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BH terá mais 17 km de faixas exclusivas para ônibus: 'Paliativo que não resolve'

quinta-feira, 9 de março de 2023

O Programa de Requalificação do Centro de Belo Horizonte, o “Centro de Todo Mundo”, prevê a implantação de 17,2 km de faixas exclusivas para ônibus. As intervenções devem começar a partir da próxima semana, conforme anunciado pela prefeitura nesta segunda-feira (6). A primeira via a receber a nova instalação será a avenida Augusto de Lima.

Especialistas alertam, no entanto, que a medida não passa de um paliativo, já que a solução seria investir em outros meios de transporte. Os analistas consideram ainda que 17,2 km "é pouco" quando se pensa no tamanho da capital.

Atualmente, a cidade tem 52 km de faixas exclusivas para ônibus. Com o anúncio dessa segunda-feira (6), o aumento será de 32,6% passando para 69 km. Especialistas em trânsito consideram o aumento tímido e pouco eficiente. 

Para o professor de Urbanismo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Roberto Andrés, o corredor exclusivo de ônibus é importante, porém, “17 km é muito pouco”. “A Prefeitura de São Paulo fez 400 km em três anos, a de Belo Horizonte tem condições de fazer muito mais. Mesmo assim, que bom que vai fazer, pois o ônibus transporta mais pessoas que o automóvel utilizando o mesmo espaço viário. Enquanto um ônibus transporta 50 pessoas, dois carros, no máximo, levam quatro em cada", analisou.
Já o espelicalista em trânsito Márcio Aguiar avalia que a implantação de faixa exclusiva não passa de "um paliativo", além de trazer outras questões, como as desapropriações. “O ônibus continuam no trânsito e é necessário que ocorra fiscalização para que elas (faixas) não sejam invadidas. O resultado nunca é o esperado. Digo que faixa exclusiva e outras intervenções do tipo, como os corredores, são complicadas, pois é necessário ter área para a expansão. Na avenida Antônio Carlos, por exemplo, foi preciso que ocorresse a desapropriação”, afirma.

Investir em outros modais do transporte público é essencial para o fluxo da cidade, segundo Aguiar. “Se não fizermos investimentos de infraestrutura para trazermos outros modais, o paliativo não adianta. Eles até funcionam, mas sem a efetividade que gostaríamos. Para resolver o trânsito e principalmente o transporte público é preciso união dos governos municipal, estadual e federal. A cada ano, os problemas aumentam e nada é resolvido”.

“A alternativa é buscar outros modais, metrô, monotrilho, sei que é difícil, mais caro e demorado, mas precisamos sair do ônibus. Caso contrário, vamos ficar andando em círculos. Faz [a faixa exclusiva] e acha que melhora e não se caminha para a solução definitiva”, complementa Aguiar.

Quem também defende o incentivo aos meios de transporte público é a especialista em trânsito Roberta Torres. Ela destaca que a efetividade das faixas exclusivas para ônibus seriam mais eficientes se não tivéssemos tantos veículos nas ruas. “As vias são a nossa única possibilidade de trafegar. A cada ano o número de carros só aumenta e o que temos visto é a ampliação de vias, que incentivam o uso do transporte individual, ao invés do investimento em outros modais, como o metrô, por exemplo. O que fazemos vai na contramão de muitos países”.

Mais opções de locomoção para a população desencadearia benefícios para todos, segundo Roberta. “A premissa básica do CTB (Código Brasileiro de Trânsito) é o trânsito em condições seguras, pois é direito nosso e dever dos órgãos. A fluidez é importante para a cidade funcionar bem, pois o transporte está relacionado à qualidade de vida. A conexão entre os modais também contribui para melhor mobilidade. Quando comparamos BH com outros municípios, vemos que o investimento poderia ser melhor”.

Análise do sindicato
A implantação de faixas exclusivas para ônibus é demanda do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH). Procurada pela reportagem, a entidade afirmou que toda intervenção de melhoria para a população é bem-vinda e que se posicionará sobre o anúncio das novas faixas após analisar o projeto.

O tempo de duração da intervenção das novas faixas não foi informado, no entanto, o prefeito Fuad Nomam (PSD) ressaltou que algumas obras do projeto não serão concluídas na administração dele. “Tem obra para até cinco anos. O que estamos fazendo é deixar todos os projetos iniciados e alguns talvez concluídos. Quero fazer o máximo que puder. Tem obra para três meses e cinco anos. Quem promete o impossível está mentindo”.  A PBH foi questionada se será preciso ocorrer desapropriações, mas não respondeu até a publicação da matéria.

O projeto
A iniciativa da PBH acontece em várias etapas, segundo a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). O primeiro projeto está concluído, e as obras devem começar na próxima semana. “Na primeira fase serão implantadas faixas exclusivas para ônibus na avenida Augusto de Lima, entre a Praça Raul Soares e a avenida do Contorno, que vão se interligar ao outro trecho já existente na Augusto de Lima, após a Praça Raul Soares”, informou o Executivo municipal, em nota. No entanto, as demais etapas não foram detalhadas. 

