pela TTC projetou, para os 15 anos seguintes, a ocupação de cerca de 228 mil novos habitantes, além da oferta de 68 mil postos de trabalho e de 82 mil vagas de estudantes, estimulados que foram pelos inúmeros “campi” universitários que se instalavam na região e que deverão ser fomentados pelo Parque Tecnológico, em implantação pelo Governo da Bahia.
Salvador, com mais de 2,6 milhões de habitantes, é o município mais populoso do Nordeste, e a terceira capital do país em número de habitantes. Seu território continental de 706,8 km² abriga uma das maiores densidades populacionais do mundo.
O vetor de crescimento da cidade - detectado nos três últimos Planos Diretores de Salvador, o da década de 70 e os mais recentes de 2004 e 2008 - está fortemente estruturado em torno da Avenida Paralela em direção Nordeste, a caminho dos municípios de Lauro de Freitas e Camaçari.
O estudo apresentado pela TTC mostrou que município de Lauro de Freitas relaciona-se de forma tão direta com Salvador, que a demanda por transporte coletivo e de uso do sistema viário ligando os dois municípios é extremamente significativa.
Além de indicar o uso do canteiro central da Av. Paralela como apoio de uma linha de transporte coletivo de alta capacidade (metrô ou similar), o estudo apontou as grandes carências viárias para atender os deslocamentos na direção leste–oeste, bem como uma deficiência na capacidade de fluxo pelas vias transversais (existentes ou duplicadas) em suas conexões com os grandes eixos estruturantes de Salvador: BR-324 e Av. Paralela.
Vetores de crescimento de Salvador.
Salvador começou a crescer para além de seus limites centrais nas décadas finais do século XX. Novos loteamentos surgiram, a exemplo Caminho das Árvores, os bairros de Pituba, Itaigara, Costa Azul, Centro novo do Iguatemi e Avenida Tancredo Neves.
Seguindo pela Paralela, bairros como Mussurunga, Bairro da Paz, Patamares, CAB, Imbuí, Pituaçu e diversos outros do chamado miolo nordeste da cidade começaram a surgir. Para citar alguns: Sussuarana, São Rafael, São Marcos, Trobogy, Nova Brasília, Fazenda Grande, etc.
Assim, a Paralela compôs com a BR-324 os dois grandes eixos viários estruturadores do crescimento do município. Com isso, áreas anteriormente periféricas da cidade, paulatinamente, foram se integrando ao dia-a-dia da região e suas amplas áreas livres foram sendo loteadas e ocupadas, num rítmo cada vez mais intenso. A princípio, por atividades tipicamente residenciais. Mais recentemente condomínios verticais – residenciais e, também, comerciais ou de prestação de serviços começaram a surgir. Na década passada, a via passou a ser endereço de um pólo faculdades e universidades.
População utiliza automóvel particular
As pessoas que transitam pela Avenida Paralela, nas duas direções, são apontadas pelo estudo feito pela TTC, em sua grande maioria, como de grande poder aquisitivo e que tem como característica básica a locomoção através do uso de veículos particulares para a maioria de seus deslocamentos diários.
Naquele levantamento, as unidades unifamiliares já apresentavam uma média estimada de 2,3 automóveis por família. O crescente fluxo veicular que a conclusão dos novos empreendimentos irá produzir deverá saturar ainda mais a malha viária urbana existente, contribuindo decisivamente para grandes e demorados congestionamentos, a serem observados nos períodos de pico e também fora deles, principalmente na Av. Paralela.
Pelos dados, percebe-se a necessidade da implantação e a ampliação de um sistema viário estruturante no entorno da via, para que este esteja dimensionado de forma a possibilitar a absorção das viagens que certamente serão geradas pelos empreendimentos atualmente em operação e aqueles em fase de implantação.
Os estudos da TTC consideraram o ano de 2025 como “ano horizonte”, para absorver o impacto imediato do crescimento previsto para a região, sendo necessários, portanto, novos estudos mais específicos de uso do solo e transportes para contemplar as demandas futuras após essa data.
Como o interesse de ocupação dessa região está num processo de contínua ampliação, os atuais fluxos de tráfego deverão ser sensivelmente aumentados, o que indica, para os próximos 15 – 20 anos, que a criação de uma nova via na região torna-se imperiosa.
Aspectos ambientais
A atenção com os aspectos ambientais da cidade de Salvador foi uma preocupação constante nas soluções propostas para o projeto da Linha Viva. Procurou-se limitar, no indispensável, as intervenções que provocassem impacto no meio ambiente.
Dentre os técnicos envolvidos nestes projetos, destaca-se a Arquiteta e Urbanista Maria Elisa Costa, a qual enfatizou sobremaneira a questão ambiental, seja na determinação do traçado da via, seja na proposta de soluções construtivas das mesmas.
Segundo o secretário da Setin, José Luiz Santos Costa, os estudos de impacto ambiental estão previstos no escopo do contrato feito com a TTC e já estão sendo finalizados para apresentação aos órgãos ambientais competentes.
Informações: Tribuna da Bahia