O segundo semestre letivo de escolas e faculdades particulares do Recife tem início nesta segunda-feira (2), o que significa que os transtornos no trânsito devem voltar a incomodar, ainda mais, os motoristas que precisam circular pela capital pernambucana. São duzentos mil veículos a mais circulando nas principais vias da cidade, segundo cálculos da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU). Em alguns trechos, o número de veículos circulando pode crescer até 32%, chegando a 78 mil veículos por dia, a exemplo da Avenida Norte. A velocidade média registrada apresenta um impacto ainda maior, podendo reduzir até 57%, nos horários de pico.
Para a secretária Kátia Brasil, o período de férias escolares significa bons minutos a mais de sono por dia. Segundo ela, que mora no Janga, no Paulista, e trabalha na Avenida Cruz Cabugá, no Recife, nos meses de julho e janeiro é possível sair de casa às 7h30 e chegar ao trabalho às 8h, enquanto nos meses comuns é preciso partir para o trabalho às 6h30. “Às vezes ainda chego atrasada”, afirma. “No meu tempo, estudávamos das 11h às 15h e não atrapalhávamos o trânsito por termos um compromisso na mesma hora dos trabalhadores. Educação é importante, mas são os empregados que podem ser demitidos, não os alunos”, desabafa.
De fato, os números demonstram diferenças significativas no tráfego das principais vias de acesso da cidade na faixa de horário que vai das 7h às 9h, quando os pais estão deixando os filhos no colégio e seguindo para o trabalho. Na Avenida Agamenon Magalhães, por exemplo, a velocidade média ‘normal’ varia entre 23 e 30 km/h. Nos períodos sem aulas, no entanto, o motorista consegue se mover com velocidade entre 30 a 37 km/h. Na volta para casa, o transtorno é o mesmo. Na Avenida Recife, no sentido Boa Viagem, após a lombada eletrônica, o congestionamento mantém a velocidade média dos veículos em apenas 14 km/h, enquanto o mesmo trecho tem média de 22 km/h durante as férias escolares. Veja o Mapa
Um dos principais motivos da situação complicar é o número de veículos que circulam na cidade, que é de aproximadamente 781 mil. Durante o recesso, este número gira em torno dos 572 mil. A diferença, de 35,6%, é devida ao número de pessoas que, em férias, deixam a cidade ou utilizam menos carros por família para se locomover. Destes veículos, um total de 507 mil são carros de passeio particulares, registrados e localizados apenas na capital pernambucana.
A grande concentração da frota que circular em alguns bairros também pode significar problemas no trânsito, como engarrafamentos, em horários de pico. Apenas em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, são quase 80 mil carros, o que responde a 15% de toda a frota da cidade. Juntos, os moradores dos 10 bairros que mais concentram veículos de passeio representam 44,9% de toda a frota da capital pernambucana.
A concentração de unidades de ensino em determinados bairros também colabora para tornar o problema ainda mais difícil de resolver. Da Imbiribeira ao Pina, por exemplo, são 158 unidades, enquanto o corredor que vai das Graças a Casa Forte acumula outras 120. Do Cordeiro à Várzea, o número chega a 92. O bairro da Boa Vista, que compreende o principal corredor rodoviário da capital, a Conde da Boa Vista, acumula 68 unidades de ensino.
Outra variável desta equação é a volta às ruas de mais ônibus, para atender a demanda dos alunos que utilizam o transporte coletivo. Durante o recesso, a frota de coletivos sofre redução de 7% em relação aos dias ‘normais’. Isso porque 15% dos usuários são estudantes e utilizam o serviço, em especial, nos horários de pico. “Durante as férias, há um encolhimento de demanda, então reduzimos também a oferta. Os congestionamentos, que nos fazem, por exemplo, utilizar 10 veículos para atender cada parada com um intervalo de dez minutos, no recesso escolar são reduzidos, permitindo que obtenhamos o mesmo intervalo com 8 ou 9 ônibus”, afirma a Gerente de Operações da Grande Recife Consórcio de Transportes, Taciana Ferreira.
Dos 168 ônibus que deixam de circular todos os meses de férias, 111 são apenas nas avenidas Conde da Boa Vista, Mascarenhas de Moraes, Conselheiro Aguiar e Agamenon Magalhães. A maior redução é percebida na Avenida Agamenon Magalhães, onde 40 ônibus deixam de circular, o que significa 300 ‘viagens’ a menos, mas segundo Taciana. “Os clientes acabam esperando um mesmo tempo, mas fazem viagens mais rápidas até o destino, ficando até mais satisfeitos”, garante.Não há solução fácil
Fonte: Diário de Pernambuco
Fonte: Diário de Pernambuco