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Blog Meu Transporte entrevista o Sr. Nelson Menezes, Presidente do Grande Recife Consórcio de Transportes

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O seu nome foi de certa forma foi uma surpresa para dirigir o CGRT, em meio a outros nomes mais conhecidos no ramo de transporte, o que fez com que você aceitasse esse convite?

Resposta – A motivação parte do desafio de promover um avanço no transporte público da Região Metropolitana do Recife. Cheguei para contribuir com o Governo no que se refere à melhoria do transporte público, dando andamento às ações que já estão em curso no Consórcio, com atenção especial aos Terminais Integrados e a mobilidade do Sistema Estrutural Integrado

O CGRT de certa forma foi idealizado e feito para mudar o transporte público e a antiga visão da antiga EMTU, mas de lá pra cá pouca coisa mudou em relação à EMTU, um exemplo disso é a licitação das linhas que parece ainda emperrada?

Resposta – Houve uma evolução importante para o setor com a criação do Grande Recife Consórcio de Transporte, mas queremos muito mais. Este momento que vivemos é essencial para a consolidação do modelo institucional e o desenvolvimento de vários projetos e ações. Mas o trabalho está só começando e os desafios são enormes. E isso nos dá ainda mais responsabilidade e estímulo para trabalhar.

Licitação do Sistema de transporte?

Sobre a licitação do Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife é válido ressaltar que o processo, previsto ainda para este ano, irá regulamentar a prestação do serviço por parte da iniciativa privada, dando condições e garantias na operação das linhas que trafegam por toda a Grande Recife. Além de estabelecer regras de operação e fiscalização, a licitação também buscará melhorar o padrão tecnológico e os critérios de renovação da frota, garantindo a qualidade na oferta de serviço à população.

As empresas de ônibus abandonaram os ônibus com ar-condicionado, o que fazer para que os ônibus voltem a ter ar-condicionado?

Resposta – Atualmente o Grande Recife disponibiliza o sistema opcional, que é operado com ônibus refrigerados. Quatro linhas compõem esta frota, das quais duas foram implantadas este ano. Por se tratar de um serviço opcional, as linhas possuem tarifa diferenciada.

Linhas Opcionais

Porque não ampliar as linhas?

O Consórcio avalia a possibilidade de criar novas linhas opcionais para quem deseja utilizar o serviço com ar-condicionado pagando um pouco mais caro. Contudo, os usuários que não optarem pelo serviço opcional podem utilizar o serviço das linhas convencionais.
No entanto, com a construção dos corredores para Bus Rapid Transit (BRT) – Norte-Sul, Leste-Oeste e BR-101 – os novos ônibus que irão circular nestes locais contarão com sistema de ar-condicionado. O projeto já foi licitado e as obras iniciam no primeiro semestre de 2012, com conclusão prevista para 2013.

Bate Conversa

Ainda sobre os desafios a serem enfrentados, Nelson Menezes falou de vários projetos voltados para a melhoria no setor estão em curso. Segundo ele, o Governo do Estado anunciou em agosto o lançamento dos editais de licitação para as obras de mobilidade que serão realizadas na Região Metropolitana do Recife até a Copa do Mundo de 2014. Inicialmente estão sendo licitadas as intervenções que constam como compromisso do Estado de Pernambuco na Matriz da Copa: o Terminal Integrado Cosme e Damião, a ser construído em São Lourenço da Mata; e a implantação de 52 km de corredores exclusivos do Transporte Rápido de Ônibus (TRO) nos eixos Norte-Sul, Leste-Oeste e Ramal Cidade da Copa - um investimento de R$ 476 milhões, recursos do Tesouro Estadual (R$ 129 milhões) e do Governo Federal, através do PAC da Copa (R$ 347 milhões).

Além do TI Tancredo Neves, que será inaugurado até final do semestre, a Secretaria das Cidades (SECID) vai entregar outros nove terminais integrados à população até 2012 (Aeroporto, Cajueiro Seco, TIP, Xambá, Prazeres, Santa Luzia, Largo da Paz, Barro e Joana Bezerra). Este ano, a secretaria das Cidades inicia a obra do TI Cosme e Damião, em São Lourenço da Mata, próximo a Cidade da Copa, que será entregue à população em 2013, com investimento de R$ 19 milhões - recursos são oriundos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), da Caixa Econômica Federal e do Tesouro Estadual. O total de investimento na construção de todos os equipamentos é de R$ 76 milhões.

Fora todas estas as obras estruturais, o presidente do GRCT falou sobre a licitação da central de monitoramento da frota de ônibus por GPS. “Com essa tecnologia, juntamente com os terminais e corredores que estão sendo viabilizados, conseguiremos dar mais agilidade na operação, acarretando um serviço de mais qualidade para a população”, diz Nelson Menezes.


