O trânsito da General Neto, onde estava concentrada a manifestação, foi desviado. Dessa forma, somente os usuários do transporte coletivo foram afetados. "Desse jeito não vão conseguir nada. Eles estão isolados aqui e a maior parte da população, a mais prejudicada pela falta de segurança pública, não está vendo porque não tem acesso até aqui, já que o trânsito foi todo desviado", disse Maximiliano Servi, que estava observando a manifestação.
O presidente da categoria dos motoristas e cobradores, Ronaldo Costa, frisa que a intenção foi a de chamar a atenção da cúpula do Governo do Estado e da Secretaria de Segurança Pública do Estado. "Queremos respostas. Se o Polo Naval dá lucro para todos, por que então não há verbas para a segurança pública no Rio Grande? Essa é a hora de se deixar de lado questões partidárias e nos unirmos", salienta. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio, Paulo Arruda, lembrou uma passeata feita pelos comerciários há uns três meses, e que tinha o mesmo intuito. "A onda agora é assaltar os ônibus. Naquele momento a onda era assalto ao comércio e fomos a rua protestar".
Arruda, que pertence também a Intersindical, afirma que o movimento entende que todos os trabalhadores estão sendo afetados. "Ninguém mais tem segurança". Ressalta ainda, quanto a categoria que representa, que a responsabilidade da segurança dentro das lojas é da empresa e do Estado. "Corremos risco de vida diariamente e queremos que os dois se responsabilizem". Leonardo Moraes, representando uma das lojas, estava com mais 40 comerciários apoiando o movimento. "É justa a paralisação, mesmo porque não é só os motoristas, mas todos os usuários que estão em perigo. E nós, comerciários, tememos todos os dias que um assalto ocorra em nosso ambiente de trabalho".
O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivos, Jorge Monteiro Silva, disse que se nestas duas horas não conseguirem chamar a atenção das autoridades, o movimento irá crescer. Ronaldo Costa enfatiza que se não der certo, uma próxima paralisação, onde nem o dia e nem a hora serão divulgados, será feita. "Nossa intenção nesta movimentação não é de prejudicar ninguém, só reivindicar por maior segurança".
Grande parte dos usuários não se mostrou contrária a manifestação. Érica Mello disse que o movimento não atrapalhava em nada. "Até acredito que duas hora são muito pouco. Não vai adiantar nada. A cidade como um todo deveria parar". Débora Fontoura, afirmou que o movimento era mais que válido. "Daqui uns dias seremos nós, os usuários, os assaltados".
O aposentado Carlos Roberto Santos, enfatizou que o ato era um direito da classe. "Só que eles pararam. E para nós, os passageiros, o que será feito? Nós chegamos a ficar nas paradas uma hora esperando. E quando um ônibus aparece, já vem com o letreiro de especial, o que significa que não vai parar. Nós estamos correndo risco dentro dos ônibus e também nas paradas, exatamente por ficarmos expostos", finalizou.
Por Anete Poll / Jornal Agora
Imagem: Fábio Dutra