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Mais 22 ônibus são entregues para o BRT de Salvador

domingo, 25 de dezembro de 2022

Salvador recebeu 22 novos ônibus para rodar no BRT e deu início às obras do terminal de eletrocarga do sistema, que funcionará ao lado da Estação Rodoviária, nesta sexta-feira (23). Os detalhes foram apresentados em evento no Centro de Controle Operacional (CCO) BRT Salvador, na Avenida Barros. 

Os 22 novos ônibus adquiridos entrarão em operação após a entrega da estação Pituba, que está em fase final de obras e deverá ser inaugurada em janeiro de 2023. O prefeito Bruno Reis (União Brasil) explicou que agora a frota conta com 44 veículos e que esse investimento ajuda a enfrentar a crise no setor de transporte.

"Salvador avança para ser uma das capitais do Brasil com melhor desempenho em eletromobilidade, e esse investimento vem ajudar a enfrentar o desequilibro no sistema, principalmente por conta dos custos. Hoje a gente fica feliz por poder fazer uma entrega tão importante nesse momento de crise do transporte público no país", afirmou, o prefeito.
Bruno destacou ainda que o uso do transporte elétrico causa menos danos ao meio ambiente. "O pleno funcionamento do sistema prevê 210 ônibus, sendo 30% elétricos, o que reduz os gases do efeito estufa, não provocam ruídos e oferecem mais conforto. Salvador vem dando sua contribuição para ajudar no enfrentamento ao aquecimento global", finalizou.

Todos os novos ônibus têm ar condicionado. Eles estão no pátio da garagem do CCO, mas a previsão é de que entrem em operação em janeiro. Até a manhã desta sexta-feira, o sistema havia realizado cerca de 28 mil viagens, percorrendo 152 quilômetros, transportando 726 mil passageiros em velocidade média de 26 km/h.

O titular da Secretaria de Mobilidade (Semob), Fabrizzio Muller, explicou que dos 24 veículos entregue, nesta sexta-feira, 18 são a diesel e quatro elétricos.

“Quando a Estação Pituba for inaugurada, em janeiro, o tempo de operação será ampliado, hoje é das 6h às 22h, e vai passar a ser das 5h às 0h. Estamos com uma linha operando no BRT, com 12 ônibus. Quando a próxima estação for entregue o número de linhas também será ampliado”, afirmou.

Ele frisou que a cidade recebeu 170 novos ônibus em 2021, e mais 170 serão entregues até março de 2023. A meta da prefeitura é concluir todo o BRT até outubro de 2023.

Terminal
A Estação Rodoviária foi escolhida como local para instalar o terminal de eletrocarga por conta da alta demanda registrada nessa região. A estrutura será de uso exclusivo dos ônibus elétricos do modal e a prefeitura promete que será a maior do tipo no Brasil, tendo capacidade de carregar até 20 ônibus simultaneamente. A carga total de cada veículo leva cerca de três horas para ser concluída.

O gerente comercial da Eletra, empresa responsável pela tecnologia, Silvestre Sousa, explicou que após a implantação do terminal será realizado um período de 90 dias de operação assistida. A organização está desenvolvendo projetos similares em São Paulo (SP) e Vitória (ES), mas nessas cidades o processo para implantação ainda está em andamento.  

“O terminal permite que os ônibus façam seu comportamento dentro do próprio terminal, usando o horário do café e almoço do motorista para recarga. Assim, os ônibus não vão necessitar de muitas baterias, diminuindo o peso e aumentando a economia e a vida útil das baterias, usando o sistema de forma inteligente”, explicou.

Ele destacou também que os ônibus não precisarão se deslocar até uma das garagens para conseguir repor as baterias, como acontece com os modelos convencionais que precisam abastecer, economizando tempo, recursos e provocando menos danos ao meio ambiente. A previsão de conclusão do Terminal de Eletrocarga é maio de 2023.

Informações: Correio 24 Horas
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Jaime Lerner aprova o BRT de Salvador

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Transitar em Salvador não é tarefa fácil, parece que as ruas estão cada dia mais cheias. Com uma frota crescente de 700 mil veículos circulando na cidade, os engarrafamentos já fazem parte do cotidiano da população. Esse é um problema diário e um desafio para uma das cidades-sede da Copa do Mundo. O que se busca é a mobilidade urbana, para facilitar a fluidez no trânsito, evitar os engarrafamentos, oferecer segurança para veículos e pedestres, além de assegurar uma maior e melhor oferta de transporte. Uma das soluções é o Bus Rapid Transport (BRT), que será o carro-chefe do projeto de mobilidade urbana em Salvador.

O tema foi debatido ontem na palestra da Semana Nacional de Trânsito que aconteceu na Associação Comercial da Bahia, ministrada pelo arquiteto e urbanista Jaime Lerner. O evento contou com a presença do prefeito João Henrique, do presidente da Transalvador, Renato Araújo, do secretário da Secretaria de Infraestrutura e Transporte (Setin), Elvado Jorge, do diretor da Tribuna da Bahia, Walter Pinheiro, além de deputados, vereadores e representantes comunitários.

Autor de projetos de sucesso implantados em outras capitais do país e no mundo, Lerner foi governador do Paraná por dois mandatos e prefeito de Curitiba por três vezes. Além de consultor em urbanismo da Organização das Nações Unidas, tem entre suas soluções mais festejadas o sistema de ônibus expressos, adotado em mais de 100 cidades no mundo. Na apresentação, ele destacou a viabilidade de ideias como o Bus Rapid Transport (BRT) para resolver problemas de mobilidade em grandes cidades, projeto que já consta como uma das soluções para Salvador e faz parte do projeto da prefeitura - Salvador Capital Mundial.

O BRT, sistema de ônibus de alta capacidade promove um serviço rápido, com embarques e desembarques através de plataformas elevadas no mesmo nível dos veículos, sistema de pré-pagamento de tarifa, veículos de alta capacidade, modernos e com avançada tecnologias, transferência entre rotas sem incidência de custo; sinalização e informação ao usuário.

O projeto de Salvador prevê 20 quilômetros entre o Aeroporto e o Acesso Norte, que darão mais agilidade ao tráfego da capital, fazendo a ligação com o metrô.

“O transporte individual tem que se integrar ao transporte público. Não sou contra o automóvel, mas o ideal é que ele seja usado em menor escala na nossa rotina. O papel dos governos é garantir o transporte público para que diminua o uso dos carros. Tenho certeza que isso acontecerá em Salvador”, afirmou Lerner.

Conforme Lerner, 75% das emissões de carbono estão nas grandes cidades do mundo e desse total, a maior parte é proveniente dos automóveis. Jaime Lerner acredita que pequenas mudanças, como tornar o fluxo de ônibus mais rápido, podem mudar, de forma imediata, a qualidade de vida da população. “A qualidade do sistema de transporte está na rapidez com que ele funciona.

A implantação do BRT em Salvador, assim como em outras capitais, tem tudo para dar certo, para isso terá que ser operado de maneira eficiente. A qualidade vai estar na frequência do sistema, na rapidez que os ônibus vão transitar”, ressaltou o urbanista.

O fluxo desnecessário de veículos, para o urbanista, é um dos problemas das grandes metrópoles, segundo ele, se a maioria da população trabalhasse e morasse no mesmo bairro ou em regiões mais próximas, melhoraria o sistema viário.

“A estrutura da cidade tem que ser projetada com serviço, moradia e lazer juntos, evitando assim mobilidades desnecessárias. O transporte coletivo tem que oferecer conforto, segurança e rapidez para atender a todas as classes, assim as pessoas deixariam seus veículos em casa. Automóvel tem que ser usado para o lazer nos finais de semana”, enfatizou.

Soluções para o sistema viário
Com uma frota de veículos que cresce 0,6% ao mês, superando a média anual dos Estados Unidos e São Paulo, a capital baiana precisa de intervenções em caráter de urgência para resolver o caos nas vias. Além dos complexos e viadutos, a cidade anseia por projetos em planejamento urbano. O prefeito João Henrique disse que a adoção de medidas de choque de ordem, como o Decreto de Carga e Descarga é uma das medidas para a fluidez no trânsito de Salvador.

