A administração municipal deverá aprovar, no mês que vem, o projeto de sistema de integração do transporte coletivo. O mecanismo será implantado nas principais avenidas e trechos urbanos das duas rodovias que cortam a cidade (BR-381 e BR-458), onde será possível fazer a integração para os diversos bairros da cidade.
Por exemplo, quem mora no bairro Bethânia e quiser se deslocar para o Horto terá que descer no bairro Cidade Nobre (onde haverá um ponto de integração) e pegar outro ônibus até o destino desejado. Para fazer todo esse trajeto o usuário pagará tarifa única, pois a partir da primeira viagem ficará registrado que o usuário irá fazer a integração em outro ponto. “Desta forma, vamos propiciar ao munícipe maior flexibilidade de horário, mais ruas contempladas pelo transporte coletivo e menor tempo de espera nos pontos”, explica o secretário de Serviços Urbanos e Meio Ambiente, Rodrigo Resende.
O novo sistema só permite bilhetagem eletrônica. Caso o usuário queira usar o dinheiro para pagar a tarifa não vai poder utilizar a integração. Ainda de acordo com o secretário, depois da aprovação do sistema será feito um projeto-piloto em alguns bairros para os ajustes necessários à efetiva implantação do serviço. A expectativa é que os testes comecem no final do ano e durem no máximo três meses. “À medida que isso for se ajustando e começar a operacionalização de maneira contínua, a gente vai estender para os demais bairros”, disse. O projeto prevê ainda adequação dos pontos de ônibus. TarifaçãoO secretário considera que, apesar de o transporte público ter 75% de aceitação da população, existe um deficit de utilização do serviço devido a outros meios de transportes que o usuário utiliza, como carros próprios e mototáxi. “Queremos trazer as pessoas de volta aos ônibus. É muito mais seguro e, mostrando eficiência, vai possibilitar pontualidade e até o meio ambiente vai agradecer, pois serão mais pessoas rodando em um veículo único”, compara.
Rodrigo reconhece que o atual sistema às vezes força o passageiro a usar ônibus de até três linhas para fazer o trajeto desejado entre a origem e o destino. “Isto desestimula o uso. Funcionando de forma integrada, a tarifação consegue ter uma constância maior e o sistema fica mais enxuto. E a nossa proposta é aumentar o número de horários”, conclui.
Reclamações e dificuldades de acesso a alguns bairros
Há mais de quatro anos o transporte público do município não passa por uma readequação de itinerários e horários. Da mesma forma, não houve alterações desde que a atual concessionária assumiu o serviço.
As principais reclamações eram: falta de ônibus para bairros “escondidos”, como Veneza II, Parque das Águas (Planalto I e II), Alto do Iguaçu e Alto do Bethânia. O que ocorre nestas localidades é que as poucas linhas existentes dão acesso somente ao Centro e ao Hospital Márcio Cunha, mesmo assim com horários considerados restritos, especialmente nos finais de semana, principalmente aos domingos, quando não há linhas para alguns bairros.
A auxiliar administrativa Eliziane Moreira, 31, mora no bairro Veneza II e espera com ansiedade o sistema de integração. Segundo ela, os horários do ônibus que vão para o Centro são restritos e não há coletivos suficientes com acesso ao bairro Horto. Para ir a bairros como Iguaçu, Cidade Nobre e Bethânia, o jeito é pegar dois ônibus. “Eu trabalho no Horto e começo no serviço às 7h20, justamente na hora que o ônibus Veneza/Bom Retiro passa próximo à minha casa. O jeito é sair bem mais cedo e ir até a avenida Macapá, no bairro Veneza, para pegar um outro circular que demora quase uma hora para chegar ao Horto”, reclama.
Pesquisa orientou sistema integrado
A mudança no sistema de transporte coletivo foi considerada depois de uma pesquisa feita junto aos passageiros que utilizam os ônibus. O levantamento, realizado entre os dias 30 de setembro e 22 de outubro do ano passado, entrevistou cerca de 20 mil usuários. De acordo com o trabalho, feito pela empresa Tecnotran Engenheiros e Consultores, 20,4% da necessidade de deslocamento originam-se ou destinam-se à área central.
O estudo seguiu duas metodologias: na primeira, o usuário era questionado de onde ele vinha e para onde ia. Na segunda modalidade, o pesquisador anotava em uma cédula o momento em que o usuário entrava no ônibus. Ao sair, outro pesquisador anotava o local de desembarque.
Os usuários que não passavam pela roleta e entravam pela porta da frente também foram pesquisados. Este levantamento apontou que, mensalmente, 27,9% dos 60 mil usuários de transporte coletivo não pagam passagem, totalizando mais de 12 mil passageiros. Este dado é considerado elevado. O estudo apontou que a linha de ônibus mais utilizada tem como destinação o bairro Bethânia. Já os bairros Cidade Nobre, Iguaçu, Bethânia e Centro totalizam 44,6% de todos os deslocamentos.
A conclusão do estudo aponta que o sistema viário reflete a concentração de linhas e passageiros nos principais corredores da cidade, principalmente nos locais de acesso às zonas de maior geração de viagem (origem e destino), ocasionando uma superposição de itinerários.