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Recife não ganha um corredor de ônibus a mais de 04 anos

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Obras projetadas e algumas já em execução animam um pouco quem precisa andar de ônibus todos os dias, também outras já aprovadas pelo Governo Federal prometem resolver em boa parte a solução do transporte na cidade como a Radial Sul, e conclusão da 2ª e 3ª perimetral, mas na verdade dos fatos, nenhum corredor de ônibus foi implementado nos ultimos 04 anos na cidade do Recife.
Com a chegada das eleições, volta mais uma vez as promessas no quesito mobilidade urbana, e muito se fala em resolver o problema da cidade como priorizar o transporte público, mas não foi isto o que aconteceu nos últimos anos, na qual a cidade do Recife sofreu com o aumento de carros e motos nas ruas, e pelo outro lado nenhuma solução foi implantada de fato para enfrentar os engarrafamentos. Hoje a cidade do Recife tem poucos corredores de ônibus e esse resultado poderia ser menos drástico, porém não foi construído nenhum sequer corredor na cidade nos últimos 04 anos, ou seja, o transporte coletivo foi de fato colocado em segundo plano, o que fez com que muitos deixassem os ônibus para aumentar o número dos carros nas ruas.

Os planos de mobilidade da prefeitura não priorizam diretamente os ônibus como por exemplo, a implantação de faixas preferenciais aos coletivos, na qual deixam os usuários prejudicados, pois muitos destes coletivos vão lotados o que deixam uma grande percepção de abandono do poder público em relação a população. ‘’É uma vergonha estes engarrafamentos, deveria ter mais vias para os ônibus’’, disse Dário Lima, morador de Afogados.


Se hoje a situação da mobilidade urbana na cidade do Recife está caótica, é porque temos infelizmente um sistema de transporte público ineficiente e sem prioridades. O que dizer se em todo ano as vias da cidade ficaram mais entupidas de carros em meios aos tantos engarrafamentos e pior ainda, os ônibus a disputarem o mesmo espaço com o transporte individual.

Para muitos, os corredores que estarão sendo construídos pelo Governo do Estado não vão melhorar a situação dos usuários de ônibus, pois muitos desses quilômetros anunciados pelo Governo já existem de fato, ou seja, vai apenas melhorar a infra-estrutura das paradas de ônibus que serão transformadas em estações e ônibus mais acessíveis e confortáveis, porém muitas vias importantes da cidade não têm sequer projeto.

Vias esquecidas
O que falar dos usuários que sofrem na Abdias de Carvalho, Av. Recife, Av. Mascarenhas de Moraes, Av. Norte entre outras, ou seja, essa vias não receberam nenhuma prioridade por parte do poder público, onde os coletivos disputam espaço com os carros que muitas vezes trafegam com um passageiro.

Propostas
É preciso ter medidas ousadas que venham a enfrentar de fato o problema da mobilidade urbana na cidade, com a priorização de fato do transporte coletivo e também dos não motorizados como construção de mais ciclovias, pois o usuário só vai deixar o seu carro em casa se o transporte público for confortável, seguro e o mais importante que é a eficiência, pois quando ele se torna um transporte rápido, certamente irá atrair mais e mais usuários, e essa eficiência só com corredores de ônibus.

Projetos aprovados no PAC da Mobilidade Urbana para os próximos anos

Com obras aprovadas no PAC da Mobilidade, alguns projetos parecem animar estes anos perdidos, onde a prefeitura do Recife conseguiu verbas para implentação e conclusão da I e II perimetral que irão custar mais de R$ 800 milhões, dos quais R$ 150 milhões serão para desapropriação de imóveis.

O corredor da II Perimetral terá 18 quilômetros e ligará o Largo da Paz, em Afogados, na Zona Oeste, à Avenida Presidente Kennedy, Zona Norte do Recife, no limite com Olinda. Passará por Afogados, Madalena e Torre, na Zona Oeste, e Tamarineira e Água Fria, na Zona Norte da capital.

O corredor da III Perimetral ligará a Zona Norte, a partir do Rio Morno, na Linha do Tiro, à Zona Sul, passando por bairros como Areias, Imbiribeira e Boa Viagem. Já o corredor Radial Sul é uma ligação direta entre a BR-101 (IV Perimetral) e a Avenida Boa Viagem, utilizando vias de bairros como Ibura, Ipsep e Boa Viagem.

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Semob quer evitar erros do passado em novo programa de mobilidade urbana

segunda-feira, 27 de março de 2023

A recém-criada Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana, dentro do guarda-chuva do Ministério das Cidades, está estruturando um novo programa de financiamento de infraestrutura e equipamentos para projetos de mobilidade urbana. A ideia é recriar um plano nos moldes do PAC Mobilidade Urbana, lançado pelo governo Dilma em 2012, mas contemplando alguns ajustes para evitar erros do passado que resultaram num grande volume de obras inacabadas e projetos que não saíram do papel. Uma das prioridades é incentivar parcerias público-privadas para alavancar sistemas ferroviários. As PPPs do VLT do Rio de Janeiro e do Metrô de Salvador estão sendo tratadas como modelos bem-sucedidos e que devem ser replicados.

Quem está à frente desse trabalho é o secretário Nacional de Mobilidade Urbana, Marcos Daniel Souza dos Santos, servidor de carreira do Ministério das Cidades. Ele foi nomeado pelo ministro Jader Filho como secretário interino, em fevereiro. “Quando equacionamos num mesmo contrato tanto a construção quanto a operação do sistema, como foram as PPPs do VLT do Rio e do Metrô de Salvador, a perspectiva de a obra ser mais rápida é muito maior do que uma obra pública, que geralmente passa de quatro anos e depende de um orçamento que, às vezes, não está assegurado”, diz Santos.