“Estamos travando na Justiça uma batalha para que prevaleça a vontade da maior parte da população com a volta da aplicação do decreto”.

O prefeito afirmou que nos próximos meses a administração municipal vai anunciar um pacote de ideias com soluções de curto, médio e longo prazo para o sistema viário de Salvador. Também entregou a Jaime Lerner uma cópia do projeto Salvador Capital do Futuro que prevê uma série de intervenções estruturantes na cidade, preparando-a para uma nova época.

“O sistema viário de uma cidade é seu centro nervoso, e numa capital que cresce na velocidade de Salvador, com 3 milhões de habitantes e 700 mil veículos circulando diariamente, esse é um tema que precisa ser debatido em busca de soluções para melhorar a mobilidade urbana”, destacou o prefeito.

Com referência à violência no trânsito, o prefeito apresentou números que mostram a redução. De 2004 para 2009, o número de casos de morte por acidente, por exemplo, caiu de 5,6 para 3,5, considerando 10 mil veículos.

Transporte – O BRT é um sistema de ônibus de alta capacidade que provê um serviço rápido, confortável, eficiente e de qualidade, utilizando os mais modernos sistemas de transporte urbano sobre trilhos.

Com corredores exclusivos ou com preferência para a circulação do transporte coletivo: embarques e desembarques rápidos, através de plataformas elevadas no mesmo nível dos veículos; sistema de pré-pagamento de tarifa; veículos de alta capacidade, modernos e com tecnologias mais limpas; transferência entre rotas sem incidência de custo; programação e controle rigorosos da operação; sinalização e informação ao usuário e com custo menor que o metrô.

Há ainda projetos de duplicação das avenidas Pinto de Aguiar e Gal Costa, para melhorar o acesso aos estádios de Pituaçu e Barradão, além da criação dos “corredores de transporte metropolitano de alta capacidade”, que nada mais são que vias exclusivas para ônibus, já existentes, mas sem funcionamento na prática por falta de fiscalização da Secretaria de Infraestrutura e Transporte (Setin).

Fonte: Sinduscon

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Em Salvador, Apenas 12% dos usuários usam integração com bilhete único

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Você sabia que pode estar perdendo quase um dia inteiro no trânsito todos os meses, sem necessidade? De acordo com dados da Secretaria de Mobilidade de Salvador (Semob), os passageiros do transporte coletivo poderiam reduzir o tempo de viagem até pela metade, em algumas linhas, se fizessem uso da integração, com o bilhete único. Ele permite que o usuário pegue dois ônibus, em duas horas, para chegar ao seu destino.
Foto: Raul Spinassé

Apesar do benefício, apenas 12% dos passageiros usam o serviço. O número equivale a 156 mil passageiros por dia. Em novembro do ano passado, esse número era ainda menor, somente 9% dos usuários aproveitavam o benefício. 

O titular da Semob, Fábio Mota, acredita que o aumento se deve às campanhas de conscientização realizadas pela prefeitura. “Estamos informando à população sobre a facilidade e os benefícios da integração. Essa é uma mudança cultural, mas aos poucos a população percebe a facilidade do serviço”, comentou.

Apesar do aumento, Salvador ainda está muito atrás de outras grandes cidades onde o serviço de integração é usado de forma mais intensa. Segundo o secretário,  49% da população, em São Paulo, usa o serviço, enquanto no Rio de Janeiro, 43% pegam mais de um coletivo para chegar ao destino diariamente.

Em dezembro de 2013, a prefeitura de Salvador ampliou o tempo de intervalo entre as viagens de 1h para 2h. Assim, basta o usuário pôr as passagens no cartão de bilhetagem e usar o serviço.

“Tenho até opção, mas pegar dois ônibus?! Não gosto, não. Prefiro esperar o meu mesmo. Demora uns 20 minutos, mas sempre saio cedo de casa”, afirmou a vendedora Débora Manaia, 29 anos, enquanto aguardava na Avenida Luís Eduardo Magalhães por um coletivo para o  Shopping Paralela.

Cultura
O cartão do bilhete único era vendido por R$ 7, mas desde a última segunda-feira começou a ser distribuído de forma gratuita, na Estação Pirajá (veja quadro ao lado). Para o secretário da Semob, no entanto, o que faz o soteropolitano resistir à integração não é a falta do cartão, mas um hábito cultural.

“O passageiro prefere esperar mais tempo por um ônibus do que pegar dois e chegar mais rápido. O cidadão está em Itapuã e precisa chegar na Ribeira, por exemplo. Ele pode pegar um ônibus para a Estação da Lapa e de lá pegar um para a Ribeira, mas insiste em esperar por um que faça o trajeto direto e que, na maioria das vezes, tem um tempo de espera muito maior”, exemplificou.

Para a assessora técnica do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Salvador (Setps), Ângela Levita, essa mudança é mesmo cultural. “Eu acho que (o não uso da integração) é mais um receio do passageiro de desembarcar do ônibus que ele já pegou, porque o hábito da nossa população é pagar um ônibus só para chegar no seu destino”, afirmou.

Para ela, mudar este  hábito do usuário do transporte público em Salvador é uma “quebra de paradigma” difícil de se conseguir.

A teoria é confirmada pelo eletricista André Luís Teles, 29 anos, que não é adepto da integração. “Eu prefiro pegar um ônibus só, mas quando demora, como  está demorando, tenho que pegar dois. Já estou aqui esperando há 40 minutos, então, o próximo que passar eu vou pegar”.

Alternativa
Para o secretário, as estações de transbordo são a melhor opção para fazer a integração, por conta do fluxo de veículos. “Nessas estações, o tempo de espera é bem menor porque elas recebem carros de todos os pontos da cidade. O trajeto até a estação é mais curto e de lá é mais rápido pegar um carro para o destino final”, disse.

Quem já usa o serviço, aprova. “Eu trabalho no Itaigara e moro em Tancredo Neves. Se fosse esperar pra ir direto, levaria mais de uma hora. Aí eu pego um de lá para o Iguatemi e daqui eu pego outro pro Itaigara. Às vezes, levo meia hora”, contou Fábio Carvalho, que durante a entrevista precisou correr para não perder o coletivo.

Por Clarissa Pacheco e Gil Santos
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Na Bahia, Cerca de 4,5 mil veículos fazem transporte de passageiros irregular nas estradas

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Quando a kombi licenciada da prefeitura de Uibaí, a 503 km de Salvador, quebrou há uma semana, o motorista Raimundo Carlos Fernandes de Souza, 58, foi convocado para conduzir 11 pessoas doentes que precisam fazer tratamento no Hospital Aristides Maltez. Detalhe: o transporte foi feito nesta quarta (4) numa van sem licença da Agerba, que regula o transporte público no estado, e sem tacógrafo – equipamento que registra a velocidade do veículo. O condutor sequer tem habilitação  para o serviço e foi autuado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
“Ele tem habilitação C (transporte de carga), mas é a D que o torna apto a levar mais de 10 passageiros. Isso acarreta riscos a quem está no carro”, afirmou o agente da PRF André Rodrigues no posto do órgão em Simões Filho.
O prefeito do município, Pedro Rocha, diz que houve falta de informação da Secretaria da Saúde. “Como esse motorista dirige a kombi aqui na cidade, o pessoal da secretaria achou que ele poderia dirigir esse tipo de veículo. Temos duas outras kombis que estão em viagem e tivemos que alugar o carro de um particular. Vamos pagar as multas (no total de R$ 704) e amanhã (hoje) mandarei uma kombi pegar os passageiros que ficaram em Salvador”, afirma.
Situações como essa não são isoladas. Na Bahia atuam 4,5 mil veículos clandestinos, segundo estimativa da Agerba, contra 3.350 ônibus e micro-ônibus licenciados para realizar o transporte intermunicipal. Somente entre janeiro e junho deste ano, o órgão autuou 1.661 ilegais.
Um dia após o acidente na BR-324 entre uma van clandestina e uma carreta que provocou 11 mortes, o CORREIO flagrou, em apenas 1h30, sete veículos cobrando pelo transporte de passageiros para o interior do estado, no trecho entre a saída da cidade e o posto da PRF.