Clayton Leal/Blog Meu Transporte

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Comec, Assomec, Ferroeste de Curitiba buscam em Recife modelo para transporte integrado

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, considera que a legislação do consórcio público aplicado ao transporte coletivo no Recife, experiência única no Brasil, “perfeitamente possível de ser implantada em Curitiba e região para melhorar a mobilidade da população e democratizar a gestão” do sistema. “Este modelo permite uma participação mais efetiva do Governo do Estado, do Governo Federal e dos municípios, de maneira coletiva, consorciada e integrada, o que permitirá uma racionalização maior e uma melhor eficiência do sistema, que estará se preparando para receber os novos usuários, retirando a sobrecarga sobre o trânsito das cidades pelo uso indiscriminado e irracional do transporte individual”, diz Gomes.
A Ferroeste, a Comec (Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba), a Assomec (Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba), a Urbamar (Urbanização Maringá) e o Labtrans/UFSC conheceram nesta sexta-feira (23) as operações da Grande Recife Consórcio de Transporte, empresa que gerencia o transporte coletivo da região metropolitana da capital pernambucana, através de um consórcio público de 14 municípios. O Labtrans esteve representado pelo professor da Universidade Federal de Santa Catarina, Rodolfo Philippi. Também o presidente da Comec, Alcidino Bittencourt Pereira, depois da visitar os terminais integrados de ônibus e metrô no Recife, disse que o sistema é uma referência nacional e que foi “concebido para aumentar inclusive a oferta do serviço de acordo com a demanda de passageiros. A preocupação central é com o usuário”, ressaltou. “Recife mostrou uma experiência inédita”, disse o secretário da Assomec e prefeito de Pinhais, Luizão Goulart, “que pode ser uma alternativa ao sistema utilizado atualmente na região metropolitana de Curitiba (RMC)”. Goulart disse que vai pedir uma reunião da Assomec para aprofundar a discussão sobre a criação de um consórcio público também no transporte coletivo de Curitiba e região. Segundo Goulart, os municípios da Grande Curitiba têm um sistema que “está longe de ser o mais interessante, por conta de ser monopolizado por uma empresa da Capital”.
Os prefeitos da região, sublinha, “não têm o mínimo controle sobre a tarifa e não podem sugerir qualquer aperfeiçoamento no atual modelo”, ao contrário do que acontece no Recife, em que os municípios e o governo do Estado trabalham de forma colegiada. O presidente da Urbamar, Fernando Camargo, um dos participantes da visita técnica, lembrou que Maringá é a cidade paranaense melhor preparada para receber o transporte ferroviário de passageiros porque já tem vias rebaixadas e várias alternativas de trajeto. “Por isso, estamos sempre procurando as melhores experiências para viabilizar o trem de passageiros”, explicou.
Para o presidente do consórcio público do Recife, Dílson Peixoto, a visita técnica do grupo paranaense “foi extremamente positiva” tanto para conhecer o que está sendo feito pela Ferroeste no Sul do país, quando para compartilhar nossa experiência de consórcio público. “Tenho certeza de podemos contribuir muito para o novo arranjo do transporte coletivo na região metropolitana de Curitiba”. Em reunião de trabalho, Dílson Peixoto também explicou como é “a partilha de poder entre prefeitos e Governo e como são resolvidas as questões políticas entre os participantes do consórcio”.
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Mobilidade Urbana no Recife: Muitos projetos e só um em execução

terça-feira, 19 de abril de 2011

Ônibus e metrô lotados, engarrafamentos e uma explosão de veículos nas ruas. A infraestrutura viária da região metropolitana do Recife não acompanhou o crescimento da cidade.

Sem vazão para o grande número de automóveis e motos, e com o transporte público não atendendo com qualidade à população, a conclusão é que se fosse hoje, Recife não suportaria realizar um grande evento como a Copa do Mundo.


Fonte: Portal 2014

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Para mudar este cenário até 2014, as obras de mobilidade urbana previstas precisam ser agilizadas, e o sinal de alerta já acendeu: de todos os projetos integrantes da Matriz de Responsabilidades, apenas um saiu do papel, o Terminal Cosme e Damião de metrô.

Com obras iniciadas em janeiro deste ano, o Cosme e Damião conta com investimento de R$ 15,8 milhões do governo do estado. Ele vai facilitar o acesso à Cidade da Copa e terá capacidade para receber 40 mil passageiros por dia.

Já as obras do Corredor Via Mangue, primeira via expressa do Recife, com 4,5 km de extensão, deveriam ter sido iniciadas em julho passado. Mas a licitação sofreu atrasos, e os envelopes com as propostas das empresas habilitadas  só foram abertos no dia 23 de março. As propostas agora estão sendo analisadas pela Empresa de Urbanização do Recife (URB), que escolherá o vencedor. O corredor ligará a ponte Paulo Guerra, no bairro do Pina, à avenida Antônio Falcão, em Boa Viagem. Ações de saneamento, urbanização e habitação estão incluídas no projeto, a cargo da prefeitura do Recife. 

Outra obra muito atrasada é o Corredor Norte-Sul. Pelo cronograma original, ela deveria ter começado em abril do ano passado. Com 15 km de extensão, o Norte-Sul passará por seis municípios da RMR, saindo de Igarassu até Cajueiro Seco, em Jaboatão dos Guararapes. A obra ainda não foi licitada, como também não o foi a dos corredores Leste-Oeste e da Avenida Norte. A Secretaria das Cidades esclarece que a licitação só será lançada depois de feita a escolha do modal, ou seja, o tipo de sistema de transporte que será utilizado nos corredores de transporte do Recife. 

BRT ou monotrilho?A escolha do modal para os corredores é um assunto polêmico, inclusive para o meio técnico. Alguns especialistas apontam o BRT (Bus Rapid Transit) como o sistema mais adequado para o Recife, e ele já consta inclusive na Matriz de Responsabilidades. Mas, na opinião do vice-presidente do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia Regional Pernambuco (Sinaenco-PE), Ilo Leite, o monotrilho seria a melhor solução. Segundo ele, o volume de passageiros transportados pelo BRT é limitado: “O BRT não dá conta do tamanho de problema que temos na cidade. A longo prazo, não seria eficiente”, argumenta.