A pasta tem feito um levantamento dos projetos que receberam apoio do PAC no passado, mas se encontram hoje paralisados. Para esses e novos que venham a surgir, o governo federal discute um tipo de apoio a estados e municípios que vai além da transferência de recursos apenas. A secretaria quer atuar de forma mais próxima na elaboração e acompanhamento de projetos, fornecendo corpo técnico e auxiliando na estruturação financeira dos contratos.

O BNDES e a secretaria especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) têm participado das discussões junto a governos estaduais e municipais, com intermediação da secretaria, para ajudar na elaboração de estudos de pré-viabilidade de projetos. Alguns já foram mapeados pelo banco, como sistemas de VLT em Curitiba e Brasília. “Temos que avaliar o grau de maturidade de cada projeto para poder sinalizar um aporte financeiro”.

O secretário entende que o modelo de PPP é adequado a novos projetos em cidades que nunca tiveram sistemas sobre trilhos. Esse foi um dos aprendizados da pasta, segundo Santos, que cita o VLT de Cuiabá como exemplo. O sistema consumiu mais de R$ 1 bilhão em recursos públicos, ficou anos com obras paralisadas e, recentemente, foi substituído por um corredor de ônibus BRT. 

“A estruturação do projeto ficou com o estado do Mato Grosso que nunca operou nenhum sistema sobre trilhos. E daí optou por uma obra pública, para implantar um VLT. Como uma obra metropolitana, é preciso ter de fato uma instância que discuta o projeto com as prefeituras e com os operadores locais. Faltou essa assistência. Talvez uma PPP nesse caso poderia ter trazido todo um corpo técnico para a efetivação do projeto”, pontua.

O olhar que se tem agora, diz o secretário, é de acompanhar mais de perto os projetos que recebem recursos federais. “Ou você segue o modelo de PPP integrada que compõe tudo, construção e operação, ou se faz uma obra pública, mas, em paralelo, com o apoio do governo federal de assistência técnica para estruturar como vai ser essa operação e essa participação de outras prefeituras na reorganização da rede”.

Sobre a privatização dos sistemas da CBTU, Santos afirma que está sendo avaliado o melhor modelo para cada estado. Para o de Recife, a expectativa é de retomada dos estudos para decidir se o processo se dará nos mesmos moldes do que aconteceu em Belo Horizonte (que foi concessionado recentemente pelo governo de Minas). “Teremos discussões com o governo de Pernambuco junto ao BNDES, ao PPI e à própria empresa para entender se vai ser possível aplicar o mesmo modelo de BH ou não”.

Informações: Revista Ferroviária
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Plano de Mobilidade lançado pela Prefeitura do Recife não avança em questões das últimas quatro décadas

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O conceito de mobilidade parece novo, mas já se passaram quase quatro décadas das primeiras tentativas de se melhorar a circulação na Região Metropolitana do Recife. O nó parece não desatar e não é por falta de plano que continuamos na imobilidade. Com o lançamento, este mês, do plano municipal, já são quatro estudos que traçaram diretrizes para um sistema viário e de circulação, mas pouco ou quase nada avançou. E o que é pior: as projeções do município são para os próximos 20 ou 30 anos. O que os planos têm em comum é a repetição de metas não cumpridas e mais do que nunca necessárias. Não apenas pela Copa de 2014, que já está batendo à porta, mas pela situação de colapso das vias. O Diario resolveu entender os percalços de uma dinâmica urbana, que muda sem acompanhar as etapas do desenvolvimento de uma infraestrutura anteriormente planejada. O que foi feito e o que deixou de ser executado nos planos propostos desde a década de 1970. Ouviu especialistas, mas sobretudo a população, que está na ponta de um sistema de imobilidade.

A primeira tentativa para melhorar a mobilidade na RMR surgiu na década de 1970 com uma pesquisa de origem/destino feita pela Sudene. Depois disso, vieram os planos diretores de transporte para a RMR elaborados pela Geipot/ Fidem em 1982 e em 2009 pela CBTU. No diagnóstico do PDTU de 2009, as simulações indicam que a não realização de intervenções projetadas até 2012 e 2020, podem provocar, no primeiro caso, um aumento de 200% no número de congestionamentos nas vias já saturadas. E as notícias não são boas. Somente parte do que previa o documento da CBTU foi executada. A expansão da linha Sul do metrô, por exemplo, foi feita, mas os terminais integrados ainda não foram construídos. Os corredores exclusivos de transporte de massa, previstos nos projetos do Norte/Sul, Leste/Oeste e Avenida Norte, não foram ainda licitados e tampouco definido o tipo de modal: BRT (transporte por ônibus rápido) ou monotrilho (espécie de metrô sobre um trilho).

Segundo a secretária executiva das Cidades, Ana Suassuna, a definição dos modais ocorrerá até o fim do mês. ´Não há uma concorrência entre os dois modais, talvez eles possam se complementar. Houve um aumento da demanda nos coletivos, que já estão saturados, e nós queremos que os corredores tenham sucesso`, afirmou Suassuna. Ainda de acordo com ela, se o monotrilho for incluído haverá adaptações nos projetos dos corredores.

No caso das perimetrais ainda não há definições por parte do município. No plano de mobilidade da Prefeitura do Recife, o único projeto citado é o do Capibaribe Melhor, que indica a construção de uma ponte ligando o bairro da Iputinga, na Zona Oeste ao bairro de Monteiro, na Zona Norte, mas não é a ponte prevista para a terceira perimetral. ´A terceira perimetral é uma via estruturadora já prevista no PDTU de 1982 e reiterada no de 2009. Ela inicia no binário da Ernesto de Paula Santos, em Boa Viagem, segue pela Avenida Recife e se incorpora à San Martin até a Caxangá. Com a ponte ela pode chegar até a Avenida Norte, mas infelizmente o município está priorizando uma ponte secundária do ponto de vista viário`, afirmou o engenheiro Germano Travassos, especialista em trânsito.