Forma de atuação
Na Brasilgás, pouco antes de um ponto de ônibus, quem atua no local diz que diariamente ficam concentrados entre 20 e 30 clandestinos. “Era motorista de ônibus, mas há 13 anos fui demitido e, como não consegui emprego, comprei um carro e cobro R$ 25 por passageiro”, contou um clandestino. “Só saio com quatro para o destino. Muitos preferem carro porque, além de ser mais rápido, é mais confortável”, completa.
Ainda na região surge uma van com placa cinza, de veículo particular, e para em três pontos de ônibus até se aproximar do posto da PRF. Para escapar da fiscalização, porém, a van pega um atalho em Simões Filho e passa por uma rua atrás da PRF para sair alguns metros adiante e seguir para o destino. “Muitos fazem isso para escapar das blitze”, diz o agente Rodrigues.
E mesmo os veículos com documentos em dia e habilitação apropriada não podem parar em pontos na estrada.
Foi o caso de um motorista de uma cooperativa da região do Sisal. Ao ser abordado pela PRF, Marcone Carneiro, que levava em uma Splinter de placa JRN 3716 quatro passageiros para Conceição do Coité, a 210 km da capital, foi autuado por transporte ilegal.
“Não é porque ele é de cooperativa e tem uma licença da Agerba que pode sair pegando pessoas nos pontos de ônibus. A cooperativa só o autoriza a fretar o carro e levar os passageiros previamente contactados de um local para outro”, diz o policial. Os clientes de Marcone foram obrigados a deixar o veículo e ele foi multado em R$ 120 pela irregularidade e outros R$ 120 por ter o extintor de incêndio vencido.

Motivação
Clandestino há  12 anos, um motorista conta que consegue, em média, R$ 150 por dia. “Geralmente cobro entre R$ 25 e R$ 40 por pessoa”. Ele prefere não dizer quanto lucra, mas, calculando o valor sem contar os finais de semana, o condutor chega a faturar R$ 3 mil por mês. Quem fica na Brasilgás diz que os destinos mais procurados são Feira de Santana, Serrinha, Cachoeira e Conceição do Coité. “Mas o limite é o bolso do passageiro. Se pagar bem, posso levar ele até São Paulo, se quiser”, diz um motorista.
A clientela é fiel. Há pessoas que preferem ir até o local a tentar uma passagem na rodoviária. “Imagine sair de Mussurunga e pegar um engarrafamento danado para chegar na rodoviária e ainda pegar um ônibus que vai no pinga-pinga. Eu não gosto disso e por isso vou de particular”, ressalta a doméstica Silvana de Araújo.
Já o garçom Valney Moraes, 27, esperava um carro para ir a Feira de Santana e relata que só viaja em clandestinos indicados. “Já vim pra cá procurar um motorista certo. É de confiança. É mais rápido e mais seguro, porque o ônibus para em tudo que é lugar e pode ter assalto”, opina.

Os clandestinos garantem que o serviço nunca vai parar. “Só tem clandestino porque tem passageiro. Ninguém obriga a nos escolherem. Estamos em todos os lugares. Se a fiscalização apertar aqui, nos deslocamos para outro ponto”, informa um condutor de 42 anos que há 10 foi demitido da função em uma empresa de ônibus.
O diretor de fiscalização da Agerba, Guilherme Bonfim, afirma que coibir a prática é uma tarefa quase impossível. “Primeiro porque sempre há uma vazão. Você para um clandestino, outro passa por fora. Depois, não podemos fazer blitze o tempo todo porque causa engarrafamentos e prejudica a população. Além disso, eles sempre migram para outros pontos”, afirma.

Fiscalização de carros é mais difícil
Mais difícil ainda que fiscalizar as vans clandestinas é detectar o transporte irregular realizado por carros pequenos.  “Os ligeirinhos, como são chamados em alguns locais, são mais camuflados, pois os passageiros podem dizer que são parentes do condutor”, diz o diretor de fiscalização da Agerba, Guilherme Bonfim. Segundo a PRF, esses veículos costumam ter potência acima de 1.0.
Entre os modelos mais comuns, há opções para todos os gostos e bolsos. “Kadet, Monza e Tempra são carros velhos e que vemos muitos trafegando pela estrada com passageiros. Pelo tempo deles, sempre têm problemas de extintor e outras irregularidades. Mas entre os modelos mais novos são mais comuns para esse trabalho Doblô, Meriva e Zafira”, indica o agente da PRF André Rodrigues.
Já a Splinter, diz o policial, é o modelo mais comum de vans clandestinas. “Geralmente esses veículos têm mais problema de documentação do que de itens de segurança e peças, como os carros”. Quem atua na região da Brasilgás como clandestino garante que a tarifa de carro pequeno é maior que a de uma van. “Pelo conforto e rapidez. E ainda quem tem carro leva menos gente e tem que compensar na tarifa”, explica um motorista.

Agerba promete licitar 100 linhas até o final do anoNenhuma van nem carro pode fazer transporte de passageiros com paradas em pontos. “Nem as cooperativas. Elas atuam fretando o transporte com um grupo de pessoas previamente agendado”, explica o diretor de fiscalização da Agerba, Guilherme Bonfim.
Com vistas a regular esse tipo de transporte, a Agerba promete licitar até o final do ano 100 linhas em trechos em que as empresas de ônibus convencionais não estão interessadas em operar. “Isso trata de uma questão social para minimizar a falta de transporte público em alguns locais e ainda ajudar quem está sem trabalho”, explica o diretor de fiscalização da Agerba, Guilherme Bonfim.
Para concorrer à licitação, explica o diretor, será necessário que o condutor tenha habilitação tipo D e  um veículo com capacidade para no mínimo nove passageiros. “Empresas não poderão concorrer e o raio de atuação das vans será de 150 quilômetros. Esses veículos serão vistoriados, os motoristas vão pagar taxas e ainda obter o Certificado de Autorização de Tráfego (CAT)”, explica.
O diretor da Agerba relata ainda que haverá entre 10 e 15 vans por trecho licitado e ganha quem oferecer a menor tarifa. “Custará menos ao passageiro que o preço de um ônibus convencional. A primeira linha a operar será entre Santo Estevão/Feira de Santana. Só resta assinar o contrato e em breve estará funcionando”.
No Sudoeste, a região de Guanambi também será beneficiada e entre Senhor do Bonfim e Juazeiro está prevista uma licitação, avisa Bonfim.  “Mas carro pequeno não. Alguns clandestinos podem até reclamar, mas isso não será possível por questões de segurança e comodidade do passageiro”, avisa.

Vans usadas por falta de ônibus
Os passageiros que viajam em vans e carros clandestinos destacam que fazem isso por falta de opção. “A gente sabe que é ilegal, mas não tem jeito. Temos aqui apenas cinco opções de horários da Santana, única empresa regulamentada pela Agerba”, declara Sandra Rosa Santos, moradora de Saubara, cidade do Recôncavo de onde partiu a van que se acidentou na BR-324.
Segundo ela, os horários disponíveis para Salvador são 5h, 8h20, 13h40 e 15h20, isso de segunda a sexta-feira. Nos finais de semana, há redução da frota para os horários de 7h, 15h40 e 18h. “Quem precisa estar 7h em Salvador pega o ‘ligeirinho’ de 4h30, que às 6h30 já está na rodoviária de Salvador. Se for de ônibus, chega entre 7h30 e 7h50”, explica Sandra.
A competição é pela captação de passageiros, explica Clodoaldo Bezerra, comerciante de Saubara. “As vans ficam posicionadas às 4h nas proximidades da rodoviária da cidade. Meia hora antes de o ônibus partir para Salvador, as vans passam nos pontos e fazem a limpa. Elas só saem daqui lotadas. É comum o pessoal viajar em pé”, conta. Além das vans, carros particulares também fazem o trajeto Saubara-Salvador. “Uno, Palio, Gol e até Fiorino já vi carregar gente na caçamba”, relata.