Faixas exclusivas 
Locais com trechos de faixas exclusivas em Belo Horizonte:

Avenida Antônio Abrahão Caram
Avenida Augusto de Lima
Avenida Coronel Oscar Paschoal
Avenida Cristiano Machado
Avenida do Contorno, entre Av Barbacena e a Rua Rio de Janeiro, sentido Carlos Prates/Área Hospitalar (faixa exclusiva entre 6h e 19h30)
Avenida do Contorno e dos Andradas, entre a Rua Rio de Janeiro e a Alameda Ezequiel Dias, sentido Carlos Prates/Área Hospitalar (faixa exclusiva 24 horas)
Avenida dos Andradas, entre Alameda Ezequiel Dias e Viaduto da Floresta, sentido Área Hospitalar/Carlos Prates (faixa exclusiva 24 horas)
Avenida dos Andradas, entre a Avenida do Contorno (Perrela) e a Avenida Mem de Sá, sentido Centro/Bairro (faixa exclusiva entre 6h e 9h)
Avenida Dom Pedro II
Avenida João Pinheiro
Avenida Nossa Senhora do Carmo
Avenida Oiapoque
Avenida Presidente Carlos Luz
Avenida Professor Alfredo Balena
Avenida Risoleta Neves
Avenida Vilarinho
Praça Manoel Jacinto Coelho
Praça Rio Branco
Rua Goiás
Rua Padre Belchior
Viaduto da Lagoinha
Viaduto Leste
Viaduto Paulo Mendes Campos (saída da Estação São Gabriel)

Faixas exclusivas de ônibus - circulação aos sábados, domingos e feriados
É permitida a circulação de outros veículos aos sábados, a partir das 14h, domingos e feriados durante todo o dia, nos seguintes locais:

Avenida Augusto de Lima, entre Avenida João Pinheiro e Rua São Paulo, neste sentido;
Avenida Augusto de Lima, entre Rua Curitiba e Avenida João Pinheiro, neste sentido;
Avenida Carlos Luz, em toda sua extensão;
Avenida Cristiano Machado, entre o Anel Rodoviário e a Avenida Vilarinho;
Avenida João Pinheiro, entre Rua dos Guajajaras e Rua Goiás, neste sentido;
Avenida Nossa Senhora do Carmo, entre Rua Valparaíso e Avenida do Contorno, neste sentido;
Avenida Nossa Senhora do Carmo, entre Rua Outono e Rua Valparaíso, neste sentido;
Avenida Pedro II em toda sua extensão;
Avenida Professor Alfredo Balena, entre Rua Padre Rolim e Praça Hugo Werneck, neste sentido;
Avenida Professor Alfredo Balena, entre Praça Hugo Werneck e Rua Pernambuco, neste sentido;
Rua Padre Belchior, entre Avenida Amazonas e Rua Curitiba, neste sentido;
Rua Padre Belchior, entre Rua São Paulo e Rua Curitiba, neste sentido;
Rua Goiás, entre Avenida João Pinheiro e Rua dos Guajajaras. 

Fora do horário citado, os veículos podem usar as faixas exclusivas apenas para realizar as conversões à direita, acessar garagens (guia rebaixada) ou parar para embarque e desembarque de passageiros onde for permitido.
Para realizar as conversões, o motorista deve observar bem e só acessar a faixa onde houver pintura com linhas tracejadas (pintura branca). Onde houver a linha contínua, é proibido trafegar.

Faixas exclusivas operacionais

Rua Espírito Santo (entre rua dos Caetés e avenida do Contorno)
Rua Itajubá (entre rua Curvelo e avenida do Contorno)
Rua Niquelina, entre as ruas Fluorina e Cel. Antônio P. da Silva.
Rua Domingos Vieira, entre a avenida do Contorno e rua Piauí.
Ruas Olinto Magalhães, Rio Pomba e Três Pontas, entre Rua Pelotas e Av Pedro II.

Informações: O Tempo
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Integração metropolitana é tema do 8º Fórum Paranaense de Mobilidade Urbana

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Integração metropolitana, eletromobilidade, marco regulatório e financiamentos na área de mobilidade serão os principais temas do 8º Fórum Paranaense de Mobilidade Urbana, que acontece nos dias 1 e 2 de março, no Salão de Atos do Parque Barigui. 

O evento promovido pela Urbanização de Curitiba (Urbs) e Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) deve reunir cerca de 100 pessoas, entre especialistas nacionais e internacionais e representantes do governo federal, de estados e municípios, além de bancos e agências de financiamento. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas aqui.

“O Fórum discutirá o futuro do transporte nas cidades, com a integração metropolitana e seus desafios; o uso de combustíveis renováveis e também as formas de financiamento do setor. É uma oportunidade para que experiências sejam compartilhadas e sejam debatidos temas importantes para a mobilidade urbana”, diz Ogeny Pedro Maia Neto, presidente da Urbs. 
O Fórum será uma espécie de preparação para as discussões sobre mobilidade no âmbito do Tomorrow.Mobility, maior evento de mobilidade urbana do mundo, que vai compor a programação do Smart City Expo Curitiba, de 22 a 24 de março, no Centro de Eventos Positivo, no Parque Barigui. 

Na manhã do primeiro dia do Fórum, os debates se concentrarão em integração metropolitana, com referências de modelos e experiências bem-sucedidos em arranjos metropolitanos e governança.

Além da participação do prefeito Rafael Greca e do secretário estadual de cidades, Eduardo Pimentel, já estão confirmadas as presenças do professor doutor Eric Miller, da Universidade de Toronto; Sérgio Avelleda, da consultoria Urucaia e ex-secretário de Mobilidade e Transporte da cidade de São Paulo; e Tarcísio Abreu, presidente CMTC metropolitana de Goiânia. 

Marco de mobilidade
No período da tarde, eletromobilidade no Brasil e combustíveis renováveis; o novo marco de mobilidade e gestão de dados e tecnologias vão dominar as discussões nos painéis.

No segundo dia, os temas centrais serão financiamento da mobilidade urbana, auxílio para gratuidade dos idosos e o papel do investimento privado nos projetos de mobilidade.

Entre outras presenças confirmadas estão Ana Beatriz Monteiro, especialista líder em transporte do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); Cristina Albuquerque, gerente de mobilidade urbana do WRI; Carolina Cavalcanti, diretora de regulação de mobilidade urbana do Ministério das Cidades; e Thadeu Abicalil, executivo sênior do escritório regional Américas do New Development Bank (NDB).