Já a segunda perimetral, que inicia no bairro de Afogados e vai até o bairro de Aguazinha, termina na PE-15, na altura do terminal. No PDTU está prevista a construção de um viaduto sobre o terminal, que fará a ligação do tráfego até a PE-22. Já o trecho do contorno Recife da BR-101, a chamada 4ª perimetral, tem indicação de um corredor exclusivo de tráfego desde a década de 1970 e até hoje não foi implantado.

Fonte: Diário de Pernambuco

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Projetos de mobilidade urbana nas capitais estão atrasados

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A demora nas obras de mobilidade urbana é um dos principais pontos em debate amanhã, em São Paulo, no 12º Fórum Legislativo das Cidades Sedes da Copa de 2014. A Assembleia Legislativa paulistana será a última a realizar o encontro e, por uma coincidência de agendas, contará com a presença do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, que estará no Brasil até terça-feira. E o governo terá contra si uma dura constatação: o Brasil enfrenta dificuldades para entregar as obras de mobilidade a tempo da realização da Copa das Confederações, marcada para 15 a 30 de junho de 2013.

Das 12 cidades que abrigarão os jogos do Mundial de 2014, apenas cinco iniciaram algum tipo de obra para garantir o deslocamento de turistas e torcedores ao longo dos 30 dias do torneio. Das quatro capitais confirmadas para sediar a Copa das Confederações, duas começaram a tocar as empreitadas.
O valor total que será investido em obras de mobilidade em Belo Horizonte ultrapassa os R$ 2 bilhões
A Copa das Confederações funciona como preparação para o Mundial de 2014 e servirá para a Fifa e a CBF testarem o poder de organização do país na hora de realizar grandes eventos. Foi anunciada na última quinta-feira uma nova matriz de responsabilidade, com o cronograma e o estágio das obras de infraestrutura que serão feitas para as duas atividades esportivas. As únicas cidades que mantiveram os mesmos prazos divulgados em 14 de setembro são Salvador, Natal e Curitiba. Em todas as demais, ocorreram alterações.

Como um minilaboratório para o Mundial do ano seguinte, a Copa das Confederações é uma disputa mais curta — metade do tempo — e com apenas oito seleções. Mesmo assim, a Fifa já avisou que será o momento para testar várias situações dos jogos, como agilidade nos deslocamentos do aeroporto até os hotéis, e dali para os estádios.

Além disso, mesmo a Copa das Confederações sendo disputada apenas em Brasília, em Fortaleza, em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, o palco da decisão, não seria exagero pensar que os turistas que vierem prestigiar os jogos irão querer conhecer outras cidades e poderão ter uma surpresa negativa com as dificuldades de mobilidade nessas regiões.
Das 12 cidades sedes da copa, apenas 05 estão com obras em andamento
As únicas que já iniciaram algum tipo de obra de mobilidade urbana são Belo Horizonte, Cuiabá, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro. Dessas, apenas mineiros e cariocas sediarão jogos da Copa das Confederações. No caso da capital mineira, a Via 710, uma transversal que ligará diversos bairros de diferentes regiões sem passar pelo centro de Belo Horizonte, ficará pronta em novembro. O corredor exclusivo para ônibus na Avenida Pedro II, que desemboca no Mineirão, previsto inicialmente para terminar em novembro, teve o cronograma antecipado para março de 2013, a tempo de ser entregue para a Copa das Confederações.

O Rio de Janeiro, que abrigará tanto a partida final da Copa das Confederações quanto a decisão do Mundial de 2014, tem apenas um projeto de mobilidade urbana, o BRT Corredor Transcarioca. Com um orçamento total de R$ 1,582 bilhão, a obra — uma avenida exclusiva para ônibus que ligará a Barra, na Zona Oeste, à Penha, na Zona Norte — tem conclusão prevista para novembro de 2013.

VLT
Brasília comemorou intensamente o direito de sediar a abertura da Copa das Confederações e assistir ao jogo da Seleção Brasileira. A capital federal receberá também sete jogos do Mundial de 2014, sendo um garantido do Brasil na primeira fase a e a decisão de terceiro lugar. Mas os dois únicos projetos de mobilidade urbana da cidade só estarão prontos, de acordo com o cronograma divulgado no mês passado, em dezembro de 2013. Apesar de a licitação não ter sido lançada, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), ligando o aeroporto até a Asa Sul, continua com o início das obras previsto para dezembro e conclusão agendada para dezembro de 2013. Já a ampliação da DF-047, que liga o Aeroporto ao Plano Piloto, está prevista para ficar pronta em plena Copa das Confederações, em junho de 2013.
O monotrilho, principal obra de mobilidade em Fortaleza, deve ter licitação até o fim do ano
(foto: Fábio Lima)

Em Fortaleza, a expectativa até o momento é de que todas as obras sejam iniciadas ainda esse ano, mas nenhuma estará pronta antes da Copa das Confederações. Três delas estão previstas para terminar em junho — mês em que o torneio será iniciado — e as outras três em agosto, quando boa parte dos turistas e todas as seleções estrangeiras já terão deixado o país.