Morre 11ª vítima

Morreu na tarde desta quarta-feira (4), a 11ª vítima do acidente envolvendo uma van que fazia transporte clandestino de passageiros e uma carreta no início da manhã de ontem na BR-324, na altura da cidade de Candeias, na Região Metropolitana de Salvador.
Segundo a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), Jackson Alves dos Santos, de 24 anos, que estava internado no Hospital Geral do Estado (HGE), morreu por volta das 14h30. Bartolomeu de Jesus Santos, de 35 anos, que também estava no HGE, recebeu alta. Três pessoas continuam internadas, duas delas no Hospital do Subúrbio e outra no HGE.

Com informações do repórter Bruno Wendel
Fonte: Ibahia.com


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Metrô de Salvador transporta 20 mil pessoas por dia

domingo, 17 de janeiro de 2016

O vigilante Jaílson Barreto, de 32 anos, mora em Cajazeiras e trabalha no Centro de Salvador. Até dezembro, ele pegava um ônibus para a estação Bom Juá do metrô, de onde seguia até a Lapa. Após a cobrança do sistema metroviário, desde o último dia 2, ele faz todo o trajeto  de ônibus.
"Teria que pagar duas passagens, porque as linhas de Cajazeiras ainda não estão integradas. Demora, mas é mais barato", conta ele.
Joa Souza l Ag. A TARDE
Casos como este, aliados a outros fatores apontados pela CCR Metrô Bahia, que administra o sistema, resultaram em queda no número de usuários em cerca de 30% neste mês, até a última quinta-feira, em comparação ao mesmo período de 2014.

Inicialmente, a integração entre os sistemas conta com dez linhas de ônibus urbanos e sete metropolitanos. A tarifa é R$ 3,30, a mesma dos ônibus urbanos.

Entre  2 e 14 deste mês, foram transportadas cerca de 170 mil pessoas, segundo a empresa. A CCR considera este período do ano atípico devido às férias, o que ainda fez cair a média diária de usuários do metrô.

O sistema fechou dezembro de 2014 com 55 mil passageiros por dia, média reduzida para 20 mil neste mês. A CCR pondera que, em dezembro, o fluxo foi mais alto devido às compras natalinas, que atraíram  consumidores ao Centro.

Outubro de 2014, por exemplo, teve média de 45 mil pessoas por dia (18% menor em relação a dezembro). Além disso, em janeiro, o sistema já costuma apresentar volume menor de passageiros. No ano passado, a média diária neste mês foi em torno de 25 mil pessoas.

A redução já era prevista. Em entrevista ao A TARDE, no último dia 2, quando a cobrança começou, o presidente da CCR, Luis Valença, explicou que a previsão se dava por conta da mudança na rotina das pessoas, antes acostumadas  à gratuidade.

Integração
Se para Jaílson Barreto a cobrança trouxe limitações, para a promotora de vendas Nilzete Fonseca, 42, não houve mudanças: "Pego o metrô em Brotas e, na Lapa, um ônibus para o Chame-Chame, pagando  uma passagem, como  antes. Mudou foi quando o metrô funcionou, porque agora chego mais rápido ao trabalho", diz.

Já a vendedora Daniela Lima ainda tem limitações. Para chegar ao trabalho, ela pega um ônibus em Sete de Abril e segue para a estação de Bom Juá do metrô, sem usar a integração. De lá, vai até a Lapa, onde pega um ônibus para a Barra, usando a integração: "Tenho que pagar o primeiro ônibus, pois a linha não está integrada".

A empresa em que Daniela trabalha só fornece o cartão vale-transporte para o ônibus. "Para usar a integração, tenho que tirar do meu bolso. Espero que o bilhete único chegue logo", diz.

Por enquanto, três terminais do metrô fazem a integração com ônibus: Bom Juá, Acesso Norte e Lapa. A discussão da ampliação está com a Comissão de Mobilidade, formada por integrantes do governo estadual, prefeitura, empresas de ônibus urbanos e metropolitanos, além da CCR.

O prazo  para debates é até abril, quando a estação Pirajá do metrô entra em operação comercial. O governador Rui Costa e o secretário de Mobilidade de Salvador, Fábio Mota, já afirmaram que a integração  será gradual.

Por Luan Santos
Informações: A Tarde


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Ônibus em Salvador terão controle de passageiros com verificação de digitais

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O sistema de identificação biométrica no Sistema de Transporte  Coletivo por ônibus da capital baiana começou a ser usado pelos estudantes que utilizam o Salvador Card nesta segunda-feira (18). Contudo, muita gente foi pega de surpresa e reclamou da lentidão do sistema. Alguns estudantes tiveram até que usar a porta da frente pare seguir viagem.

Em alguns casos, como o do estudante Paulo Henrique Amorim, 16, houve erro na leitura do cartão, e o estudante foi impedido de passar pela catraca. “A informação dada foi que houve falha no sistema. Então o cobrador pediu que eu entrasse no ônibus pela porta da frente”, informou Paulo.

Em situações de erro na leitura do cartão, o cobrador é orientado a liberar a passagem do estudante. “O cobrador tem um cartão que, quando dá falha no sistema, permite que a catraca seja liberada e o estudante utilize o ônibus”, explicou o motorista Flávio de Jesus, 53, que faz a linha Nordeste-Lapa, pela empresa Verde Mar.

A universitária Carolina Veiga, 26, informou que suas digitais já haviam sido pedidas no ano passado. “Até então, foi a única vez que precisei utilizar o sistema. Já nessa segunda, todos os três ônibus que peguei pediram minha digital. Não sabia que já tinha começado, mas comigo foi tranquilo. Não houve problema”, disse.

Assim como Carolina, muitas pessoas reclamaram da falta de informação. Como a dona de casa Antônia Moura, 46, que saiu de casa com o cartão da filha. “Eu não sabia que já começaria hoje. Uso o cartão do meu filho porque ele estuda perto de casa, e eu preciso para trabalhar. Eles estão pegando a população de surpresa. Sem informação nenhuma” reclamou.

Um ônibus que faz linha Parque São Cristovão/Barroquinha, da empresa Rio Vermelho, teve todo o sistema de Salvador Card congelado, após a tentativa de uso do sistema de identificação biométrica. A informação foi da assistente social Fernanda Vieira, 32. “O motorista pediu que o rapaz colocasse o dedo para a identificação. Logo depois, o cobrador informou ao motorista que não era para abrir a porta do fundo, porque o sistema tinha congelado, e não tinha como registrar outras passagens”, contou Fernanda. Segundo ela, o cobrador solicitou que o rapaz entrasse pela porta da frente.

De acordo com informações do subsecretário da Secretaria Municipal de Urbanismo e Transporte (Semut), Orlando Santos, o congelamento no sistema do Salvador Card do ônibus onde estava Fernanda não tem relação com o sistema de identificação biométrica.
“Trata-se de uma coincidência. O congelamento ocorre quando acontece uma pane em todo o sistema, e o ônibus não aceita nenhum Salvador Card, nem vale-transporte, nem bilhete avulso. Em casos assim, só resta que a viagem seja concluída com os passageiros que já estão no ônibus. Na garagem, o ônibus é substituído”, explicou Orlando.

De acordo com o secretário da Semut, todas as linhas de ônibus já estão habilitadas com a identificação digital. Segundo ele, foi amplamente divulgado que os soteropolitanos começariam a utilizar o sistema de identificação neste mês.
“O teste já vinha sendo feito desde o final do ano passado, mas ainda não havia sido feito o regulamento. A notícia que começaria no dia 18 deste mês, e a informação do carregamento do Salvador Card através da internet, foram divulgadas juntas”, esclareceu Orlando Santos.