Para o diretor do Sinaenco, o importante é que as obras sejam planejadas "de olho no futuro, e não apenas para resolver demandas imediatas". "A RMR deve ser vista com o olhar do amanhã. Não podemos continuar planejando o país olhando para os pés; temos que nos voltar para a frente”, alerta o especialista.

O Grande Recife Consórcio, órgão gestor do Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR), opera com 382 linhas de ônibus e duas de metrô. No total, dois milhões de passageiros por dia são transportados pelo modelo, que divide-se em sistema complementar e sistema estrutural integrado. O primeiro utiliza veículos convencionais e microônibus, e o integrado opera com linhas de ônibus e metrô. Há diversas alternativas de deslocamento, com integração em terminais fechados e pagamento de tarifa única. Hoje, 13 terminais do sistema estrutural integrado estão em funcionamento e, até o final de 2011, informa o órgão gestor, sete novos terminais serão construídos e dois ampliados. 

Obras complementaresA principal via de acesso até a Arena Pernambuco, a BR-408, está sendo duplicada pelo governo do estado. Com 60% da obra já concluída, e investimento total de R$ 120 milhões, a obra compreende 19,7 km de extensão, entre Carpina, São Lourenço da Mata e Jaboatão dos Guararapes. A previsão de finalização é dezembro de 2011. Para facilitar o acesso ao estádio, serão erguidos também dois viadutos, de 2 km, entre Jaboatão e São Lourenço da Mata, ao custo de R$ 22 milhões. A obra está em fase final de licitação e o prazo de execução é de dez meses.

Principal acesso ao pólo turístico no litoral sul de Pernambuco, a Estrada da Batalha, na PE-008 (Jaboatão dos Guararapes), será duplicada em 6 km, com investimentos de R$ 160 milhões. A obra inclui ainda dois novos viadutos e um túnel, além de um centro cultural e uma grande área urbanizada na região. Um dos viadutos está pronto, e o outro sendo finalizado. Mais da metade das obras do túnel foram feitas e falta concluir a duplicação no trecho entre os dois viadutos.

Em maio próximo, o secretário de Transportes, Isaltino Nascimento, prometeu apresentar ao governador Eduardo Campos um novo projeto de melhoria da mobilidade urbana na região metropolitana do Recife. O projeto Contorno do Recife prevê a requalificação do trecho urbano da BR-101, de Cabo de Santo Agostinho até Igarassu, e a construção de um corredor inteligente de ônibus, que será interligado a vários corredores viários, como o Binário de Cajueiro Seco, avenidas Abdias de Carvalho, Caxangá e Norte. O orçamento inicial da obra é de R$ 400 milhões.
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O calor na rotina de quem usa transporte público no Grande Recife

domingo, 10 de dezembro de 2023

“Não adianta nada colocar ar-condicionado pra ficar uma quentura dessa”, essa foi a afirmação de uma idosa com aparência de 70 anos para o homem ao lado, por volta das 11h30, em um BRT que fazia a linha Abreu e Lima-PCR,. Quando escutei a frase, olhei para o termômetro e ele estava marcando 32,5º. Essa foi a média durante 15 minutos de viagem no trecho entre o Terminal Integrado Pelópidas ao Terminal Integrado PE-15.

Calor e desconforto fazem parte do dia a dia de estudantes e trabalhadores que precisam utilizar o transporte público na Região Metropolitana do Recife. De acordo com o Grande Recife Consórcio de Transporte, quase 1 milhão e 300 mil passageiros circulam diariamente nos 2.159 veículos, distribuídos em 383 linhas. 

Em uma experiência para avaliar as condições de temperatura dos coletivos, percorri o trajeto de Norte a Sul com um equipamento chamado termo-higrômetro, um tipo de termômetro, que mede a temperatura do ambiente. Foram dois dias indo e vindo, em diferentes trajetos realizados em dez ônibus, com o ponto de partida no bairro de Maranguape 1, em Paulista.

1º dia: rumo ao centro e zona oeste
No primeiro dia, o aplicativo no meu celular indicava 31º em Paulista, Olinda e Recife, no entanto, já no primeiro ônibus que fazia a linha T.I Pelópidas/Maranguape 1 a caminho do Terminal Pelópidas Silveira, em apenas 10 minutos de viagem o tal termo-higrômetro chegou a marcar 34º. 

A meta do dia era chegar até o Terminal Integrado Getúlio Vargas, no Cordeiro, zona oeste do Recife, e voltar para Igarassu, no litoral norte. Para isso, a rota foi desenhada para passar pela área central do Recife, pegando o ônibus da linha Igarassu/Dantas Barreto. A escolha não foi casual, nessa linha são comuns as viagens de até duas horas até o centro da capital. Com variações, para mais e para menos, a média de temperatura dentro do coletivo foi de 32,2º. Por se tratar de um ônibus tipo BRT, as janelas não podem ser abertas e quase não há circulação de ar, então, os passageiros são submetidos a um sistema de ar-condicionado que pouco funciona.

Depois de descer na rua Princesa Isabel, em frente à Faculdade de Direito, caminhei até a avenida Conde da Boa Vista para pegar o BRT da linha Camaragibe/Conde da Boa Vista e finalizou na estação Getúlio Vargas, bem diante do terminal integrado, na avenida Caxangá. A viagem começou com 32º e finalizou com 32,5º. Assim como o coletivo anterior, este também tem sistema de ar condicionado. Mesmo em funcionamento, o calor era praticamente igual ao do lado de fora. 

No retorno para a área central, o único transporte de toda a viagem que esteve com a temperatura amena foi o Getúlio Vargas/Conde da Boa Vista, apesar do equipamento indicar 32º quase o tempo todo, o fato do ônibus estar vazio tornou o trajeto até o Derby minimamente confortável. Era hora de voltar para casa. Por isso, desci na praça do Derby, rumo ao norte da RMR. 