Dez dias atrás, a presidente Dilma Rousseff ficou irritada com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que anunciou a possibilidade de Salvador e Recife também entrarem como sedes da Copa das Confederações. Mas impôs uma ressalva em rede de tevê mundial: “Se elas concluírem a tempo a construção dos estádios”. Dilma interpretou essa mensagem como mais uma estocada pública da entidade, expondo a possibilidade de o governo não conseguir cumprir a sua parte no cronograma das obras.

Os estádios deverão estar prontos, já que, pelo cronograma previsto, eles serão concluídos em dezembro de 2012. O mesmo não pode ser dito das obras de mobilidade. Na capital pernambucana, o Terminal Cosme e Damião, do Metrô, tem previsão para entrar em funcionamento em novembro de 2012. Mas todas as outras intervenções de infraestrutura ficarão prontas em 2013. A única já iniciada, a Corredor Via Mangue — uma via expressa com aproximadamente 4,5 km — só fica pronta em setembro de 2013.

Em Salvador, existe apenas um projeto dentro do PAC Mobilidade Urbana: o BRT do Corredor Estruturante, exclusivo para ônibus ligando o aeroporto à zona norte da cidade. Com investimento de R$ 570,3 milhões, estará liberado para uso pela população em fevereiro de 2014.


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Em Pernambuco, Assembléia Legislativa lança nesta quinta-feira uma Carta Aberta com o tema “Desafios da Mobilidade”

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Com o objetivo de explanar um diagnóstico sobre a situação da mobilidade urbana no país, focando em Pernambuco e na Região Metropolitana do Recife, será lançada no próximo dia 28, às 10h30, a Carta Aberta “Desafios da Mobilidade”, na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

"Temos um grande desafio com o transporte coletivo e a mobilidade urbana de Pernambuco. Este documento apresenta uma radiografia de toda problemática, incluindo obstáculos que os gestores públicos e a iniciativa privada têm que enfrentar. É um instrumento de pesquisas e sugestões para o futuro", afirma o presidente da Comissão Especial de Mobilidade Urbana da Alepe, Sílvio Costa Filho (PTB).

O sistema de transporte coletivo de Curitiba, no estado do Paraná, é apresentado como um exemplo sugestivo à Região Metropolitana do Recife. Desde 1971, o arquiteto e então prefeito da capital paranaense, Jaime Lerner, investia em ruas exclusivas para pedestres, transporte público integrado e vias restritas para ônibus. O modelo foi copiado mundialmente, dando origem ao Transmilênio de Bogotá, capital da Colômbia.

De acordo com o doutor em mobilidade urbana da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Oswaldo Lima Neto, tem que mudar o plano diretor do Recife e a política de uso e ocupação do solo. A construção de corredores exclusivos, ciclovias ou ciclofaixas, e o incentivo ao uso de bicicletas são as principais alternativas rumo a uma mobilidade sustentável, em especial no Recife, com vistas para a Copa do Mundo de 2014.

“O plano diretor recifense contempla o chamado polo gerador de tráfegos, inclusive, em áreas já congestionadas. Isso tem que mudar. Além disso, a cidade cresce desordenadamente, causando prejuízos ao fluxo de veículos no Recife”, avalia Lima Neto. Para o engenheiro, a mobilidade urbana começa nas calçadas e também se faz necessária a priorização do transporte público.

“Num primeiro momento, o governo tem de requalificar as calçadas e investir em ciclovias para as pessoas começarem a mudar seus hábitos”, diz. “A curto prazo, a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) precisa passar por uma reforma”, completou.

Por Leonardo Lucena

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Prefeitura do Recife constrói alça viária para dar maior fluidez à mobilidade no Centro

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Visando dar maior fluidez para quem deseja se deslocar para o centro, a Prefeitura do Recife, por meio da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) e da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), está construindo uma alça de retorno no viaduto do Forte das Cinco Pontas, no bairro de São José, no sentido Marco Zero. A intervenção faz parte do Novo Plano de Circulação Viária do Centro - estudo que é parte de um dos mais importantes compromissos da gestão: a requalificação estrutural da área central do município. A obra no viaduto está sendo executada pela Emlurb e vai melhorar a conexão do Centro com a Avenida Dantas Barreto. Os serviços acontecem de forma programada no período do recesso escolar, quando há uma redução do fluxo de veículos nas ruas.

A intervenção na descida do viaduto (giro à direita) consiste na demolição do pavimento em concreto e sua recomposição. A obra é necessária para realizar a ligação do novo trecho com o viaduto. Primeiro, será realizado o serviço em uma faixa e após sua liberação para tráfego, será executada a segunda e última faixa, com previsão de conclusão até o final de janeiro. O valor investido é de aproximadamente R$ 150 mil.

Quando concluída a nova alça do Viaduto das Cinco Pontas, os condutores que vêm da Zona Sul da cidade pelo Cais José Estelita terão a opção de acessar a Avenida Dantas Barreto diretamente pela nova alça. O que possibilita, também, a opção de retorno à região Sul, que ocorre no Cais de Santa Rita.

O principal objetivo do novo plano de circulação viária é ativar as vias do centro do Recife com a ocupação de pessoas. Neste caso, a mobilidade de diversos meios de transportes com a garantia de mais segurança viária no centro do Recife vai atrair as pessoas a uma vivência diferenciada do espaço urbano - seja com uso da mobilidade ativa, seja de carro ou de transporte público.  Para isso estão sendo realizadas uma série de intervenções - como obras físicas e mudanças de sentido em algumas vias - com vistas a dinamizar o fluxo de veículos (passeio e transporte público) no local.  