Neste início, os cobradores estão informados que, em caso de erro na leitura, a catraca pode ser liberada. ”Isso porque os bancos de dados das digitais serão checados”,  informa Orlando. De acordo com ele, quando o estudante passa e dá erro na leitura, essa nova leitura vai para um banco de dados e, posteriormente, será checada com o banco de dados das digitais que já haviam sido cadastradas.
“Se for algum erro na identificação, como se um estudante que fez um trabalho e ficou cola no dedo, a digital será salva e analisada. Caso seja constatado que a digital usada no ônibus não tem nenhuma semelhança com a já registrada, o dono do cartão será chamado para esclarecimentos”, explicou o subsecretário da Semut. 

Informações: Tribuna da Bahia


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Em busca da mobilidade verde, cidades investem em ônibus elétricos

sexta-feira, 24 de maio de 2024

O cumprimento das metas de descarbonização dos países passa também pelo esforço das cidades, algumas delas com metas próprias de redução de emissões. Faz parte desses esforços a busca de uma mobilidade urbana mais verde, o que inclui iniciativas de eletrificação da frota. Em algumas capitais do Brasil, a ambição inclui uma frota 100% sustentável já em 2050, embora ainda sejam poucos os municípios com planos concretos de descarbonização. Agora, o segmento se prepara para uma nova fase de estímulo com o programa Mover, que, embora ainda dependa do aval do Congresso, pretende estimular a produção de veículos movidos à eletricidade com a criação de diversos incentivos financeiros e de linhas de financiamento.

O primeiro passo ocorreu recentemente com o anúncio do BNDES de que financiará, com recursos do Fundo Clima e do FAT, a renovação da frota de ônibus em municípios brasileiros. Ao todo, serão investidos R$ 4,5 bilhões para aquisição de 1.034 ônibus elétricos e 1.149 ônibus Euro 6, tecnologia que permite menor volume de emissão. Até agora, já foram selecionados projetos em oito municípios de 5 estados. Por se tratar de projetos novos que ainda serão analisados pelo banco, e por conta das eleições municipais, os desembolsos devem começar no fim deste ano e serão concentrados em 2025. A transição energética e a busca por recursos para reduzir o aquecimento global são algumas das prioridades do Brasil durante sua presidência do G20.

Segundo Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, as cidades têm se esforçado para adotar ônibus elétricos em sua matriz, mas lembra que há uma série de desafios para o crescimento de uma matriz de transporte mais limpa nos próximos anos. Ela cita aspectos relacionados ao dimensionamento da infraestrutura de recarga para baterias, rede elétrica e limitações de autonomia em itinerários longos. Cita ainda as questões financeiras:

— Os ônibus elétricos são 3,5 vezes mais caros que os movidos a diesel. Há ausência do valor de revenda, além de requisitos envolvendo a governança e saúde financeira para operadores e municípios. Assim, as cidades têm um grande desafio, mas, além do impacto climático, investir em transporte coletivo gera benefícios adicionais relacionados a aspectos sociais, econômicos e ambientais — diz Luciana.

No Rio, VLT já é 100% elétrico

Entre as cidades, começam a emergir projetos em diferentes frentes. No Rio de Janeiro, onde o VLT (sistema de Veículo Leve Sobre Trilhos) já é 100% elétrico, mais da metade dos novos ônibus adquiridos recentemente para o BRT contam baixa redução de emissão de gases poluentes. Em abril, a prefeitura lançou um edital para transporte aquaviário 100% elétrico entre os aeroportos do Galeão e Santos Dumont, em um projeto que vai consumir R$ 106 milhões. Em paralelo, a Prefeitura do Rio é a primeira cidade da América Latina a utilizar fontes limpas e renováveis no mercado livre de energia, para abastecer os prédios da administração municipal. Em nota, a prefeitura disse que as ações fazem parte do Plano de Desenvolvimento Sustentável e Ação Climática da Cidade do Rio para se adequar as metas do Acordo de Paris.

Outras cidades também vem acelerando seus projetos com o apoio de financiamento no BNDES. Para José Luis Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, a eletrificação das frotas de ônibus elétricos é um dos temas prioritários do banco:

— Em 2023, foi aprovada operação de R$ 2,5 bilhões para o município de São Paulo viabilizando que os novos ônibus comprados pelos operadores da concessão sejam veículos elétricos. Há outras ações em andamento, como o financiamento ao primeiro BRT elétrico do Brasil, na região do ABC paulista, além de estudos para inserção de ônibus elétricos nas cidades de Curitiba e Salvador, realizados em parceria com o banco alemão de desenvolvimento KfW, e a estruturação da nova concessão de ônibus da Rede Integrada de Transporte de Curitiba com vistas à eletromobilidade — exemplifica Gordon.

Assim, a cidade de São Paulo já obteve um total de R$ 6 bilhões para viabilizar a aquisição de ônibus elétricos para a modernização da frota em operações de crédito com o Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco do Brasil, Caixa, além do BNDES. Segundo a prefeitura, a meta de substituição da frota de ônibus da cidade por modelos movidos a energia limpa é de 20% até o fim de 2024. Hoje, dos 12.019 veículos em operação na maior capital do país, 380 veículos são elétricos, dos quais 179 são movidos à bateria e 201 são bondinhos, que contam com dois cabos na parte superior que fornecem energia elétrica. “Os ônibus estão sendo entregues de acordo com a capacidade produtiva dos fabricantes envolvidos na construção de um ônibus elétrico, que envolve chassis, carroceria, baterias e outros elementos”, disse a prefeitura em nota.

Curitiba: 54 ônibus elétricos nas ruas até agosto

Já em Curitiba os primeiros ônibus elétricos começam a circular até agosto deste ano. Nessa primeira aquisição serão 54 veículos, que fazem parte do projeto de eletromobilidade do transporte público da cidade e contam com R$ 380 milhões em investimentos. Segundo Ogeny Pedro Maia Neto, presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs), que gerencia do transporte coletivo na capital, o novo modelo de concessão vai contemplar, já na sua origem, a prioridade de redução de emissão de gases do efeito estufa com mudança na matriz energética, o que traz também segurança jurídica. Destaca ainda que os primeiros ônibus elétricos serão carregados nas garagens das empresas de ônibus, mas em uma segunda etapa será criada uma rede de recarga tanto nas garagens como o desenvolvimento de estruturas em pontos estratégicos da cidade.

— A compra dos primeiros ônibus elétricos está alinhada ao compromisso de Curitiba em se tornar neutra em emissões e resiliente aos riscos climáticos até 2050. A meta é que até 2030, 33% da frota de ônibus da capital seja zero emissões, percentual que deve alcançar 100% até 2050. A eletrificação da frota das cidades é um passo importante para tornar as cidades mais sustentáveis. Em 2023, iniciamos os primeiros testes com a tecnologia. Até agora, já foram testados sete veículos elétricos da Eletra, Volvo, Marcopolo e BYD. Até o fim do semestre, devem entrar em teste Volkswagen e Ankai e, no segundo semestre, Mercedes Benz e Higer. O edital de chamamento para testes de ônibus elétricos foi prorrogado até março de 2026 — afirma Neto. 

Informações: O Globo
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Tarifa de ônibus em Salvador vai a R$ 2,80 e vira a quinta mais cara do Brasil

sábado, 2 de junho de 2012

A partir de 0h desta segunda-feira, os soteropolitanos vão pagar R$ 2,80 pela tarifa de ônibus. Nesta sexta (1º), a prefeitura anunciou o índice de reajuste na tarifa de 12%. Com o aumento de R$ 0,30, Salvador passa a ocupar o quinto lugar no ranking nacional das passagens mais caras entre as capitais do Brasil.

O percentual foi definido após estudos feitos por técnicos da prefeitura. Segundo o secretário municipal de Transportes e Infraestrutura, José Mattos, o reajuste levou em conta os cálculos do empresariado, que reclamava de defasagem no preço da tarifa.  “Tem 18 meses que não concedemos aumento, mas houve dois aumentos de salário da categoria nesse período”, justificou.

Depois de quatro dias de análise, os técnicos chegaram a conclusão que o aumento de R$ 0,30 seria, segundo o secretário, “o de menor impacto para a população”. O pedido de reajuste foi feito pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Salvador (Setps), logo após o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) ter concedido, dia 25, um aumento salarial de 7,5% aos rodoviários em greve e determinado pagamento de benefícios, como o quinquênio, e elevação no valor do tíquete refeição. Contudo, o valor pedido pelo Setps foi R$ 3,15.