No coletivo PE-15/Boa Viagem, a temperatura iniciou com 32,2º e chegou a 34,7º, desta vez o veículo não possuía ar-condicionado e os passageiros contavam apenas com as janelas abertas. Nas proximidades de Olinda, o tempo ficou nublado e abafado, mesmo assim a temperaturas não variou muito. Ao chegar no terminal da PE-15 e seguir para Igarassu, no sexto coletivo do dia, o tempo virou e começaram as pancadas de chuva.

Com a chuva, pensei que o calor iria diminuir, mas isso não aconteceu. Pouco depois das 13h do primeiro dia de campo, o coletivo que fazia a linha PE-15/ Igarassu Sítio Histórico, ainda na integração, marcava 32,2º mas ao chegar no destino já marcava 34,3º.

2º dia: com destino à zona sul
Diferente do primeiro dia, o destino do segundo dia foi a zona sul do Recife, mais precisamente a igrejinha da pracinha de Boa Viagem. Seguindo pelo corredor Norte/Sul, o trajeto foi feito no ônibus da linha PE-15/Boa Viagem percorrendo a PE-15, avenidas Agamenon Magalhães e Domingos Ferreira. 

Saindo do T.I PE-15, em Olinda, o termohigrômetro marcava 31,7º, mas o número na tela de cristal líquido foi aumentando. Sobre o viaduto Capitão Temudo, após a ponte Joana Bezerra, o equipamento marcou surpreendentes 37,1º. Essa viagem durou aproximadamente 1h10, só amenizando o calor no final da avenida Domingos Ferreira, em uma área mais arborizada. O veículo não tinha ar-condicionado.

“É complicado, mas a gente se acostuma” 
A frase do subtítulo acima foi dita pelo motorista Ricardo Silva, que trabalha no transporte coletivo há 15 anos. Atualmente dirigindo ônibus na linha Rio Doce/ Piedade, que cruza as cidades de Olinda, Recife e Jaboatão dos Guararapes em uma viagem de duração de aproximadamente 2h30, Ricardo afirmou que “algumas pessoas reclamam do tempo, da demora e do calor”. 

Ele, que não usa o pequeno ventilador que vi com alguns motoristas. O motivo é simples: ele não gosta, afirma que bom mesmo seria o ônibus com ar-condicionado. “Seria uma maravilha”, afirmou.  

De acordo com o Grande Recife Consórcio, apenas 417 coletivos têm ar-condicionado, equivalente a pouco mais de 15% do total da frota. Em 2019, a Assembleia Legislativa de Pernambuco aprovou a Lei 16.787/2019, que previa a refrigeração gradativa dos ônibus da RMR em até quatro anos. 

Segundo o texto, no art. 1° “esta Lei estabelece metas e condições para a realização de investimentos na renovação da frota de veículos integrantes do Sistema Estrutural Integrado – SEI da Região Metropolitana do Recife – STTP/RMR, nos exercícios de 2020 a 2023”.

Até o final deste ano, “as permissionárias dos serviços de transporte público de passageiros deverão renovar a frota que ultrapassar 8 (oito) anos de vida útil” além de “no mínimo, 70% (setenta por cento) dos novos veículos renovados a cada ano serem equipados com ar-condicionado e possuírem capacidade igual ou superior a dos veículos substituídos”. 

No entanto, o Grande Recife se justificou afirmando que “a Lei 16.787/2019 estabeleceu metas de aumento de frota com o ar-condicionado, sendo que ‘o impacto tarifário da renovação da frota (…) deverá ser previsto nas revisões tarifárias (…) como condição de eficácia das metas estabelecidas. Nas últimas deliberações sobre tarifa, o CSTM – Conselho Superior de Transporte Metropolitano -, não incluiu custos para ampliação de frota com ar.”

Também foi informado que “tão logo tenhamos atendida a previsão legal, ou seja, o  CSTM prever o impacto na revisão tarifária, teremos condições de promover a esperada ampliação. Atualmente 16,6% da frota do Sistema de Transporte possui ar-condicionado. Cabe aqui destacar que o Estado de Pernambuco tem subsidiado o sistema, já que o custo de operação é maior que a receita arrecadada.”

“Transporte público não é prioridade dos governantes”
Apesar do Grande Recife Consórcio afirmar que o estado já garante subsídio ao sistema de transporte público da RMR, o especialista em mobilidade urbana e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Leonardo Meira acredita serem necessários mais investimentos efetivos para melhorar a circulação dos coletivos na cidade. 

“Acredito que, a despeito de alguns investimentos que foram feitos, principalmente, na época da Copa do Mundo, o transporte público não é prioridade dos governantes há muito tempo.  Ao menos não prioridade efetiva, com investimentos, com melhorias. Então, ele foi caindo de qualidade, foi recebendo cada vez mais concorrência.”

Os transportes por aplicativo que, muitas vezes, tem um preço compatível com as passagens de ônibus, faz com que o passageiro escolha a opção mais confortável, gerando um ciclo de queda na receita e, consequentemente, da qualidade do serviço, sobrando para quem não tem condições de custear uma viagem em carro particular diariamente.

Para o professor, a implementação dos ar condicionados também está diretamente ligado à questão financeira. “Ele custa alguns milhares de reais e vai custar no preço do ônibus e a tarifa não está levando em conta esse valor. Então o empresário não vai colocar um ar condicionado a mais se ele não recebe, entendeu? Então ele precisa entrar nessa conta, seja com um financiamento do Estado”, afirmou. 

