Apesar de todos os problemas de mobilidade no estado, o Recife está em estágio avançado de adaptação para receber a Copa do Mundo de 2014, mas enfrenta um grande, e óbvio, problema: comunicação. Essa é a opinião de dois consultores alemães, que atuaram nas Copas da Alemanha (2006) e África do Sul (2010) e chegaram nesta segunda-feira ao Recife. Amanhã, eles conhecerão a realidade do transporte público de perto e farão um diagnóstico dos principais desafios que precisam ser superados para garantir o sucesso do evento, que já tem como prévia, a Copa das Confederações, em 2013.
De acordo com Thomas Wehr, que foi o responsável pela coordenação do escritório da Copa e da Fan Festa, em Nuremberg, na Alemanha, os trabalhos iniciados em Pernambuco serão verificado a fundo apenas em um futuro próximo, mas, com dois anos e meio de antecedência, é possível realizar praticamente todas as adaptações necessárias para um evento de qualidade. “Trabalhar em uma escala como essa é sempre um desafio, mas em termos de ônibus, por exemplo, o Recife está bem mais avançado do que outras cidades que já receberam a Copa, como algumas da África do Sul”, afirma.
Para a especialista em mobilidade Nora Pullmann, ex-coordenadora de transportes da Fifa em Frankfurt, o problema de linguagem é o grande atraso verificado não apenas na região, mas em todo o país. Segundo ela, mesmo o Rio de Janeiro, que se mantém mais voltada a receber os turistas estrangeiros, não está preparado para um evento como a Copa. “No Recife não há placas com pelo menos mais uma língua, como o inglês. No Rio, as letras são pequenas, em amarelo sobre o azul, o que dificulta muito a leitura. É preciso uma adaptação, que vai além de sinalizações, passando também pelo quesito de hospitalidade. E isso passa pelas exigências da Fifa, que são inúmeras”, explica.
As grandes referências para o Recife são justamente as cidades litorâneas da África do Sul, que receberam o evento, a exemplo da Cidade do Cabo e Durban. Durante as celebrações, as exigências quanto à mobilidade são inúmeras, até mesmo passando pela criação de corredores exclusivos para os Estádios, o que deve ser negociado e enfrentado pelas subsedes.
Segundo o secretário extraordinário da Copa, Amir Schvartz, é preciso pensar além dos eventos realizados e dos planos já traçados para dar mais fluidez ao tráfego, como a utilização de ônibus BRT, mas no legado da Copa, exemplo em que a Alemanha se faz modelo. “Podemos aprender com eles o que funciona e, em especial, como investir sabiamente para que a sociedade local se beneficie dessas melhorias após o evento. Não pensando apenas em infraestrutura, mas em qualificação de atendimento e no tipo de transporte utilizado”, afirma.
Sobre a questão de haver tempo hábil para agilizar as obras, Schvartz garante que, se a Copa fosse realizada hoje, tendo o estádio sido concluído, Pernambuco já poderia receber o evento. “Nosso aeroporto já está preparado e intervenções extraordinárias no trânsito que liga o Recife a São Lourenço poderiam ser realizadas, mas agora é um momento de refletir sobre como investir para resolver o problema de mobilidade não apenas para a Copa, mas também para depois dela”, conclui.
Confira o itinerário do grupo de avaliação alemão nesta quarta-feira:
9h - Visita às obras da Via Mangue
10h20 - Visita ao Metrorec na estação Werneck
11h – Saída de metrô para o Terminal de Integração de Camaragibe
11h30 - Saída do TI de Camaragibe para visita à Arena Pernambuco
12h - Visita à Arena
12h20 - Saída da Arena para visita ao Corredor Leste/Oeste
14h30 - Visita ao Corredor Norte Sul até os terminais integrados da PE-15 e Pelópidas da Silveira
16h - Saída do TI Pelópidas da Silveira até o Terminal de Joana Bezerra