Informações: Urbs
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O futuro da mobilidade urbana sustentável

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Nas duas próximas décadas, a eletrificação dos veículos mudará de forma radical a vida nas médias e grandes cidades do Brasil — assim como vem provocando transformações na Europa, na China e em outras partes do mundo. O uso de matriz energética limpa, associado a um movimento de maior compartilhamento dos meios de transporte, será o caminho para uma mobilidade urbana verdadeiramente sustentável.

Especialistas afirmam que o Brasil terá, até 2035, cerca de 5,5 milhões de carros elétricos ou híbridos em circulação. Daqui a apenas 12 anos, dois terços dos veículos vendidos no país serão eletrificados. Em 2022, foram comercializados 49.245 veículos leves eletrificados no Brasil — 2,5% do total de emplacamentos; em 2021, havia sido 1,8%.

No fim do ano passado, o Brasil registrou 126.504 veículos eletrificados em circulação — 41% a mais em relação ao ano anterior. O crescimento dos veículos puramente elétricos foi ainda maior: cerca de 200% sobre os números de 2021.

A redução gradual da quantidade de veículos movidos a combustão fóssil é fundamental para alcançarmos as metas mundiais de diminuição da emissão de gases poluentes. As atividades de transporte são responsáveis por 46% das emissões de CO2 do setor de energia, e o transporte motorizado individual responde por 77% das emissões no transporte de passageiros.

O estado do Rio — que reúne condições de se tornar referência para o país na mobilidade urbana sustentável — é o terceiro com mais veículos eletrificados: 9.812 (dezembro de 2022), atrás de São Paulo e Minas. Entre as capitais, o Rio está em segundo. Para incentivar ações de preservação, o governador Cláudio Castro anunciou parceria para criar uma plataforma de compra e venda de créditos de carbono e ativos sustentáveis, como energia, clima e florestas.

Se o número de veículos leves eletrificados aumenta em ritmo acelerado, o de ônibus elétricos ainda é irrisório no Brasil: apenas 1,86% do total. No mundo, já há mais de 600 mil ônibus elétricos. O estado precisa ser o indutor da tendência, criando circunstâncias de mercado que apoiem o transporte limpo e coletivo do futuro.

Entretanto, somente a redução na emissão de CO2 não basta para resolver o problema de mobilidade que, num país com 60 milhões de automóveis, afeta a qualidade de vida. É preciso ter um sistema de transporte mais compartilhado e mais acessível à população. Associar a busca por energia mais limpa ao esforço por um transporte público de mais qualidade. Reforçar o modelo de compartilhamento e diminuir a quantidade de veículos nas ruas. E priorizar o transporte não motorizado sobre o motorizado, as ciclovias, os espaços para pedestres.

O futuro, portanto, são os veículos elétricos, o compartilhamento do transporte, a mudança de foco do transporte individual para o coletivo — mais eficiente, barato, rápido e solidário. Pode não parecer, mas esse futuro está próximo. E nunca esteve tão a nosso alcance como agora.

*Adolfo Konder é presidente do Detran.RJ

Informações: O Globo
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Frota de ônibus urbanos no Brasil é a mais velha em 27 anos

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

A frota de ônibus urbanos no Brasil tem a idade média mais elevada desde o início da série histórica produzida há 27 anos pela NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos).

Segundo a entidade, os coletivos têm, em média, mais de seis anos. Perda de passageiros e dificuldades no financiamento do setor, agravados durante a pandemia de Covid-19, estão entre as causas apontadas pelos empresários para renovar os veículos.

Os dados fazem parte do anuário 2021-2022, divulgado nesta terça-feira (9), em São Paulo. Eles levam em consideração os nove grandes sistemas (Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo), responsáveis por mais de 35% da frota nacional e representativos do cenário brasileiro, segundo os especialistas.

A série “Capitais no Radar”, que apresentou o Índice Folha de Mobilidade Urbana, mostrou em junho que ônibus velhos afetam o dia a dia das pessoas em diversas cidades brasileiras. Em São Luís (MA), por exemplo, alternativos tomaram conta da demanda diante do caos no sistema municipal. Já em Aracaju (SE) chamou a atenção o sucateamento da frota e o aperto ao qual são submetidos os passageiros, estimulando a busca pelo transporte individual, para quem pode.

“O que se tem é o serviço de transporte público, insumos e operação, adequando-se ao nível de receita obtida por meio de tarifas públicas, que é menor ano após ano”, diz a análise contida no anuário. “Romper com o modelo de financiamento em vigor e adotar uma alternativa com maior participação de orçamentos públicos e também de subsídios que busquem recursos de outros setores é fundamental para reverter esse quadro de envelhecimento da frota”, sugere a publicação.

De forma geral, a NTU já trabalha com a possibilidade de um encolhimento estrutural do setor, ou seja, para sempre. Os representantes das empresas estimam que dificilmente a perda de passageiros ocorrida durante a pandemia será plenamente revertida nos próximos anos.

A percepção dos empresários, a partir dos dados do anuário, é de uma estabilização da demanda, que deve permanecer em cerca de 70% do total de usuários transportados no pré-pandemia, em 2019. Em 2019, eram realizadas 33,2 milhões de viagens por passageiros pagantes ao dia no país. Caiu para 22,4 milhões em 2021.

Menos passageiros e a consequente queda na arrecadação são apontados pelas empresas como alguns motivos para tantos problemas financeiros.

Segundo a NTU, as dificuldades de caixa foram responsáveis por 397 paralisações temporárias desde março de 2020, afetando 108 sistemas de transporte público do país. Praticamente uma greve ou protesto a cada dois dias, durante o período de pandemia.

Na série “Capitais no Radar”, a reportagem contou histórias de passageiros que chegam a organizar a distribuição de cestas básicas para motoristas e cobradores que tentam sobreviver por meses com salários atrasados.

A NTU aponta que os sistemas organizados de transporte público por ônibus urbano, que abrangem 2.703 municípios, tiveram uma perda acumulada de R$ 27,8 bilhões do início da pandemia até abril deste ano.