“Não tínhamos como deixar de repassar para a tarifa, porque senão aconteceria o que ocorreu no passado, que é aquela dívida que a Prefeitura tem, através de uma ação do Setps, que já está transitado em julgado e não cabe mais recurso”, emendou Mattos, referindo-se à dívida no valor de R$ 600 milhões. Ainda segundo Mattos, o montante é relativo a desequilíbrios tarifários computados de 1997 a 2005.

O próximo reajuste da tarifa está previsto para dezembro de 2013 e constará no edital de licitação que a prefeitura vai abrir em junho, para efetivar contratos de concessão no serviço de transporte público da capital. Atualmente, as empresas de ônibus são permissionárias. “Hoje, não temos contrato formal, onde podemos efetivamente exigir determinadas ações. Mas só posso lançar o edital após a solução da dívida de R$ 600 milhões”, complementou o secretário.

De acordo com Mattos, o edital vai proibir, a partir de janeiro de 2013, as gratuidades não previstas na lei. “É inconcebível ter oficial de justiça, carteiros e PMs utilizando sem pagar”, disse. O secretário afirmou que pretende ainda apurar a quantidade de deficientes físicos que utilizam o transporte.
“Temos uma média de 33,3 mil passagens de deficientes físicos por mês. Mas não parece que é isso na realidade. Tudo isso impacta no valor da tarifa”, finalizou. O CORREIO procurou o superintendente do Setps, Horácio Brasil, para comentar o aumento, mas ele não foi localizado.

Salvador ultrapassa BH e Rio
Com o aumento anunciado ontem pela prefeitura, Salvador será a quinta capital com a tarifa de ônibus mais cara do país, atrás  apenas de São Paulo (R$ 3), Florianópolis (R$ 2,90), Porto Alegre (R$ 2,85) e Campo Grande (2,85). O reajuste fez Salvador ultrapassar, no ranking, sete capitais. Entre elas,  Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba (veja ao lado quadro comparativo).

Em relação ao Nordeste, Salvador já ocupava o primeiro lugar no pódio da carestia, mas ampliou ainda mais a diferença para a segunda colocada, Maceió, cuja tarifa foi aumentada para R$ 2,10 em fevereiro deste ano. Em comparação com outras capitais nordestinas de tamanho semelhante, o valor da tarifa em Salvador é R$ 0,65 maior que a de Recife, e R$ 0,80 que a de Fortaleza.

Contudo, o sistema de transportes públicos urbanos da capital é alvo constante de críticas de usuários, devido a problemas como frota envelhecida, baixa quantidade de veículos (2.446) e atrasos de linhas. Apesar das queixas, o secretário municipal de Transporte e Infraestrutura, José Mattos, disse que, para reduzir o impacto do aumento, até a Copa de 2014 serão renovados mil ônibus.

Está previsto ainda aumento no número de ônibus adaptados para deficientes físicos para 70% da frota. “A integração tarifária, que antes tinha tolerância de uma hora para pegar outro ônibus, passará a ser de duas horas”, salientou. Questionado se o aumento corresponde à qualidade do serviço oferecido, Mattos disse que o problema é de serviço público: “Como cidadão, vou dizer sempre que não vale. Como vou dizer também que a tarifa da energia não vale a pena, porque temos problemas constantes de queda de energia, como a água também tem”.


Fonte: Correio 24 Horas

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Licitação para BRT em Salvador sai em julho e recursos estão garantidos

quinta-feira, 23 de junho de 2016

O dinheiro para o pontapé inicial das obras do BRT (transporte rápido em vias exclusivas) de Salvador já está disponível. Falta apenas se definir o processo de licitação, previsto para o próximo mês, que vai permitir o início das obras, prevista na sua primeira fase, para ser concluída em 24 meses após a assinatura dos contratos. R$ 400 milhões é o custo previsto para a primeira etapa do projeto.

Mas se depender do aporte de recurso e da disposição da Prefeitura, elas começam imediatamente, uma vez que além dos R$ 300 milhões já assegurados  anteriormente pelo município, mediante empréstimo junto à Caixa Econômica Federal (CEF), outros R$ 105 milhões foram assegurados pelo Governo federal, mediante contrapartida, para que o projeto do BRT finalmente saia do papel.

A primeira etapa do BRT deverá começar com intervenções na infraestrutura urbana, que incluem viadutos, elevados, vias exclusivas por onde trafegarão os ônibus especiais, e  remodelagem do sistema de drenagem e saneamento da região que compreende  a região da Estação da  Lapa, passando pela avenida Vasco da Gama e Lucaia (Rio Vermelho) até a região do Iguatemi.

Os recursos  foram confirmados desde o final de semana passada, quando o prefeito ACM Neto recebeu o aval da Caixa para a liberação de R$ 108 milhões para o projeto na sua primeira etapa.Anteriormente outros R$ 300 milhões já  tinham sido assegurados pela CEF. A Prefeitura, conforme confirmou o secretário municipal de Mobilidade urbana (Semob), Fábio Mota, já tem toda a documentação pronta que garante a realização da licitação. “Inicialmente vamos realizar as obras estruturais no percurso de 8,7 quilômetros até a região do Iguatemi, com viadutos, elevados e sistema de drenagem”, disse Mota.

Em duas etapas
O secretário Fábio Mota disse que a licitação deverá ser feita em Regime Diferenciado de Contratações – RDC,  modalidade instituída pelo Governo Federal na época da Copa do Mundo, como forma de ampliar a eficiência nas contratações públicas e aumentar a competitividade entre as empresas interessadas. O RDC foi instituído pela Lei nº 12.462, de 2011, regulamentado pelo  Decreto nº 7.581 de 2011.

Numa primeira etapa o RDC consiste no cadastramento eletrônico de propostas feitas pelas empresas que participam da licitação, quando são classificadas para a etapa subseqüente, as três melhores propostas, que incluem menor preço e prazo.  Numa segunda etapa da licitação, com processo aberto, são feitos as ofertas de preços, prazos e condições de execução da obra.

O secretário de Mobilidade Urbana de Salvador explica que por essas razões não se pode antecipar quaisquer informações, a não ser a garantia dos recursos e o início do processo de licitação. Ele disse ainda que as intervenções estruturais constam de elevados na região do Lucaia (cruzamento entre as avenidas Vasco da Gama, Garibaldi e Juracy Magalhães) e um complexo de viadutos na área próxima ao parque da Cidade e elevados na região do Iguatemi.

Pelo projeto da Prefeitura, o BRT terá extensão de 8,7 quilômetros, entre a Estação da Lapa até a ligação Iguatemi Paralela (LIP), com o uso de vias exclusivas de trânsito, feitos em ônibus articulados e climatizados, com tempo estimado em 16 minutos. Para que os usuários possam utilizar outros sistemas de transportes, serão construídas oito estações de transbordos: Dique, Ogunjá, HGE, Rio Vermelho, Lucaia, ACM, Hiperposto e Iguatemi.

Os ônibus irão trafegar em corredor com faixa exclusiva, que eliminam retornos e semáforos, facilitando o fluxo de veículos.

Intervenção em Feira de Santana
Em Feira de Santana, segunda maior cidade do Estado, a 104 quilômetros de Salvador, as obras já estão em andamento. Mas em Salvador, a população apenas ouviu falar do BRT, mas a única lembrança que tem é a dos antigos ônibus articulados que rodaram na via exclusiva do antigo projeto Transporte de Massa de Salvador (TMS), em 1987, com vias exclusivas nas avenidas Bonocô e Vasco da  Gama, e que serviriam de base para VLT, na gestão do ex-prefeito Mário Kertezs.