Informações: Prefeitura do Recife

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No Recife, Viadutos vão impedir a operação de metrô ou VLT na Agamenon Magalhães no futuro

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

As primeiras conclusões de parte do grupo técnico que está esmiuçando o projeto de construção de quatro viadutos na Avenida Agamenon Magalhães, pulmão viário do Recife, são de que os elevados defendidos pelo governo Eduardo Campos são desnecessários e que, se forem erguidos, trarão danos não só para a paisagem urbana da via – que seria mutilada para sempre -, mas, principalmente, para a mobilidade. Uma vez construídos, os viadutos iriam restringir o tipo de modal a ser utilizado na Agamenon Magalhães, limitando-o ao transporte sobre pneus. Ou seja, metrô, monotrilho ou Veículos Leves Sobre Trilhos (VLTs), por exemplo, ficariam inviabilizados por causa da altura dos elevados.

O posicionamento é defendido pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PE), Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-PE) e Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-PE). Sob o prejuízo provocado pelo modal escolhido, representantes do Crea-PE afirmam que, pelo projeto do governo, os viadutos previstos para cortar a Agamenon Magalhães ficariam a uma altura de 4,60 metros, o que só permitiria que ônibus, caminhões e carros passassem sob eles. Nos pontos onde forem instaladas passarelas para pedestres, a altura seria ainda menor.

O ponto principal defendido pelo grupo técnico, entretanto, é que o projeto dos viadutos está ignorando o Plano Diretor de Transporte Urbano da Região Metropolitana do Recife (PDTU), estudo concluído em 2008 e que projeta os caminhos do transporte público para o Grande Recife até 2020. “O PDTU não cita a construção de viadutos. Fala da necessidade de implantação do Corredor Norte-Sul, mas sem viadutos. O corredor é importante e deve ser feito. Os viadutos não. O PDTU falou em ônibus, mas em 2007/2008. O cenário atual, com todo o crescimento registrado no Grande Recife, aparentemente não condiz mais com esse tipo de transporte. Por isso, antes de qualquer decisão sobre o tipo de modal, é preciso fazer o dever de casa, ou seja, contratar uma nova pesquisa de origem e destino para identificar a demanda da Agamenon e o tipo de veículo adequado a ela. A última pesquisa de origem e destino foi realizada em 1997. Está mais do que ultrapassada”, argumenta o engenheiro civil e consultor de trânsito, Stênio Coentro, um dos representantes do Crea-PE no grupo técnico.

Outro equívoco do projeto do governo do Estado, apontado por parte do grupo técnico, é o fato de que apenas 30% das linhas de ônibus que hoje trafegam pela Agamenon Magalhães, seja nas pistas principais ou locais, serão atendidas pelo Corredor Norte-Sul. O restante, 70%, estará fora do corredor. “Esse é um dos grandes problemas. Como a maioria dos ônibus vão circular e, principalmente, fazer retornos na Agamenon se ela não terá mais sinais nos cruzamentos? Ou será que teremos um viaduto com um sinal embaixo?”, indaga Stênio Coentro. O estudo do governo do Estado apontou, por exemplo, que em apenas 15 minutos 40 ônibus fazem o giro à esquerda da Agamenon para a Rua Joaquim Nabuco, no acesso ao bairro das Graças.

Diante de tantas falhas no projeto oficial, uma das sugestões do grupo que será levada ao governo do Estado é que o Corredor Norte-Sul continue sendo implantado do jeito que está para viabilizar a mobilidade na Copa do Mundo de 2014, com o sistema de ônibus BRT (Bus Rapid Transit) operando até chegar à Avenida Agamenon Magalhães. Mas que a partir dela tenha continuidade com uma faixa exclusiva rente ao canteiro central e, não, um corredor de BRT. Enquanto isso, um amplo plano de mobilidade seria estudado e viabilizado para o Recife. “O momento é de pensar a cidade. O governo não tem um plano macro de circulação. A Agamenon Magalhães não pode ser pensada isoladamente. Precisamos fazer uma nova pesquisa de origem e destino, atualizar o PDTU e, sustentado em bases técnicas, definir qual o melhor modal para o corredor. Os R$ 250 milhões destinados aos elevados precisam ser melhor utilizados”, conclui o presidente do Crea-PE, José Mário Cavalcanti.

Postado por Roberta Soares / De Olho no Trânsito


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No Recife, Audiência busca soluções para o transporte público na RMR

terça-feira, 20 de junho de 2023


Problemas estruturais e operacionais do transporte público da Região Metropolitana do Recife (RMR) motivaram uma audiência pública na Assembleia Legislativa, nesta segunda (19). Gestores, trabalhadores, representantes de empresas e usuários estiveram presentes. Eles buscaram articular melhorias no sistema para garantir mais mobilidade e acessibilidade, além de diminuir o tempo esperando pelos ônibus ou nos deslocamentos. A reunião foi organizada pela Comissão de Assuntos Municipais da Alepe. 

DIMINUIÇÃO – Marcelo Bandeira, da Urbana-PE: número de passageiros é 56% do que era há 10 anos. Foto: Roberta Guimarães.

Diretor de inovação do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE), Marcelo Bandeira expôs dados sobre a redução do número de passageiros. O número atual corresponde a 56% do que era transportado há uma década. E, segundo ele, a principal queixa dos usuários se refere ao tempo de espera. 

Além de sugerir novos mecanismos para o financiamento do sistema (taxas, pedágios urbanos, estacionamentos), Bandeira defendeu mais diálogo entre as prefeituras da RMR: “As autarquias municipais precisam conversar e entender o planejamento do Grande Recife.”

Representante dos usuários, Clayton Leal, do Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM), elencou o sucateamento da frota, a falta de acessibilidade e a proposta de implantação de catracas mais altas entre as dificuldades do Sistema de Transporte Público de Passageiros (STPP). Ele ainda cobrou a realização da licitação das linhas de ônibus, que está sob análise do Tribunal de Contas de Pernambuco. 

