Se a circulação nos maiores corredores viários está cada dia mais travada, no subúrbio, com ruas estreitas, ocupadas desordenadamente e sem qualquer controle do poder público, a situação é ainda pior. Placas de sinalização, por exemplo, não existem. O mais grave é que o estrangulamento repercute na operação dos ônibus. Há empresas que perdem entre 400 e 500 viagens, por mês, por causa dos congestionamentos na periferia.
E como ônibus em qualquer cidade é sinônimo de periferia, o problema é visto na maioria das 385 linhas em operação. Há casos pontuais, empresas que registram mais perdas, mas de forma geral todas sofrem. Até porque a maioria das linhas é radial – sai do subúrbio para o Centro. Para se ter ideia do quanto o transporte público está ligado ao subúrbio, o sistema do Grande Recife possui 81 miniterminais e todos estão na periferia. Dos 13 terminais integrados entre ônibus e metrô, dois ficam no entorno de feiras e mercados, como é o caso do TI de Cavaleiro, em Jaboatão, e de Afogados, na Zona Oeste do Recife.
Foto mostra a quantidade de ônibus parados
Além do aumento dos intervalos nas linhas e do tempo de viagem para quem está nos coletivos, os congestionamentos nas periferias geram, ainda, impacto econômico. E quem paga é a população que anda de ônibus. Um coletivo preso num congestionamento representa mais consumo de diesel, de hora trabalhada pelo motorista e cobrador e maior desgaste dos veículos. Mais custos são gerados, sem haver produtividade para gerar receita e compensá-lo, já que não entram passageiros nos ônibus. Eles apenas descem.
“Das 16 linhas que temos, apenas uma não sai da periferia. Dos 119 veículos, cem trafegam por vias estreitas de Nova Descoberta e Vasco da Gama (Zona Norte). Por causa dos congestionamentos, especialmente nos três quilômetros entre o Mercado de Nova Descoberta e a Ladeira do Visgueiro, que separa os dois bairros, perdemos uma média de 400 a 500 viagens por mês. Já tivemos veículos que levaram 30 minutos para percorrer apenas esse trajeto”, revela o diretor-executivo da Empresa Pedrosa, Antero Parahyba. O diretor elogia a preocupação do governo em priorizar os projetos para os grandes corredores viários, mas lembra que o subúrbio não pode ser esquecido, caso contrário, os ônibus não conseguirão alimentar os corredores para usufruir dos seus benefícios.
Fonte: Dep.Raul Jungmann