O BRT (Bus Rapid Transit), ou Transporte Rápido por Ônibus, é um sistema de transporte coletivo de passageiros, criado em 1974, e que utiliza uma infraestrutura urbana própria, com via exclusiva de tráfego e um tipo de veículo de alta capacidade, como  , que geralmente possuem diversas portas para acelerar a entrada e saída dos passageiros. A principal característica é que esses veículos trafegam em corredores próprios, no centro das avenidas com,o forma de evitar os congestionamentos no trânsito.

No Brasil a primeira cidade a implantar o BRT foi Curitiba, no Paraná, seguidas de Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte , Brasília, Recife, Fortaleza, Uberaba, Uberlândia , Goiânia, e agora no Rio de Janeiro, e com projeto em andamento em Belém. Na Bahia a primeira cidade a implantar o serviço é Feira de Santana, cuja obra  tem uma extensão de 4,5 quilômetros  e requer investimentos de R$ 87 milhões, devendo entrar em operação em 2017. Em Salvador, as obras deverão ser iniciadas em 2017.

O sistema de transporte coletivo de Curitiba, que tem pouco mais de 1,7 milhão de habitantes,  é integrado ao sistema viário e ao uso do solo. Ele é formado por linhas expressas, alimentadoras, inter bairros e diretas. Atualmente mais de dois milhões de passageiros utilizam diariamente o Sistema Integrado de Transporte Coletivo, que é composto por 1.980 ônibus atendendo 395 linhas. 

por Adilson Fonseca
Informações: Tribuna da Bahia
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Capitais com preço da passagem semelhante a Belém têm ônibus com ar-condicionado

quinta-feira, 30 de setembro de 2021


O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém (Setransbel) quer aumentar o preço da passagem de ônibus em Belém, que atualmente custa R$ 3,60, para R$ 4,87. A proposta foi enviada na última terça-feira (23) para a Superintendência de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) e deixaria o bolso do belenense R$1,27 mais leve a cada trajeto, já que não há integração ou sistema de bilhete único na capital.

O aumento pedido pelos empresários, caso atendido, representaria um gasto mensal de R$ 214,28 para um trabalhador que pega dois ônibus por dia, ida e volta, para chegar até o emprego. Valor que representa 20,47% do salário mínimo atual estabelecido por lei no Brasil, que é de R$ 1.100. Para quem pega quatro ônibus por dia, o valor mensal, para quem trabalha de segunda a sexta, seria de R$ 428,56. Já quem trabalha de segunda a sábado gastaria 506,48 reais, 46% da renda mensal de quem ganha um salário mínimo.

Porto Alegre

Por aproximadamente o mesmo preço, R$4,80, Porto Alegre opera um sistema com aplicativo para localização em tempo real, com horários estimados por GPS, o que facilita o planejamento de quem depende do transporte público e precisa se organizar ao longo do dia.

Além disso, 47% da frota da capital gaúcha é climatizada, apesar da temperatura média da cidade oscilar entre 23 e 13 graus celsius em setembro. Há ainda um sistema de reconhecimento facial em 100% dos veículos e 91,4% dos veículos possuem instalação de plataforma elevatória.

O sistema também conta com bilhetagem eletrônica e atualmente é gerido no modelo de sociedade mista com controle acionário da prefeitura de Porto Alegre.

A cidade possui 1.492.530 milhão de habitantes, enquanto Belém possui 1,506,420 milhão de moradores. Porto Alegre, porém, tem um Produto Interno Bruto per capita acima de R$ 52 mil, mais que o dobro de Belém, com aproximadamente R$ 21 mil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística colhidos em 2018.

No momento, a recém-desestatizada Carris, que controla o transporte na capital gaúcha, pleiteia um aumento para R$5,05.

Caso a tarifa de ônibus em Belém seja estabelecida em R$4,87, conforme desejo do Setransbel, antes de um aumento ocorrer em Porto Alegre, a capital paraense assumirá a vice-liderança na lista das capitais com passagens de ônibus mais cara do Brasil, atrás somente de Brasília, que cobra R$5, mas com 100% de gratuidade para estudantes.

Além disso, Belém seguiria sem desfrutar de benefícios similares em relação às duas cidades e diversas outras vantagens já são realidade em outras cidades brasileiras, como o bilhete único (disponível para os moradores de São Paulo que pagam R$4,40) ou da integração entre modais diferentes (realizada em Fortaleza por R$3,60).

Justificativas

Em comunicado, o sindicato afirma que o último reajuste no valor foi realizado em 2019 e argumenta que o salário dos rodoviários e preço do diesel aumentaram de lá para cá.

A nota enviada para a reportagem argumenta que a capital paraense tem a segunda menor tarifa dentre todas as cidades do Brasil, mas a afirmação abre espaço para interpretações, pois o valor é único para qualquer trajeto em qualquer ônibus apenas uma vez, o que não ocorre na maioria das capitais brasileiras.

São Luís possui tarifa de R$3,20 para linhas não integradas, por exemplo, e de R$3,70 para linhas integradas, enquanto Recife conta com um sistema que permite baldeações para troca de veículo sem cobrança de uma nova passagem por R$3,75. Em Belém, dois trajetos custam R$7,20, sempre. 

Além disso, na capital pernambucana, os usuários podem pagar apenas metade da tarifa fora dos horários de pico - 9h às 11h e 13h30 às 15h30. Já Maceió, que cobrava R$3,65, passou a cobrar R$3,35 neste ano - ou seja, promoveu uma redução na tarifa mesmo diante dos revezes da pandemia de covid-19.

"O Sindicato esclarece, ainda, que o preço da passagem é calculado em função dos diversos custos envolvidos e quantidade de passageiros pagantes. Hoje, 25% dos usuários são de gratuidades, em uma realidade onde quase 50% da receita é para pagar os funcionários e 30% para ser investido em combustível e manutenções necessárias", afirma a entidade.

Prefeitura

Já a prefeitura de Belém afirma que estudos estão sendo realizados de acordo com a legislação em vigor e “no mais estrito interesse público, tendo em conta o período prolongado de pandemia da covid-19 e de crise econômica e social que o país atravessa. Além da necessária melhoria na qualidade do transporte público em Belém”.

Para que haja reajuste da tarifa de ônibus em Belém, a proposta precisa ser debatida no Conselho Municipal de Transporte.

Além do Setransbel e da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana fazem parte do Conselho o Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese) e o Sindicato dos Rodoviários.

Todo dia

Quando acorda de manhã, Rafael Menezes sabe que vai precisar sair de casa no máximo 6h50 para embarcar em um ônibus sem ar-condicionado no calor equatorial de Belém. E depois embarcar em outro, sem ideia do horário que ele irá passar, mas com plena certeza de que o veículo estará lotado. E que depois repetirá o trajeto na volta do trabalho para casa. E quando vai dormir depois de um dia cansativo, deita-se na cama sabendo que fará tudo de novo no dia seguinte - a não ser que esse dia seja um domingo, o único da semana em que ele não trabalha.

Rafael Menezes é um dos milhares de usuários de transporte coletivo em BelémRafael Menezes é um dos milhares de usuários de transporte coletivo em Belém (Ivan Duarte / O Liberal)

"Chego em casa duplamente cansado e duplamente estressado. Sei que dizem que o brasileiro sempre sonha com a casa própria, mas hoje em dia acho que sonha mesmo é em ter um veículo próprio", reflete ele, que trabalha no setor administrativo de uma escola no limite entre Ananindeua e Marituba.

Aos 26 anos, Rafael acredita que perde mais tempo e dinheiro do que deveria no transporte público. Ele mora em Belém, no bairro de Val-de-Cans, mas às vezes fica na casa da mãe, no Tenoné.

Seja qual for o ponto de partida, a ida dele para o trabalho é sempre caótica. Como tudo sempre pode piorar, enquanto era acompanhado pela reportagem, um acidente entre o ônibus que ele estava e um carro mordeu mais uma fatia do tempo de Rafael.