Diante da crise do setor, 49 empresas e seis consórcios suspenderam as atividades ou deixaram de operar. Outras 13 empresas e três consórcios entraram com pedido de recuperação judicial.

Em meio à quebradeira do setor, foram registradas pela NTU iniciativas de aporte de recursos em 125 sistemas que atendem a 243 municípios,

Por William Cardoso, da Folhapress
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Onde o transporte público é gratuito na Europa

segunda-feira, 6 de junho de 2022

Transporte público em vez de carro: há muitos anos, especialistas e políticos defendem uma mudança na mobilidade urbana. Embora a luta contra o aquecimento global tenha estado em primeiro plano até agora, esse tema voltou à tona com urgência devido à invasão russa da Ucrânia. Uma economia de energia é necessária na Europa para que a dependência da Rússia no setor energético seja reduzida.

Como reação ao aumento dos preços de energia, o Parlamento alemão aprovou, entre outras coisas, um bilhete único mensal de 9 euros, que pode ser adquirido de junho a agosto. O objetivo é aliviar os cidadãos financeiramente e motivá-los a usar o transporte público.

O número médio de 8 milhões de passageiros por dia registrados pela companhia ferroviária alemã Deutsche Bahn no ano passado provavelmente aumentará em 2022, devido ao fim de restrições impostas durante a pandemia. A dúvida que resta é se o bilhete de 9 euros irá contribuir para aumentar ainda mais esse número. Outros países da União Europeia (UE) já tiveram experiência com medidas semelhantes:

Luxemburgo
"Luxemburgo é o primeiro país do mundo a tornar a mobilidade gratuita", anuncia o governo luxemburguês em seu website. O pequeno ducado aboliu as passagens pagas nos transportes públicos em 1º de março de 2020. Ao contrário de outros modelos, quem não mora no país também não precisam pagar pela passagem. Com 45% da força de trabalho morando no exterior, Luxemburgo tem um número recorde de trabalhadores que não moram no país.


A introdução do transporte público gratuito é uma medida social importante, analisa o ministro dos Transportes de Luxemburgo, François Bausch. Segundo ele, o governo quer transformar o país, cuja população aumentou 40% em 20 anos, em "laboratório de mobilidade".

O Ministério da Mobilidade, porém, ainda não há números confiáveis sobre a quantidade de passageiros desde a introdução do transporte público gratuito. Medidas contra a pandemia, como lockdowns, impostos imediatamente após a mudança, distorcem as estatísticas dos primeiros meses. A gratuidade da passagem é financiada através do orçamento público, ou seja, por impostos.

Malta
Malta planeja introduzir o transporte local gratuito para todos os cidadãos em 1º de outubro. Isto fará de Malta o segundo país europeu a deixar de vender passagens a seus cidadãos e visitantes.


Entretanto, a medida não foi uma reação à guerra da Ucrânia. O governo anunciou o plano em outubro de 2021 durante o debate do orçamento público. Entre outras coisas, o objetivo é reduzir a dependência dos cidadãos em relação aos carros, disse à DW Bertrand Borg, editor do proeminente jornal maltês Times of Malta.

O projeto em Malta é financiado por impostos. Números exatos, no entanto, ainda não estão disponíveis. Todos os residentes que solicitarem um bilhete especial poderão utilizar o transporte público gratuitamente. Se os turistas solicitarem essa passagem antes de chegarem ao país, também não precisarão pagar.

Hasselt, Bélgica
Não só países inteiros, mas na Europa há também cidades e municípios que dão ou já deram tal passo. A cidade belga de Hasselt alcançou fama internacional principalmente ao introduzir o uso gratuito do transporte público em 1997.

Os cidadãos puderam andar de ônibus e trens gratuitamente até 2013, quando a prefeitura encerrou o experimento porque a longo prazo os custos ficaram muito altos.

Tallinn, Estônia
Na capital estoniana, Tallinn, todos os moradores da cidade não precisam pagar passagem para andar de ônibus e trens desde 2013. A administração municipal decidiu dar este passo também porque muitos não tinham mais condições de arcar com os custos do transporte durante a crise financeira. Entretanto, o projeto teve que ser subsidiado por impostos adicionais.

Até agora, o modelo tem funcionado sem grandes problemas. O transporte público gratuito, porém, é um tema muito controverso no país, diz a jornalista estoniana Evelyn Kaldoja. "Os usuários reclamam do longo espaçamento entre uma viagem e outra. Isto torna o sistema desinteressante para quem trabalha", diz Kaldoja.

Caro para a cidade, mas valioso para os cidadãos: o transporte público em Tallinn é gratuito há muitos anos

Em entrevista à DW, Kaldoja salienta que o projeto não reduziu o número de carros nas ruas. "Apesar do transporte local gratuito, as pessoas que costumavam andar de carro continuam dirigindo seus veículos", diz Kaldoja. Se o tráfego de automóveis diminuiu, isso se deve mais à alta dos preços dos combustíveis, conclui.

Os ônibus e trens são gratuitos não apenas na capital, mas na maioria dos distritos da Estônia.

Dunquerque, França
Em outra cidade europeia, medidas semelhantes levaram realmente a uma redução no tráfego de carros: como em Tallinn, os cidadãos da cidade francesa de Dunquerque podem usar o transporte público gratuitamente desde 2018.

De acordo com um estudo realizado alguns meses após a introdução da tarifa zero, houve uma redução no trânsito de carros: embora dois terços dos entrevistados antes dependessem de seus automóveis, metade disse que agora usa ônibus com muito mais frequência do que antes. Aproximadamente 5% dos moradores até mesmo disseram ter vendido seu carro ou decidiram não comprar um segundo por causa do transporte gratuito.

Ilhas dinamarquesas
Em algumas ilhas dinamarquesas, o transporte público gratuito por um tempo determinado foi introduzido por motivos econômicos.

