Os problemas no transporte coletivo em Goiânia e região metropolitana são motivos de protesto e revolta da população, que além de enfrentar a superlotação e demora dos veículos, tem que aguentar, diariamente, a falta de educação de alguns motoristas.
A estudante universitária Ana Júlia de Sousa Santos, de 18 anos, pega ônibus todo dia para ir à faculdade e tem que suportar o mau humor e a grosseria dos condutores, que tratam as pessoas com pouco caso. “Se a pessoa não entra rápido, eles não esperam, vão andando e também não respondem quando as pessoas pedem informações.”
A estudante relata que presenciou há algum tempo uma menina que estava tentando entrar no ônibus lotado, mas como estava muito cheio, desistiu e resolveu descer, e nessa hora o motorista acelerou. “Ele não esperou a menina descer e ela caiu no chão e machucou”, conta ela.
Rafael Marins, 22, auxiliar de fábrica, utiliza o transporte coletiva pelo menos três vezes por semana e também sempre presencia alguma situação de descaso. “Teve uma vez que eu estava muito atrasado e saí correndo para alcançar o ônibus. O motorista parou no ponto para pegar uma mulher e quando eu estava quase alcançado o veículo ele me viu e acelerou. A sorte foi que um homem que passava pelo local viu a situação e me deu carona até a próxima parada.”Para o aposentado Darci Dutra, 75, os idosos são discriminados e muitas vezes ignorados. “Tem condutor que tem preguiça de liberar a catraca pra gente, não tem paciência e não dá informações direito”.
Ana Júlia, que também utiliza a carteirinha e precisa esperar a liberação do motorista, acredita que eles deixam as pessoas aguardando. “Eles param no semáforo e a gente pede para liberar e eles fingem que não estão vendo, aí temos que ficar pendurados na catraca.”Márcia da Silva, 24, estudante, também tem histórias para contar. “Já tiveram várias situações em que pedi informação e não responderam”.
Em outra ocasião, às 22 horas, o motorista falou que ela teria que fazer toda a rota do ônibus e que não ia deixá-la no ponto e sim na rodoviária. Indignada, ela ameaçou denunciá-lo, e então ele parou o veículo e ela conseguiu ir para casa.
Estresse
O motorista Robson Oliveira, 30, trabalha neste segmento há 6 anos e admite que o trabalho é estressante e que raramente ele e os colegas de trabalho são educados. “O horário é curto, na falta de motoristas fazemos rotas que não conhecemos e acabamos não dando atenção. E o trânsito também contribuiu para o estresse, mas isso o passageiro não vê”, alega ele, que adianta que esses profissionais “não são mal educados, e sim, grosseiros.
”O presidente do Sindicato dos Coletivos, Carlos Alberto Luiz dos Santos, justifica que o problema maior é o estresse, pois tem motoristas que cumprem jornada de 11 horas por dia. “Existem ônibus manobra que começam a rodar duas horas da manhã, ou seja, eles têm que acordar antes das duas para iniciar a jornada, e encerram por volta de 16 horas. Sendo assim, quando usuário entra no veículo, no início da tarde o motorista tem a possibilidade de ser educado? Ficar sorrindo?”, questiona ele.
Fonte: O Hoje