"Olha aí. A polícia tá lá fazendo o trabalho dela e a gente está aqui, esperando o desfecho dessa história para seguir para o trabalho. E o trânsito aqui na Augusto Montenegro, que já não é fácil diariamente, tá pior no dia de hoje. E todo mundo obviamente já tá atrasado, né?", esculhamba ele logo depois de se meter na confusão entre o motorista do ônibus e o do carro particular. Ele ficou mais nervoso ainda com a possibilidade de ter que pagar outra passagem, mas outro coletivo da mesma linha apareceu e todos os passageiros puderam embarcar nele sem custos adicionais.

Mas longe dele comemorar a conquista que o poupou R$3,60: "Só que aquela situação: a gente já saiu [dentro do ônibus] cheio lá do bairro e aí a aglomeração, a lotação, vai ser pior ainda", lembra.

São tantos problemas que Rafael nem sabe por onde começar. Ele acredita que as tarifas altas são só a superfície de um ecossistema de descaso com os usuários do transporte público de Belém, que se arrasta por anos.  Mas o estudante de jornalismo se esforça e escolhe qual é o pior de todos.

"Com certeza é o calor. A temperatura dentro do ônibus é absurda. De passar mal. Às sete da manhã já faz muito calor. E sempre está lotado, o que piora tudo. Você não consegue chegar seco em lugar nenhum, não consegue chegar arrumado, com o cabelo direito. Não consegue chegar cheiroso em nenhum lugar também", reclama ele.

Ar-condicionado

A reportagem conta para ele que 47% da frota de Porto Alegre possui ar-condicionado. Ele suspira, como criança que olha um brinquedo através da vitrine.

"É. Tá vendo só. Cidades mais amenas que a nossa já têm ônibus climatizado pra todo mundo. Como pode? Quase metade. Que sonho. Literalmente um sonho", diz ele, que toda vez que sente na pele os perrengues de ser belenense e depender de transporte público é tomado pela vontade de sair da cidade.

"Penso nisso todo dia, sabia? Se esse aumento sair, vou ter que repensar toda a minha vida. Sério. Ou pelo menos pensar toda vez antes de sair, se vale a pena. Enfim, dar um jeito de gastar menos. Hoje em dia percebo que as reclamações aumentam cada vez mais e não fazem nada. O valor é alto e injusto por conta da infraestrutura que é ruim e não me atende. Não atende a cidade como um todo. Não é rápido, nem integrado, nem confortável. Só anda mesmo de um lugar pro outro. Isso quando não dá prego", conta Menezes.

Rafael também acredita que a vida de muita gente é atrapalhada pela falta de horários fixos, já que os veículos não contam com GPS.

"Temos que sair com antecedência e tentar a sorte. Outra situação revoltante é esperar por um tempo longo e o motorista passar direto. Ou então arrancar quando ainda estão desembarcando. No caso da briga de hoje, percebi também que eles não têm treinamento para situações assim de acidente", conta.

Para ele, tudo seria mais fácil também se houvesse integração na cidade, o que ajudaria ele a economizar, já que a empresa fornece vale digital para ele, mas de apenas duas passagens diárias.

"A não ser agora com o BRT, mas não dá para chamar isso de integração. Pegar quatro ônibus para chegar em Ananindeua e pago por todos eles. Não é integração completa. Já pensei em usar bicicleta em um dos trechos, mas ainda não tive coragem de fazer isso, pois não tem estrutura cicloviária em Belém. Os ônibus demoram tanto para passar que as pessoas pegam mais de um só pra esperar menos. Pegam van, moto táxi, gastam mais dinheiro. Falta infraestrutura dentro dos bairros no sentido de ter vias de acesso aos bairros principais. O coletivo tem que dar voltas enormes lá no trânsito em outros bairros", lamenta.

Sem justificativa

Assim como Rafael, a autônoma Maria Baima acha que a qualidade do transporte público em Belém não justifica um aumento tão grande na tarifa.

Ela reclama que nunca um reajuste foi seguido de melhoria. "São uns ônibus tudo de péssima qualidade, você só vem amassado, lotado. É um custo alto pelo que a gente ganha. Uso ônibus para tudo. Primeiro teria que colocar o ar. A gente sofre muito com quentura. Quando chove e fecha as janelas fica insuportável. Ainda mais usando máscara", relata.

João de Assis estava acostumado com outra realidade em Goiânia. Ele veio para Belém há 10 meses para trabalhar e não sabia do pedido do Setransbel. Para ele, foi um choque já que ele nota os ônibus de Belém sempre "sujos e sucateados, uma bagunça".

"Rapaz, aqui é muito fraco. Goiânia é top de linha, ônibus tudo novo, quase tudo sem cobrador. São duas empresas só lá. Aqui você vê muitos ônibus velhos, várias empresas. Poderia melhorar um pouco. Colocar uns ônibus mais novos", diz.

Pontualidade

A arquiteta Bianca Bastos já utiliza com frequência o transporte público em Porto Alegre, especialmente no centro da cidade. Ela relata que apesar da distância entre os terminais de saída e o centro, os ônibus possuem horários rigorosos.

Ela elogia os terminais de integração da cidade, que podem ser utilizados com um cartão especial disponibilizado pela prefeitura.

"As informações de horário e trajeto são muito fáceis de seguir e entender. Sempre achei muito fácil me locomover lá. A última vez que fui foi em janeiro de 2020. Tava R$4,50 a passagem. Em compensação, os ônibus são muito bons. Inclusive nos terminais de integração dá para pegar ônibus para cidades da região metropolitana"

O casal Regina e Anderson Silva, nem mora em Belém, mas vive a dificuldade que é pegar ônibus na capital paraense quase todos os dias. Eles moram em Barcarena, mas com frequência trazem a filha, Clara Sofia no colo para a cidade, por conta do tratamento de fibrose cística em Belém. Só na última semana eles vieram três dias seguidos.

"É um absurdo. Para eles cobrarem um preço abusivo, eles tinham que dar qualidade para a população que anda no ônibus. Isso a gente não vê. Não acha nada bom. Não vejo melhoria. Tem que começar pelos cobradores. Tem cobradores que não respeitam as pessoas que utilizam o ônibus. Uma vez... como ela é portadora de fibrose cística e é menor, ela tem prioridade de sentar na frente. A moça [cobradora] simplesmente não deixou. Ela disse que eu tinha que passar e assim eu fiz. Nesse dia chorei. É isso que é pegar ônibus", desabafa.

Quatro ônibus por dia de segunda a sábado hoje

R$374,40 por mês = 34% do salário mínimo

Quatro ônibus por dia caso o pedido do Setransbel seja acatado

RS$506,48 = 46% do salário mínimo 

Aumento seria de 35%, mais que o dobro da inflação de 14% registrada desde junho de 2019, quando ocorreu o último aumento 

Tarifa pelas cidade

Brasília (Distrito Federal) - R$5

Belém (nova tarifa proposta pelos empresários) - R$4,87

Belo Horizonte (Minas Gerais)  - R$4,86

Porto Alegre (Rio Grande do Sul) - R$4,80

Salvador (Bahia)  - R$4,40

São Paulo (São Paulo)  - R$4,40

Florianópolis (Santa Catarina)  - R$4,38

Goiânia (Goiás)  - R$4,30

Curitiba (Paraná) - R$4,25

Campo Grande (Mato Grosso do Sul)  - R$4,20

João Pessoa (Paraíba) - R$4,15

Cuiabá (Mato Grosso)  - R$4,10

Rio de Janeiro (Rio de Janeiro) - R$4,05

Porto Velho (Rondônia) - R$4,05

Rio Branco (Acre)  - R$4

Vitória (Espírito Santo)  - R$4

Teresina (Piauí)  - R$4

Natal (Rio Grande do Norte) - R$3,90 até R$4

Palmas (Tocantins) - R$3,85

Manaus (Amazonas) - R$3,80

Boa Vista (Roraima) - R$3,75 até R$4,80

Macapá (Amapá) - R$3,70

Aracaju (Sergipe) - R$3,50

Belém (com a tarifa atual) - R$3,60

Fortaleza (Ceará)  - R$3,60

Recife (Pernambuco)  - R$3,75 até R$5,10

Maceió (Alagoas)  - R$3,35

São Luís (Maranhão)  - R$3,20 até R$3,70

Informações: O Liberal

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