Lina Holm-Jacobsen, coordenadora de imprensa e marketing da VisitDenmark, disse à DW que a medida fazia parte do programa de apoio do governo dinamarquês para impulsionar o turismo após os lockdowns causados pela pandemia. No verão europeu de 2020 e 2021, a travessia para as ilhas dinamarquesas foi gratuita para os passageiros sem carro. Além disso, os preços dos bilhetes foram significativamente reduzidos durante a temporada de verão.

A balsa gratuita não está mais disponível este ano, mas os visitantes ainda podem se beneficiar de preços reduzidos no transporte público local.

Autor: Burak Ünveren
Informações: MSN
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Ônibus elétrico Mercedes-Benz e a construção do futuro da mobilidade

quinta-feira, 2 de junho de 2022

Mobilidade urbana, sustentabilidade, qualidade de vida no transporte, impactos econômico e social, princípios ESG. Temas como estes permeiam, cada vez mais, a troca de ideias e de conhecimento, o desenvolvimento de projetos, os planos de ação, as boas práticas e ações concretas, seja no Brasil ou em vários lugares mundo afora.


Aqui no nosso país, entidades do transporte e da indústria, fabricantes de veículos, encarroçadores e implementadores, fornecedores de tecnologia e de serviços, empresas, gestores e especialistas vêm discutindo as megatendências da mobilidade, contribuindo com suas expertises para a evolução do setor.

Esse movimento foi novamente notado, recentemente, no evento Mobility Future: Construindo o Futuro da Mobilidade. Promovido pela Praxio, empresa especializada em software de gestão para o transporte e unidade especialista em mobilidade da nstech, essa iniciativa reuniu mais de 50 executivos de transportes dos segmentos urbano, rodoviário e fretamento, além de presidentes de associações e federações.

O diversificado grupo se dedicou ao mapeamento das dores e necessidades do transporte de passageiros. Um resumo do que foi abordado pode ser conferido num e-book que engloba o cenário do setor no contexto da mobilidade do Brasil e insights gerados a partir de discussões com os líderes participantes. Para baixar o e-book, basta acessar: https://materiais.praxio.com.br/mobility-future.

Apoio da Mercedes-Benz ao evento

A Mercedes-Benz e a Marcopolo Next patrocinaram o evento. “Vivemos uma fase de reinvenção, a partir de um momento crítico gerado pela pandemia. Descobrimos muito nesse período, apesar das dificuldades. Estamos muito felizes em construir e participar desse encontro que reuniu agentes de mudança e transformação”, diz Walter Barbosa, diretor de Vendas e Marketing Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil.


“Pensar o futuro da mobilidade é pensar em sustentabilidade, economia, tecnologia e qualidade de vida, o que torna o planejamento para atender às diversas demandas desse futuro um desafio e tanto”, afirma Valmir Colodrão, CEO da Praxio. “Estamos comprometidos com o que foi abordado e vamos trabalhar ativamente para alcançar o cenário da mobilidade que vislumbramos.”

Mercedes-Benz entra na era da eletromobilidade no Brasil

Reconhecida no mercado por sempre trazer soluções de mobilidade e sustentabilidade para as cidades, a Mercedes-Benz do Brasil novamente é protagonista no transporte coletivo urbano. No segundo semestre deste ano, chegará ao mercado o eO500U, o primeiro chassi de ônibus elétrico da marca no país.


Movido a baterias, esse novo modelo da consagrada linha O500 foi 100% desenvolvido pela equipe de engenharia brasileira com base na realidade do transporte de passageiros no Brasil.

“O eO500U é uma solução que reforça o compromisso da nossa marca em oferecer uma alternativa sustentável para a mobilidade urbana aliada à eficiência tecnológica e econômica para as empresas de ônibus e gestores do transporte coletivo”, ressalta Walter Barbosa.

Com esse moderno chassi de ônibus urbano elétrico, que traz a qualidade e a confiabilidade da estrela de três pontas, a Mercedes-Benz entra na era da eletromobilidade em veículos comerciais no Brasil. Com tecnologia de ponta e paixão em atender a todas as necessidades do transporte de pessoas, a empresa contribui para a qualidade de vida nas grandes cidades, garantindo, também, segurança e conforto nas viagens.

Com esse chassi de ônibus urbano elétrico, a Mercedes-Benz  promove novas tecnologias, que estão alinhadas às megatendências globais de sustentabilidade. Isso reforça a estratégia ESG da empresa, que se apoia nos pilares Meio Ambiente, Social e Governança.

A decisão estratégica de apresentar uma solução em eletromobilidade primeiramente em ônibus, mais especificamente no segmento urbano, foi pensando no coletivo e no cenário das cidades. 

Um olhar mais amplo para soluções sustentáveis

Além do eO500U elétrico, a Mercedes-Benz segue atenta a outras soluções que se mostrem adequadas e viáveis à sociedade e aos clientes. São os casos, por exemplo, do Biodiesel e do HVO (biocombustível de segunda geração), que também podem auxiliar na redução de emissões de CO². Isso agrega à mobilidade o foco em sustentabilidade, com ônibus mais eficientes, mais econômicos e menos poluentes.

Consciente de suas responsabilidades, a Mercedes-Benz tem o compromisso de contribuir com o desenvolvimento da sociedade na qual está inserida. A marca busca, assim, assegurar mobilidade, qualidade de vida e segurança no transporte para as pessoas, além de preservar recursos naturais para um futuro mais sustentável.

Informações: Mercedes-Benz
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Uso obrigatório de máscaras continua dentro do Metrô BH

terça-feira, 10 de maio de 2022

A CBTU-BH informa que o uso de máscara permanece obrigatório dentro das estações e metrô. O decreto nº 17.943, assinado no dia 26/4 pelo prefeito Fuad Noman, libera o uso facultativo de máscaras em locais fechados, exceto no transporte coletivo e nas respectivas estações de embarque e desembarque, além de estabelecimentos e serviços de saúde e transporte escolar conforme informa o artigo 1º do documento oficial.