USUÁRIOS – Clayton Leal cobrou a realização da licitação das linhas de ônibus. Foto: Roberta Guimarães.

Por sua vez, o presidente do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, Aldo Lima, lamentou os assaltos que trabalhadores e passageiros sofrem nos coletivos. “Os rodoviários estão sendo agredidos e enfrentam riscos constantes. Muitos sofrem adoecimento psíquico devido à violência”, relatou. 

Lima ainda frisou os níveis de estresse a que os motoristas estão expostos, por conta de flores como calor, dupla função (motorista e cobrador) e congestionamentos. “Esses trabalhadores sequer têm um plano de saúde para se cuidarem”, advertiu.
Representantes do Governo

GOVERNO – Secretário Evandro Avelar avaliou que as questões do sistema são estruturais. Foto: Roberta Guimarães.

Secretário de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco, Evandro Avelar avaliou que as questões do sistema não são apenas operacionais, mas de estrutura. O gestor citou a necessidade de ações estratégicas como a construção do arco metropolitano e o investimento na atualização da operação do metrô. “É preciso garantir um financiamento público específico para o sistema de transporte”, propôs o gestor, tomando como exemplos mecanismos como o SUS e o Fundeb.

Presidente da Autarquia de Trânsito e Transporte do Recife (CTTU), Taciana Ferreira destacou a importância da revisão do Plano Diretor da Região Metropolitana. Superintendente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Dorival Martins afirmou a importância da expansão do transporte metroferroviário para melhorar a qualidade de vida da população, reforçando a necessidade de que chegue ao complexo de Suape.

Encaminhamentos

PROPOSTAS – João Paulo vai encaminhar audiência com TCE para tentar destravar licitação dos ônibus.

Autor do pedido de realização da Audiência Pública, o deputado João Paulo (PT) cobrou “coragem política” para enfrentar os problemas do transporte público. “Parte dos problemas demanda grandes investimentos, mas há aqueles que podem ter soluções mais simples e rápidas. É preciso comando político e articulação entre Estado e Prefeituras, além de coragem dos prefeitos”, afirmou. 

O parlamentar apresentou os encaminhamentos da audiência desta segunda. Segundo João Paulo, será elaborado um relatório da comissão, a ser enviado aos setores competentes, e se buscará uma audiência com o TCE para tratar da licitação das linhas de ônibus. Também será sugerido ao Governo do Estado a formação de um grupo de trabalho permanente com representantes de órgãos públicos e da sociedade para discutir o sistema de transporte.

O presidente da Comissão de Assuntos Municipais, josé Patriota (PSB) lamentou que apenas dois municípios da RMR (Recife e Olinda) integrem hoje o Grande Recife Consórcio de Transporte. Ele defendeu que haja integração “horizontal”, entre os municípios, e “vertical”, com os governos estadual e federal. 

Os deputados Mário Ricardo (Republicanos), Dani Portela (PSOL) e Romero Sales Filho (União) também participaram dos debates. A audiência ainda teve a presença de representantes do Grande Recife Consórcio de Transporte, Ministério Público e OAB-PE, entre outras instituições.

Informações: ALEPE
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Até 2016, Salvador terá 35 km em vias preferenciais para ônibus

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Com apenas um modal de transporte capaz de cobrir toda a cidade — os ônibus —, Salvador tem um dos maiores problemas de mobilidade urbana entre as capitais brasileiras. Mas a prefeitura quer mudar, num prazo de três anos, o cenário que rende críticas de especialistas no país. 

De acordo com o secretário municipal de Urbanismo e Transporte, José Carlos Aleluia, corredores exclusivos para BRT devem estar prontos até 2016. O município também promete investir R$ 1 bilhão em 35 quilômetros de vias preferenciais para ônibus, buscando chegar à velocidade comercial de 24 km/h — hoje, os ônibus se locomovem a 12 km/h em média, mesma velocidade de São Paulo.

De acordo com Aleluia, uma das prioridades é fazer um “conjunto de vias exclusivas de ônibus da Lapa até o Iguatemi, chegando até a Ligação Iguatemi Paralela (LIP) e  Acesso Norte e também  até a Pituba”. Também será feito um corredor progressivo do aeroporto à Pituba. 

“Embora esse corredor não seja exclusivo, é preferencial para ônibus.  Serão em torno de 35 quilômetros e terá um conjunto de investimento de R$ 1 bilhão. A ideia é que fique pronto em 2016”, acrescentou Aleluia.


O secretário afirmou que vai tentar evitar a desapropriação e que, quando fala em vias exclusivas, pensa justamente na circulação do BRT. “Ainda estamos estudando a parte estrutural. O prefeito quer para 2016. O nosso custo é só com as vias, o dos BRTs é com as empresas”, afirmou. 

Atraso  
Para especialistas, o atraso no sistema de transporte da capital baiana é resultado da falta de investimento há quase 40 anos. Em meados dos anos 1970, quando foi criada a Empresa Brasileira de Transportes Urbanos (EBTU), estatal responsável pela política de mobilidade no país, capitais aproveitaram a verba disponível e implantaram sistemas de transporte que, hoje, ajudam a desafogar o trânsito. 

Quem não aproveitou isso naquela época, paga o preço até hoje. E Salvador é uma delas. “Com certeza. A melhor solução, hoje, é o transporte sobre trilhos. Salvador está aí há 20 anos construindo um metrô de seis quilômetros e ainda não acabou”, afirmou o presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Otávio Cunha.