Meira afirma ainda que um modelo para o transporte público no qual as autoridades do Recife e da Região Metropolitana poderiam se espelhar é o sistema Transmilênio, de Bogotá, na Colômbia. Para ele, “talvez seja um bom exemplo e de outros sistemas de países em desenvolvimento com situação semelhante ao Brasil, de BRT ou de VLT. No Brasil é difícil citar um bom exemplo, porque as capitais brasileiras, em regra, são bastante parecidas no que diz respeito a essa dificuldade com o transporte público”.

Informações: Marco Zero

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Transporte público passa por reformulação em Recife

quinta-feira, 11 de junho de 2009


Integração. Pioneirismo. Ampliação. Esses são alguns dos planos idealizados para o Sistema de Transporte Público de Passageiros para a Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR) prometido pelo Grande Recife Consórcio de Transporte (GRCT). Algumas das medidas já estão em ação, como a mudança no formato de bilhetagem eletrônica e a expansão do Sistema Estrutural Integrado (SEI), com a construção de 11 Terminais Integrados (TI), sendo dois deles com previsão para funcionamento ainda neste semestre. Enquanto isso, com pouco mais de um ano de inauguração, parte do Corredor Leste-Oeste, que compreende a avenida Conde da Boa Vista até a Praça do Derby, encontra-se sucateada por falta de manutenção.
O Grande Recife Consórcio de Transporte (GRCT) entregará os dois primeiros dos 11 Terminais Integrados (TIs) planejados para a Região Metropolitana do Recife (RMR). O custo de todos os terminais está orçado em R$ 60 milhões, beneficiando mais de 1,8 milhão de habitantes diariamente. O terminal Pelópidas Silveira, localizado na PE-22, em Paulista, e o terminal de Xambá, no Cabo de Santo Agostinho, serão entregues neste semestre. Através deles, a população pagará uma única tarifa por sentido e terá à disposição diversas opções para deslocamentos, reduzindo o gasto com transporte.A construção de terminais integrados, além de outras melhorias marcam, aos poucos, a mudança do Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STTP/RMR) da EMTU para o Grande Recife Consórcio de Transporte (GRCT). Das 14 cidades que integram a RMR, por enquanto, Recife e Olinda aderiram ao consórcio. As demais já possuem intenção.“Esse tipo de gestão possibilita a uniformização do sistema de transporte em todos os municípios, sobretudo em termos de tecnologia e integração. Pelo consórcio, haverá maior integração operacional e tarifária entre redes municipais e intermunicipais, melhorando a eficiência e qualidade dos serviços de transporte para a população”, prometeu o presidente da GRCT, Dílson Peixoto.Segundo o presidente da CTTU, Carlos Padilha, a entrada do Recife no consórcio é uma forma de melhorar o sistema de transporte público em toda a RMR. “Pelo fato de estarmos situado dentro de uma região metropolitana e que recebe influências das cidades localizadas em seu entorno, a entrada neste consórcio possibilita a re-estruturação do sistema de transporte público de toda a região, beneficiando não só os recifenses, como também aqueles que trabalham na cidade e moram em outro município”, destacou.
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No Recife, Audiência busca soluções para o transporte público na RMR

terça-feira, 20 de junho de 2023


Problemas estruturais e operacionais do transporte público da Região Metropolitana do Recife (RMR) motivaram uma audiência pública na Assembleia Legislativa, nesta segunda (19). Gestores, trabalhadores, representantes de empresas e usuários estiveram presentes. Eles buscaram articular melhorias no sistema para garantir mais mobilidade e acessibilidade, além de diminuir o tempo esperando pelos ônibus ou nos deslocamentos. A reunião foi organizada pela Comissão de Assuntos Municipais da Alepe. 

DIMINUIÇÃO – Marcelo Bandeira, da Urbana-PE: número de passageiros é 56% do que era há 10 anos. Foto: Roberta Guimarães.

Diretor de inovação do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE), Marcelo Bandeira expôs dados sobre a redução do número de passageiros. O número atual corresponde a 56% do que era transportado há uma década. E, segundo ele, a principal queixa dos usuários se refere ao tempo de espera. 

Além de sugerir novos mecanismos para o financiamento do sistema (taxas, pedágios urbanos, estacionamentos), Bandeira defendeu mais diálogo entre as prefeituras da RMR: “As autarquias municipais precisam conversar e entender o planejamento do Grande Recife.”

Representante dos usuários, Clayton Leal, do Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM), elencou o sucateamento da frota, a falta de acessibilidade e a proposta de implantação de catracas mais altas entre as dificuldades do Sistema de Transporte Público de Passageiros (STPP). Ele ainda cobrou a realização da licitação das linhas de ônibus, que está sob análise do Tribunal de Contas de Pernambuco. 

USUÁRIOS – Clayton Leal cobrou a realização da licitação das linhas de ônibus. Foto: Roberta Guimarães.

Por sua vez, o presidente do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, Aldo Lima, lamentou os assaltos que trabalhadores e passageiros sofrem nos coletivos. “Os rodoviários estão sendo agredidos e enfrentam riscos constantes. Muitos sofrem adoecimento psíquico devido à violência”, relatou. 

Lima ainda frisou os níveis de estresse a que os motoristas estão expostos, por conta de flores como calor, dupla função (motorista e cobrador) e congestionamentos. “Esses trabalhadores sequer têm um plano de saúde para se cuidarem”, advertiu.
Representantes do Governo

GOVERNO – Secretário Evandro Avelar avaliou que as questões do sistema são estruturais. Foto: Roberta Guimarães.