Desde o dia 28/4, o uso de máscaras faciais que cobrem nariz e boca passou a ser facultativo em Belo Horizonte, tanto em ambientes internos como em externos. Nos locais ao ar livre, a liberação já havia sido feita há 60 dias, conforme o decreto nº 17.894.


A queda do número de casos positivos para a doença na capital entre os meses de fevereiro e abril de 2022 foram favoráveis à medida. Entretanto, especialistas ainda recomendam o uso da máscara, já que elas funcionam como uma potente barreira protetora ao coronavírus e vírus da influenza, por evitar o contato de gotículas contaminadas de saliva, liberadas através do espirro, tosse e até mesmo conversas, entre em contato com pessoas não positivadas para a doença.

A CBTU-BH reforça a obrigatoriedade do uso da máscara como medida protetiva dentro dos trens e estações, a fim de assegurar a proteção e saúde dos seus usuários e colaboradores.
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Taxis no BRT de Belém é um retrocesso dizem especialistas

segunda-feira, 11 de abril de 2022

No entendimento da professora Patrícia Bittencourt, de disciplinas relacionadas a Trânsito e Transportes da Faculdade de Engenharia Civil da UFPA, o projeto nada acrescenta à mobilidade urbana em Belém. “ Considero o projeto um retrocesso e espero que o prefeito não aprove. A prioridade deve ser para o transporte público coletivo. O sistema de transporte público por ônibus de Belém dispõe de prioridade em pouquíssimas vias. Deveriam dispor de mais exclusividade/prioridade para o TPC (Transporte Público Coletivo), isso sim!”, afirma, destacando que o táxi é um tipo de transporte público individual.


Patrícia externa esperar que  a proposta não vigore, e salienta que “caso contrário, a fiscalização precisa ser intensificada e vai ser um porta para o uso da faixa do BRT por outros usuários do transporte individual (automóveis) e descumprimento da regra”. A professora diz não ter indicadores para avaliar se o Sistema BRT tem contribuído para melhorar o trânsito em Belém. No entanto, observa que “deve-se levar em consideração que o BRT não está em pleno funcionamento e, se assim fosse, com certeza estaria contribuindo de forma efetiva para o sistema de mobilidade da cidade”.

Como sugestões para melhorar o trânsito de Belém, Patricia Bittencourt defende melhorar a eficiência e a qualidade do sistema de transporte público coletivo. “Outras ações importantes: organização do transporte de carga urbana (é muito comum operações de carga e descarga nos corredores da cidade em horários críticos), ações educativas no trânsito, maior fiscalização, melhorar a sinalização, priorizar o transporte cicloviário e incentivar o transporte escolar”, conclui.

O que diz a Semob?
A Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) informa que não foi consultada sobre o projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal de Belém, para o tráfego de táxi nas vias do BRT.  A autarquia explica que o instrumento legal vigente, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), artigo 184, inciso 3º, não permite que outros veículos circulem na via expressa, a não ser os ônibus do BRT. A excepcionalidade é dada, conforme o artigo 29, inciso 7º, aos veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de polícia, os de fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias.

A Semob comunica que, atualmente, existem 5.337 taxistas credenciados para o serviço e o Sistema BRT conta com uma frota de 14 veículos articulados e 50 troncais atuando no município. Em relação a acidentes, em 2021, foram registradas 14 ocorrências na via expressa. Os dados de 2022 ainda estão sendo sistematizados.


Informações: O Liberal
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Como será a realidade do transporte público no pós-pandemia?

terça-feira, 5 de outubro de 2021


Enfrentando uma queda contínua de passageiros desde 2015 e pressionado por uma matriz de custos que subia mais do que a inflação, o setor de transportes públicos já se via em uma crise profunda antes mesmo do início da pandemia. Atingiu-se um ponto onde a tarifa se mostrava cara para o orçamento do trabalhador, mas insuficiente para a remuneração adequada dos provedores do serviço. Sem a participação efetiva do ente estatal para subsidiar parte do custo da operação, a solução tradicional de revisão tarifária acabava por afastar ainda mais clientes do sistema, gerando um ciclo vicioso de aumento de tarifa, seguido de queda de demanda, que pressionava para novo aumento de tarifa. Era o anúncio do fim paulatino e dramático do setor.

Com a chegada da pandemia ao Brasil, ao fim do primeiro trimestre de 2020, um novo desafio de proporções até então inimagináveis se impunha ao já combalido setor. Como garantir um distanciamento social minimamente compatível com a crise sanitária imposta pela covid-19, quando a concepção do serviço, que tem como um dos princípios a modicidade tarifária, impõe uma alta ocupação do veículo, planejado para operar no horário de pico com até seis passageiros por metro quadrado?

Importante destacar que a própria infraestrutura do transporte metropolitano da RMR (Região Metropolitana do Recife), que foi concebida de maneira a possibilitar múltiplos deslocamentos com o pagamento de uma única tarifa, por meio da utilização dos terminais de integração, acaba por gerar pontos de aglomeração naturais, por concentrar um grande número de linhas em um mesmo terminal, a fim de proporcionar as conexões entre as rotas.

Aliada a este contexto, a brutal queda de demanda observada em razão das necessárias medidas restritivas de circulação afetou diretamente a receita do setor, que chegou a observar uma redução de até 80% do número de passageiros, redundando em uma receita insuficiente sequer para bancar os custos fixos das operadoras. A solução de reduzir o serviço a fim de compatibilizar o custo operacional à receita residual do sistema não se mostrava possível, ante à necessidade de diminuir a ocupação dos veículos, em virtude das imposições sanitárias.