Desde que a EBTU foi extinta, em 1991, a responsabilidade pelo transporte urbano nas cidades brasileiras passou às mãos dos respectivos prefeitos. Mas o problema da falta de continuidade a cada troca de governo e o baixo investimento em logística e infraestrutura impedem que a mobilidade avance. 

Para se ter uma ideia, a frota veicular do Brasil cresceu 107% entre 2002 e 2012, saltando de 35,5 milhões de veículos para 73,7 milhões. “Não houve investimento razoável na infraestrutura dos grandes centros. Se a infraestrutura aumentou, foi 5%”, apontou José Antônio Martins, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus) e executivo da Marcopolo.

Ar-condicionado 
Em Salvador, a expectativa é que a renovação da frota ajude a dar maior fluidez ao trânsito. Mas isso poderá impactar na tarifa, segundo Aleluia. As linhas serão reordenadas e 300 linhas tronco terão ar-condicionado. As demais, ventilação forçada.

Todos os novos ônibus funcionarão com motor no padrão Euro 5, menos poluente, e terão acessibilidade, o que significa mais eficiência e menos poluição. O Plano de Mobilidade Urbana também está em andamento e deverá ter como ponto de partida o plano para a Copa do Mundo. Ainda esta semana, as entidades da sociedade civil receberão convites para a formação do Conselho de Transportes.

Soluções 
Se muitas capitais brasileiras adotam mais de um modal de transporte público e ainda têm sérios problemas de mobilidade, Salvador, que conta apenas com os ônibus, passa por dificuldades ainda maiores. Durante o Seminário Nacional NTU 2013 & Transpúblico, realizado em São Paulo entre 3 e 5 de julho, o CORREIO conversou com especialistas em busca de soluções para a mobilidade urbana em Salvador.

Para o presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Ailton Brasiliense, Salvador ainda tem muito a investir em ônibus, mas não descarta a necessidade de colocar o metrô para funcionar. 

“Primeiro, Salvador tem um problema adicional que é a geografia, a topografia não é fácil. Segundo, vocês vão ter que investir em ônibus por muito tempo. Terceiro, tem que investir em metrô”, disse.

Brasiliense ressaltou que a capital baiana precisa fazer o “dever de casa” e que o problema da cidade não é tecnológico ou financeiro. “Vai ter que caprichar nos projetos, torcer para não eleger péssimos administradores, porque começam um projeto e os seguintes param”, alertou. 

O engenheiro acredita que o metrô pode ser a solução, desde que esteja interligado a todo o projeto. “Salvador tem pessoal técnico qualificado, deve estar tendo algum outro problema”.

Obstáculos   
O presidente da NTU, Otávio Cunha, também aposta no transporte de superfície como a alternativa mais rápida e mais barata. Segundo ele, é preciso ter corredores com vias segregadas, acessibilidade universal, passagem pré-paga, embarque livre para dar velocidade à viagem.

Cunha também acredita que é preciso democratizar o espaço urbano, dando preferência aos ônibus, além de incentivar o uso do transporte coletivo e investir em soluções político-administrativas. 

“A lei de mobilidade já recomenda a prioridade no transporte. O prefeito pode criar obstáculos e restrições ao transporte individual em algumas áreas da cidade. Esse é o grande problema de cidades mais antigas, como Salvador, Recife, São Luiz, onde as ruas são estreitas”.

O secretário de Urbanismo e Transporte, José Carlos Aleluia, disse que obstáculos serão criados. “Quando reduzimos a quantidade de estacionamentos na cidade, estamos fazendo isso. O estacionamento é um pedágio de fim de linha”, declarou.

A criação recente de faixas e vias exclusivas para ônibus e  alterações pontuais no tráfego em alguns pontos da cidade, como a Avenida Octávio Mangabeira e a Magalhães Neto, que costumam congestionar em horários de pico, são um bom começo. Mas, para o presidente da Fabus e executivo da Marcopolo, José Antônio Martins, é preciso fazer mais.

“Salvador precisa abrir  e criar corredores exclusivos de ônibus”, apontou. Em curto e médio prazos, essa é, na opinião de Martins, a melhor solução logística e de infraestrutura para uma cidade que possui apenas um modal, além dos trens do Subúrbio, que atendem a um trecho limitado da cidade.

BRT: projetos atrasam e até montadoras reclamam

Fabricantes de ônibus articulados no Brasil terão produção aquém da esperada este ano com relação aos veículos para operar no sistema BRT. 

De acordo com executivos das montadoras Volvo, Scania e Marcopolo, a expectativa de ter o sistema implantado, até o final deste ano, em cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Goiânia, Brasília, Natal, Recife e Salvador não deverá sair do papel por conta da falta de infraestrutura das cidades para receber o modelo. 

“O projeto do BRT está atrasado e a venda de pesados está quase estagnada”, disse o gerente comercial da Volvo na América Latina, Euclides de Castro. Para ele, se o quadro continuar o mesmo, até o final do ano, o sistema estará longe de ser implantado na maioria das cidades. “Rio de Janeiro está mais avançado, o próximo é Brasília, mas Salvador parou. Eles não se decidiram se pelo metrô ou BRT e eu não acredito que nenhum dos dois estará operando até lá”, completou, se referindo à Copa do Mundo de 2014.

O gerente de Marketing da Scania, Marcio Furlan, disse que os projetos têm evoluído, mas a parte prática, com exceção de Rio de Janeiro e Brasília, não tem avançado. “Efetivamente, o BRT só se consagrou no Rio de Janeiro.  A maioria está atrasada”, afirmou.