Secretário de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco, Evandro Avelar avaliou que as questões do sistema não são apenas operacionais, mas de estrutura. O gestor citou a necessidade de ações estratégicas como a construção do arco metropolitano e o investimento na atualização da operação do metrô. “É preciso garantir um financiamento público específico para o sistema de transporte”, propôs o gestor, tomando como exemplos mecanismos como o SUS e o Fundeb.

Presidente da Autarquia de Trânsito e Transporte do Recife (CTTU), Taciana Ferreira destacou a importância da revisão do Plano Diretor da Região Metropolitana. Superintendente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Dorival Martins afirmou a importância da expansão do transporte metroferroviário para melhorar a qualidade de vida da população, reforçando a necessidade de que chegue ao complexo de Suape.

Encaminhamentos

PROPOSTAS – João Paulo vai encaminhar audiência com TCE para tentar destravar licitação dos ônibus.

Autor do pedido de realização da Audiência Pública, o deputado João Paulo (PT) cobrou “coragem política” para enfrentar os problemas do transporte público. “Parte dos problemas demanda grandes investimentos, mas há aqueles que podem ter soluções mais simples e rápidas. É preciso comando político e articulação entre Estado e Prefeituras, além de coragem dos prefeitos”, afirmou. 

O parlamentar apresentou os encaminhamentos da audiência desta segunda. Segundo João Paulo, será elaborado um relatório da comissão, a ser enviado aos setores competentes, e se buscará uma audiência com o TCE para tratar da licitação das linhas de ônibus. Também será sugerido ao Governo do Estado a formação de um grupo de trabalho permanente com representantes de órgãos públicos e da sociedade para discutir o sistema de transporte.

O presidente da Comissão de Assuntos Municipais, josé Patriota (PSB) lamentou que apenas dois municípios da RMR (Recife e Olinda) integrem hoje o Grande Recife Consórcio de Transporte. Ele defendeu que haja integração “horizontal”, entre os municípios, e “vertical”, com os governos estadual e federal. 

Os deputados Mário Ricardo (Republicanos), Dani Portela (PSOL) e Romero Sales Filho (União) também participaram dos debates. A audiência ainda teve a presença de representantes do Grande Recife Consórcio de Transporte, Ministério Público e OAB-PE, entre outras instituições.

Informações: ALEPE
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Governo lança Plano Diretor Cicloviário na Região Metropolitana do Recife

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

A Região Metropolitana do Recife já tem o seu Plano Diretor Cicloviário. Segundo as diretrizes apontadas no documento, a RMR deve ganhar até 2024 uma rede com 590 km de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. O documento, encomendado pelo Governo do Estado e pela Prefeitura do Recife, foi construído por gestores e técnicos dos 14 municípios da RMR e fundamentado por especialistas da área de transporte, com apoio de ciclistas e de grupos de pedal da RMR.

Trata-se de um estudo mais aprofundado do sistema de bicicletas, um diagnóstico de quem são os usuários deste modal na RMR, a estrutura que eles dispõem hoje, para onde eles se deslocam e como a cidade de se movimenta. Através desse estudo, o documento traça metas para os gestores públicos do Estado e dos Municípios para que os mesmos executem suas ações baseados em estatísticas e em um planejamento estratégico.

Na solenidade de lançamento do Plano, nesta quarta-feira (5), às 16h, no Centro de Convenções de Pernambuco – sede provisória do Palácio do Governo, o governador Eduardo Campos e o secretário das Cidades, Danilo Cabral, anunciarão também uma série de outras ações referentes ao tema, como a criação do Escritório da Bicicleta (vinculado à Secretaria das Cidades), que tem objetivo de gerenciar e por em prática as ações propostas no documento. Também assinam o edital de licitação para as obras de requalificação da PE-15, que além de tratamento urbanístico, vai receber uma ciclovia ao longo de toda a sua extensão. A iniciativa, inclusive, está inserida entre as principais ações apontadas pelo Plano no que se refere à Rede Cicloviária Metropolitana.

O Plano Diretor Cicloviário foi elaborado pelo Consórcio TECTRAN (Empresa com sede em Belo Horizonte)/IDOM (Empresa com sede em São Paulo), ao longo de oito meses. Para elaboração do Plano Diretor diversas oficinas foram realizadas com a participação de técnicos da área de trânsito e transporte de secretarias Estaduais e Municipais, além de ciclistas e cicloativistas. O investimento na elaboração do Plano foi de R$ 630 mil.

Dados - Segundo pesquisa realizada para elaboração do Plano, 58% dos ciclistas da RMR utilizam a bicicleta como principal meio de transporte para ir ao trabalho. A pesquisa de mobilidade foi aplicada em 74 pontos da Região Metropolitana e a escolha dos pontos definida a partir de locais com grande circulação, como as estações da rede de metrô da RMR e terminais de ônibus, além de interseções identificadas como importantes trechos de demanda por ciclista. Foram aplicados 2.804 formulários.

Segundo o secretário Danilo Cabral, este documento é fundamental para orientar e apontar as diretrizes que vão nortear a política de mobilidade do Estado. “O plano foi criado para ajudar os governantes a vencer os desafios da mobilidade nas suas cidades, ampliando a eficácia das ações realizadas no sistema de transporte, sobretudo no que se refere ao modal bicicleta e sua integração com o transporte público”, disse.