O ano de 2020 foi, portanto, de reinvenção do setor. Avaliações diárias do planejamento operacional eram feitas em conjunto com o órgão gestor. Algumas linhas foram suprimidas, outras reforçadas. Ajustes da frota eram realizados de maneira a sempre oferecer o serviço em proporção superior à demanda remanescente, mas não era suficiente. O setor era pautado diariamente pela mídia como “vilão” da pandemia, sem que fosse dada oportunidade sequer de demonstrar os desafios enfrentados por operadores e gestores públicos.

Estava evidente que aquele modelo de financiamento do sistema que já vinha sendo criticado por especialistas há anos, baseado exclusivamente na tarifa pública paga pelo passageiro, precisava ser revisto de forma urgente. Era necessária uma mudança conceitual importante, que possibilitasse às empresas operadoras a remuneração pelo custo do serviço, bem como permitisse ao poder público definir o nível de serviço a ser executado, de acordo com as necessidades dos passageiros, ponderando, inclusive, os impactos orçamentários.

A partir de abril de 2021, com a implementação de mecanismos que possibilitaram, ainda que de forma parcial, um mínimo de equilíbrio na relação custo-receita do setor, a sociedade observou a ampliação significativa da oferta de serviço e a consequente melhora do nível de serviço (que ainda carece de evolução, é verdade).



Outro ponto importante a ser enfrentado era a concentração da demanda nos horários de pico. Tradicionalmente, as faixas horárias das 5h às 8h e das 16h às 19h30 concentram o maior volume de passageiros transportados ao longo do dia. Ocorre que, com as restrições de funcionamento de serviços não essenciais e a significativa redução dos deslocamentos eletivos (lazer, compras, consultas médicas de rotina) e escolares (a maior parte da rede pública ainda segue sem aulas presenciais), a demanda de passageiros, embora reduzida, tornou-se ainda mais concentrada. Era necessário um novo pacto social que possibilitasse um escalonamento do horário de funcionamento das atividades econômicas, como forma de reduzir a pressão sobre o sistema de transporte nos horários de pico.

Fui coautor de uma nota técnica que definia um modelo matemático capaz de simular a demanda do serviço de transporte por faixa horária em função do horário de funcionamento das atividades. Este debate teve uma importância relevante na decisão do poder público de estabelecer balizas nos horários de funcionamento das atividades não essenciais quando da reabertura das atividades. Importante registrar que procuramos diversos setores da atividade econômica para buscar consensos na definição do referido escalonamento, o que nem sempre foi possível.

E aqui reside o segundo ponto importante da necessária evolução do transporte público. Trata-se de uma construção coletiva, que impacta diretamente no modelo de cidade em que pretendemos viver. Colaborar para a construção de um transporte público eficiente e de qualidade é dever de todo cidadão e o primeiro passo é compreender seus desafios, limites e necessidades.

Por isso, a partir dos problemas que atingem o transporte público e dos impactos que a crise da covid-19 proporcionou ao setor, é imprescindível pensarmos no modelo de cidade e como promover a locomoção dos cidadãos na RMR. Nesta projeção para um futuro próximo, deve-se reconhecer que o conceito de cidade inteligente é incompatível com vias congestionadas pela falta de prioridade do transporte público e o estímulo à mobilidade individual motorizada.

Ao pensar na mobilidade no pós-pandemia, é importante também registrar que o transporte coletivo precisa avançar em qualidade. Melhorar o nível de conforto, diminuir a ocupação dos veículos e incrementar a segurança pública. É necessário ainda disponibilizar ferramentas tecnológicas que possibilitem maior informação e conveniência ao passageiro, possibilitando, por meio de smartphone, realizar compra da passagem e obter a previsão de chegada dos veículos.

Investimentos no mobiliário urbano, fornecendo mais informações sobre as linhas que circulam em cada parada e seus itinerários, bem como melhoria na iluminação e qualidade das calçadas a fim de prover mais segurança e conforto para os passageiros são iniciativas fundamentais para recuperar os clientes que ao longo dos anos abandonaram o sistema.

Por fim, pensar em soluções de integração com modais não motorizados, estimulando a sustentabilidade e a conveniência do passageiro que poderia usar os sistemas de bikes e patinetes de forma complementar ao transporte público, mostra-se como uma medida convergente com as tendências de mobilidade do mundo.

Todas estas propostas de solução, observando um custo tarifário compatível com a renda da população, são iniciativas determinantes na decisão do passageiro de utilizar o serviço, sendo a atuação do poder público fundamental para sua efetiva implantação.

Temos, portanto, que, para além da crise, o setor passou a enxergar com esperança a sensibilização do poder público quanto à importância do transporte coletivo enquanto política social. A destinação de orçamento público para investimento na melhoria contínua da qualidade do serviço é uma meta a ser perseguida por toda a sociedade, mesmo após o fim da pandemia.

Por Marcelo Bandeira de Mello

Informações: Exame


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Em SP, Ônibus perdem 5% dos passageiros 3 anos após liberar aplicativos

domingo, 2 de junho de 2019

Três anos após a Prefeitura de São Paulo liberar o funcionamento de aplicativos de transporte, como o Uber e Cabify, o número de passageiros transportados pelos ônibus municipais caiu 5,1%, segundo dados da SPTrans.

Para especialistas em transporte, vários fatores podem ajudar a explicar o fenômeno, como feriados, a crise econômica e a inauguração de novas estações do Metrô e da CPTM. O crescimento dos aplicativos de transporte individual, porém, também é apontado como uma das razões para essa mudança na mobilidade da capital.

Os apps foram autorizados pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT) por meio de um decreto, em maio de 2016. Antes, o Uber operava por meio de uma liminar. 

Nos primeiros 12 meses contados a partir do mês da aprovação, os ônibus municipais fizeram 2,89 bilhões de viagens de passageiros. No ano seguinte, entre maio de 2017 e abril de 2018, esse número caiu para 2,85 bilhões. Agora, até abril de 2019, nova queda foi registrada: 2,74 bilhões de viagens de passageiros.