Apesar disso, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus), José Antônio Martins, garantiu que a indústria está preparada para a demanda que surgir, com possibilidade de entrega dos veículos em um prazo de 60 dias. No entanto, não é possível implementar o sistema sem infraestrutura urbana nas cidades. “Não houve um investimento razoável na infraestrutura dos grandes centros. Na  maioria, os investimentos ficaram para trás. O governo federal tem planos, o problema é que esses planos não saem do papel por questões burocráticas”. 

Clarissa Pacheco, de São Paulo. A repórter viajou a convite da NTU.


8 Medidas Para a Melhoria do Transporte Público Coletivo Urbano no Brasil

1 Prioridade de circulação para o transporte coletivo nas vias urbanas sobre o transporte individual 
motorizado;

2  Elaboração imediata dos planos diretores e dos planos de mobilidade urbana por todos os municípios obrigados pela legislação, a serem construídos com a participação de representantes da sociedade civil organizada;

3 Continuidade dos investimentos federais, estaduais e municipais na infraestrutura para a mobilidade urbana;

4  Implantação de redes de transportes modernas, integradas, multimodais, racionais e de alto desempenho;

5  Implantação de uma política de mobilidade, construída com a participação efetiva da sociedade, com representantes nos conselhos municipais de transporte, estabelecendo qual o nível de serviço de transporte público que se deseja oferecer a todos os cidadãos e quanto isto vai custar ao passageiro (tarifa) e quanto vai custar ao governo (subsídio);

6  Desoneração dos tributos municipais, estaduais e federal que pesam sobre o setor de transporte público;

7  Subsídio com recursos públicos às gratuidades que oneram a tarifa paga pelos usuários;

8  Subsídio ao serviço, a ser pago por meio de um fundo com recursos dos combustíveis, distribuído aos municípios de forma proporcional à população.

Por Clarissa Pacheco e Perla Ribeiro
Informações: correio24horas.com.br

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Alerta vermelho para o VLT de Pernambuco

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

A substituição dos velhos trens a diesel pelos modernos VLTs (Veículo Leve sobre Trilhos) na linha férrea que liga os municípios de Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, foi concluída pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) no início de 2012. Representava novos tempos na mobilidade de cerca de 4,5 mil passageiros por dia, que desfrutariam de um transporte mais rápido e climatizado. Passados pouco mais de três anos, o modal – que faz integração com o Metrô do Recife na estação Cajueiro Seco, em Jaboatão – deu um nó. Dos nove trens comprados por R$ 69 milhões, apenas três funcionam. As outras seis composições permanecem paradas no pátio da CBTU, no bairro de Areias, Zona Oeste do Recife, se deteriorando em meio à grama, expostas à chuva e ao sol. A duplicação da linha entre Jaboatão e o Cabo foi interrompida quando a torneira com recursos do governo federal foi fechada, no final de 2014.

Desde a inauguração do sistema, os trens circulam por apenas uma linha, o que traz empecilhos óbvios à operação. O maior deles é o fato de apenas uma composição fazer o trajeto de 18,5 quilômetros entre Jaboatão e Cabo. O percurso é feito em cerca de 45 minutos, mas o tempo total entre uma viagem e outra – descontando os momentos de parada – é de uma hora. “Tudo bem que o intervalo entre os trens não possa ser igual ao metrô do Recife, que é de 10 minutos. Mas uma hora é tempo demais. Quando a gente perde o trem, chega dá um desgosto”, explica o auxiliar de serviços gerais Luiz Carlos Silva, que mora no Cabo e trabalha na capital.

Em pouco mais de três anos, os veículos também experimentam problemas operacionais. As quebras são frequentes e o sistema de ar-condicionado não dá conta da climatização dos vagões em dias de forte calor. “Só à noite, quando o tempo já esfriou, é que a gente sente o ar-condicionado. Nunca durante o dia. E se tiver muita gente no vagão, fica insuportável”, reclama a vendedora Mayria Silva, moradora do Cabo e que usa o VLT todos os dias para ir ao Recife trabalhar.

A reportagem sentiu na pele o martírio diário de Mayria e de outros milhares de passageiros: nas duas viagens completas feitas pela equipe, a climatização não passava de um vento quente que soprava dos dutos do ar-condicionado. Por ter um volume menor de passageiros, se comparado ao metrô do Recife, o VLT é poupado de um dos maiores problemas do sistema da capital: a proliferação de vendedores ambulantes, muitas vezes invasivos e agressivos.

A duplicação da linha férrea continua paralisada desde que a Construtora Sam, responsável pela obra, abandonou os serviços, por falta de pagamento, no final de 2014. Ao longo do percurso é possível observar trilhos e dormentes (peças usadas para sustentar os trilhos) largados pelo chão, alguns já cobertos com vegetação. Alguns trechos de trilhos já colocados foram cobertos pela grama e em várias localidades as construções irregulares avançam perigosamente para a pista atualmente em operação. Uma complicação a mais para quando a obra for retomada. Em dois trechos, já no município do Cabo de Santo Agostinho, pode-se ver campos de futebol colocados ao lado da linha onde passa o VLT. Lixo também é artigo em abundância ao longo do percurso.

A implantação do VLT também deveria ser estendida ao Recife. No início de 2014 a prefeitura da cidade chegou a anunciar um audacioso plano para fazer um corredor de 13,4 quilômetros de extensão ligando o Terminal Integrado da Macaxeira, na Zona Norte, ao de Joana Bezerra, na área central, passando pela Avenida Norte. O custo do projeto: R$ 1,9 bilhão, provenientes de recursos liberados pela presidente Dilma Rousseff para a mobilidade urbana no Estado. A expectativa, ainda na época em que a crise não tinha batido à porta: as obras deveriam começar no segundo semestre de 2014, com duração de dois anos. A realidade, hoje: nada saiu do papel.

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