O PDC/RMR foi dividido em cinco linhas estratégicas. A primeira trata da Infraestrutura onde uma rede de itinerários de rotas cicloviárias foi planejada e distribuída de acordo com a demanda de ciclistas. A Educação também ganhou um papel de destaque no plano por meio da elaboração de diversos projetos educativos incentivando um novo paradigma de mobilidade, fazendo com que a bicicleta seja vista como um meio de transporte cotidiano. O Plano trata ainda da Gestão, das Campanhas envolvendo o tema e da Legislação vigente, garantindo que o conhecimento das leis não só facilite o deslocamento dos ciclistas pelas vias como também proponha uma política de segurança.

Infraestrutura - De acordo com o Plano, a rede cicloviária deve ser dividida em duas frentes, sendo a primeira denominada como Rede Metropolitana com 244 km de ciclovias distribuídas pelos municípios da RMR. Esta, sobre a responsabilidade do Estado. A segunda, denomina-se Rede Complementar, com 346 km de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas – uma responsabilidade dos municípios.

O Governo do Estado, além de implantar a Rede Cicloviária Metropolitana, também é responsável por promover a articulação intermunicipal, ligando principalmente os corredores de transporte público às ciclovias. Já a Rede Cicloviária Complementar conecta principalmente os terminais de transporte coletivo à Rede Cicloviária Metropolitana. Sendo composta, em sua maioria, por ciclofaixas e ciclorrotas distribuídas em ruas paralelas às principais vias.

Estacionamentos - A implantação de estacionamentos para as bicicletas também é uma orientação do documento. O Governo já vem trabalhando para tornar essa premissa uma realidade com a instalação de bicicletários nos Terminais Integrados.  O plano aponta para a instalação de 60 bicicletários nos principais Terminais e estações de transporte público, totalizando 19 mil vagas.

Orçamento - O plano aponta um orçamento total de R$ 354 milhões, recursos a serem aplicados a curto, médio e longo prazo. De responsabilidade do Governo do Estado, serão R$ 187 milhões (53%) e das prefeituras da RMR R$ 166 milhões (46%). Os investimentos estão baseados no horizonte até o ano de 2024.

Informações: Sec. Cidades PE

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Recife: Tá tudo no papel

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O governador Eduardo Campos, assim como tantos outros, prometeu inúmeros projetos para priorizar a mobilidade urbana da Região Metropolitana do Recife. Mas até agora pouca coisa fez. Tudo ainda está no papel. Estradas estão sendo duplicadas com a participação do governo federal, como é o caso das BRs-101, 408 e 104, o que é excelente. Mas ações voltadas para dar prioridade ao transporte público não vingaram. No máximo, o governo do Estado construiu os terminais integrados da PE-22, em Paulista, e do Cabo de Santo Agostinho, nas áreas norte e sul da Região Metropolitana, respectivamente. São intervenções importantes, especialmente por estarem no papel há mais de 20 anos, tempo de vida do Sistema Estrutural Integrado (SEI) - modelo de integração pernambucano que nos diferencia no País. A construção do TI do Cabo também representa um avanço social. Isso porque aquela região até então não era beneficiada pelo SEI.

Mas isso não basta. Terminal de ônibus é algo relativamente fácil e barato de fazer. Aliás, o poder público tem obrigação de fazê-lo. O povo paga altos impostos para isso. O que as cidades precisam é de projetos ousados, que deixem claro que o transporte de massa tem que ter e terá prioridade sobre o transporte individual. Seja na concepção, seja na prática, garantindo espaço nas ruas para o ônibus. Projetos dentro dessa proposta nós temos há muitos anos e ainda há vários outros prometidos pelo governador Eduardo Campos.

Vejam os exemplos: 1) Corredor Norte-Sul, eixo exclusivo de transporte com 45 quilômetros que ligaria o norte ao sul da Região Metropolitana do Recife pelas Avenidas Agamenon Magalhães e Domingos Ferreira, num modelo semelhante ao utilizado em Curitiba (PR). Os curitibanos têm os BRTs, conhecidos por operarem com ônibus grandes, pistas exclusivas e pagamento antecipado das passagens. 2) Corredor da Avenida Norte, que representaria a requalificação de um dos mais importantes corredores radiais do Recife, que liga a Zona Norte ao Centro da cidade. A proposta era construir uma pista elevada e exclusiva para os ônibus na maior parte da via.

3) Requalificação e prolongamento do Corredor Leste-Oeste, que prevê a adequação do projeto implantado pela Prefeitura do Recife à proposta operacional curitibana, dos BRTs. Além disso, o corredor seria prolongado para chegar a São Lourenço da Mata, no Grande Recife, e onde será construída a Arena da Copa do Mundo. 4) Por último, a licitação das 264 linhas de ônibus em operação na Região Metropolitana. Prevista por lei há anos, a promessa de realizar a concorrência pública não foi feita pelo atual governador. É anterior a ele. Foi assumida ainda na primeira gestão do governador Jarbas Vasconcelos. Só que Eduardo Campos fortaleceu a promessa na pessoa do presidente do Grande Recife Consórcio de Transporte e atual secretário estadual das Cidades, Dilson Peixoto. Mas até agora nada.

Há sempre uma desculpa. O poder público jura que tudo está quase pronto e tem sempre uma data para prometer. A imprensa publica e nada vinga. E assim acontece sucessivamente. Este ano, mais uma vez há a desculpa das eleições, que engessam os governos. Mas a verdade é que falta decisão política de fazer, habilidade para conseguir recursos e pulso firme para contornar as resistências. E mais: entre o poder público e políticos, virou costume prometer por prometer. Ninguém é preso ou punido por prometer. Ainda mais num País sem memória como o nosso. Só que agora tudo é diferente. A Copa do Mundo de 2014 está chegando e estamos completamente despreparados. Se a coragem e determinação dos gestores não prevalecerem, será um vexame mundial. Portanto, é bom pensar nisso.