As quedas representam uma redução no número de passageiros em relação ao verificado na década, já que anualmente o total de viagens ficava em torno de 2,9 bilhões de viagens por ano.

Para o consultor em transportes Horácio Figueira, é notória a influência dos aplicativos no mercado porque eles são um atrativo, especialmente quanto há mais de uma pessoa a ser transportada e a conta pode ser dividida. "A comodidade e o preço acabam atraindo pessoas. Conheço gente que não está indo com seu carro para o trabalho, nem de ônibus, mas de aplicativo".

Ele opina que o novo serviço possivelmente impactou também o transporte sobre trilhos, mas fazer essa associação em números é mais difícil porque Metrô e CPTM inauguraram estações no período e registram aumento de viagens.

Figueira afirma que a perda de passageiros pelo transporte público e um possível aumento de carros nas vias têm influência na mobilidade. Ele diz, porém, ser contrário a limitar a atuação dos aplicativos e que o próprio mercado acabará por se autorregular.

Para o presidente da Associação Nacional dos Transportes Públicos, Ailton Brasiliense, há um entendimento no setor de que os aplicativos causaram perda de demanda, especialmente em grandes cidades como São Paulo. “A viagem de carro a preço acessível acaba roubando parte dos passageiros do transporte público. Nova York já adotou medidas restritivas. Acredito que é um debate que precisará ser feito em algum momento", afirma.

SPTrans

A SPTrans, empresa municipal que administra o serviço de ônibus, afirma que a variação na quantidade de passageiros transportada está relacionada com a inauguração de novas estações e trechos de linhas de sistemas de transporte de massa por trilhos.

"Linhas como a 4-Amarela e 5-Lilás trazem outras opções de deslocamento de uma parcela da demanda de passageiros de ônibus na cidade", diz em nota. Outra fator são as ações de combate às fraudes no uso de gratuidades realizadas pela SPTrans. 

Já o metrô perdeu passageiros por seguidos anos, mas retomou o crescimento em 2018, com a inauguração de várias estações. A CPTM acumula dois anos de alta na demanda.

Liberação

O decreto criado em São Paulo em 2016 foi pioneiro ao liberar o funcionamento dos aplicativos, em meio à disputa pelo mercado com taxistas. No início de 2018, a Câmara dos Deputados liberou o funcionamento dos aplicativos no país, derrubando uma exigência aprovada anteriormente que obrigaria os veículos a terem placa vermelha - uma exigência para veículos de transporte público no país.

Informações: R7.com



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Fortaleza: Especialistas em mobilidade são contra entrada de ''app'' em corredores de ônibus

sábado, 1 de junho de 2019

Tramita na Câmara Municipal de Fortaleza um projeto de indicação que autoriza veículos de transporte particular por aplicativos, como Uber e 99, a trafegarem nas faixas exclusivas para ônibus 24 horas por dia. A proposta é do vereador Paulo Martins (PRTB) e foi apresentada no último dia 22.
Foto: Júlio Cezar

"Além de gerar economia para os motoristas desses aplicativos, essa mudança diminuiria muito o tempo das viagens dos passageiros", defende o parlamentar. O projeto estabelece que a regulamentação e fiscalização da lei será atribuição da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor). O vereador acredita que a proposta será votada em junho, antes do recesso parlamentar. Se aprovado, o texto segue para o prefeito Roberto Cláudio (PDT), que decidirá se a matéria retorna à Câmara em forma de mensagem.

Segundo a Etufor, a capital cearense conta com 111,4 quilômetros de faixas exclusivas, distribuídas em 37 vias. A estimativa do órgão é que 50 mil motoristas de aplicativos atuem na Capital. Procurada pelo O POVO, a Prefeitura de Fortaleza informou que não irá se posicionar, uma vez que esta ainda não foi votada.

A Uber e a 99 não confirmam o número de motoristas associados em Fortaleza. Em nota, a 99 afirmou que "busca dialogar e cooperar com o poder público, em todo o País, em busca de regulamentações que contemplem tanto a geração de renda dos motoristas parceiros quanto a liberdade de escolha dos usuários para se locomover". Já a Uber declarou que "envia, regularmente, comunicações para os motoristas parceiros informando sobre detalhes e procedimentos da regulação em curso".

Para o professor Mário Azevedo, do departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), a proposta é "absurda", "equivocada" e "não faz qualquer sentido".

"Quando você coloca faixa exclusiva, você está querendo ter velocidade, melhorar o tempo, que significa uma coisa boa para as pessoas, porque elas vão chegar mais cedo", argumenta.

Na avaliação do especialista, as faixas exclusivas para ônibus foram expandidas nos últimos anos, aumentando a eficiência do sistema de ônibus da Capital, mas ainda são necessárias mais faixas em outros corredores, dando prioridade ao transporte coletivo. "(Aprovar o projeto) é estragar uma coisa que ainda não está nem pronta", critica.

Outro impacto da medida estaria nos custos. "Vai acabar congestionando as faixas exclusivas. Mais tempo de viagem significa mais ônibus, mais gasto de combustível, maiores custos. Você teria que aumentar a tarifa", aponta o pesquisador.

O presidente executivo do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), Dimas Barreira, também criticou o projeto. "Cada pessoa que sai de um transporte coletivo para um automóvel ocupa 17 vezes mais espaço e amplia o entupimento das vias, prejudicando a cidade e a maioria das pessoas. A Lei da Mobilidade (12.587/2012) é clara e assertiva ao priorizar os meios coletivos em detrimento dos individuais", opina.

Quem também questiona a proposta é o presidente do Sindicato dos Taxistas do Ceará (Sinditaxi), Francisco Moura. "Essa permissão só congestionaria as vias exclusivas, atrapalhando a fluidez do trânsito. Uber e 99 não são transporte público", afirma.

Informações: O Povo 


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