Fonte: JC Online

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Olinda entra no Consórcio Grande Recife de Transportes

terça-feira, 16 de março de 2010


A partir desta terça-feira (16), o Sistema de Transporte Municipal de Olinda composto por seis linhas troncais e nove linhas complementares passa a operar sob a gestão do Grande Recife Consórcio de Transporte. A ação é mais uma etapa do processo de fortalecimento do sistema metropolitano, iniciado, em 2008, com a criação do consórcio, que desde então conta com o governo do Estado e as prefeituras de Recife e Olinda como entes consorciados. A cerimônia que marcará a transferência da administração acontece, hoje, às 15h, na sede da Prefeitura de Olinda, com a presença do prefeito do município, Renildo Calheiros, do secretário das Cidades, Humberto Costa e o presidente do Grande Recife, Dilson Peixoto.
Com o ingresso no Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR) os usuários destas linhas passam a contar com benefícios como: acesso à bilhetagem eletrônica (incluindo usuários do VEM Estudante, VEM Trabalhador e VEM Infantil); garantia das gratuidades (para idosos e pessoas com deficiência); renovação da frota (cuja idade média cairá de oito para quatro anos de imediato); abatimento nas tarifas aos domingos; possibilidade de integração ao Sistema Estrutural Integrado, que tem como principal característica a circulação em quase toda a RMR com o pagamento de apenas uma tarifa por sentido; ampliação da capacidade de transporte (já que os micro-ônibus possuem mais lugares que as kombis e vans utilizadas até então), entre outras.
As linhas irão operar com 98 veículos, sendo 25 micro-ônibus (para as linhas complementares) e 73 ônibus convencionais (para as linhas troncais). Deste total, 47 são veículos novos (os 25 micros e 22 ônibus), acessíveis para pessoas com mobilidade reduzida. Outros 15 ônibus convencionais serão substituídos por veículos zero quilômetro, em até 120 dias.
A operação do sistema será feita pelas mesmas empresas que vinham operando sob a administração do município de Olinda: Caxangá, Rodotur e Rodolinda (linhas troncais) e pela Cooperativa dos Permissionários de Transporte Complementar de Pernambuco (Cootraol). A administração dos terminais do Caenga e de Ouro Preto também ficará a cargo do Grande Recife, que fará algumas ações de readequação dos equipamentos, nos moldes dos que são operados pelo STPP/RMR.
Com a migração as linhas também serão incluídas na Câmara de Compensação Tarifária, responsável pelos cálculos de remuneração do STPP/RMR. Para garantir o equilíbrio do sistema será realizado o realinhamento tarifário das linhas envolvidas no processo, cujas tarifas são atualmente de R$ 1,50. Será adotado o Anel A (equivalente a R$ 1,85), atualmente utilizado por 80% das linhas do sistema metropolitano. Em função de uma decisão conjunta, do prefeito de Olinda e presidente do Grande Recife, durante o período de 45 dias, após o início da operação, será aplicada uma tarifa de transição, no valor de R$ 1,70.
Para o presidente do Grande Recife Consórcio de Transporte, Dilson Peixoto, a transferência do sistema municipal de Olinda para o consórcio é um avanço importante. Quando o consórcio foi criado, em 2008, a migração estava prevista. Trabalhamos bastante, em parceria com a prefeitura de Olinda, para garantir as condições ideais para que isso acontecesse. Agora, dentro do STPP os usuários terão acesso a benefícios que inacessíveis, afirmou.
O secretário das Cidades, Humberto Costa, enfatiza o trabalho que vem sendo feito a outros municípios da RMR, que estão avançando em direção ao cumprimento das etapas necessárias para o ingresso no consórcio. O modelo de gestão metropolitana é sem dúvida a melhor forma de administrar uma área como a do transporte coletivo. Temos acompanhado com muito ânimo a busca dos demais municípios da RMR para garantir o acesso a todos os benefícios que o STTP/RMR representa. Paralelamente ao evento, os veículos novos serão apresentados às comunidades que são atendidas, através de um desfile pelas ruas e avenidas locais.
STPP - O Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR) é explorado, hoje, por 17 empresas operadoras, que juntas, possuem uma frota de 2,7 mil veículos. A demanda média, diária, em toda a RMR, é de 1,8 milhões de passageiros catracados (incluindo os que utilizam o STPP através da integração com o Metrô). Com a migração o número de linhas sobe de 368 para 384 (somando as 15 vindas do sistema municipal de Olinda e a recém criada 486-Penedo/TI Camaragibe).

Fonte: Jus Brasil

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Recife: Investimentos proporcionarão maior fluidez, qualidade e segurança

sábado, 10 de julho de 2010


Em 2014, o Brasil sediará, pela segunda vez em sua história, uma Copa do Mundo. Embora ainda faltem quatro anos para o início do campeonato, o Grande Recife Consórcio de Transporte já deu início aos preparativos para o evento. Com projetos prontos e investimentos garantidos, o órgão gestor do Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR) irá construir quatro corredores exclusivos de ônibus e um Terminal Integrado de ônibus para atender à Cidade da Copa.

A requalificação da BR-101 também será executada, somando-se aos projetos na área de mobilidade. A execução desta obra será de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Para garantir que os projetos voltados para o mundial de futebol saiam do papel, os governos estadual e federal estão investindo cerca de R$ 3,7 bilhões, incluindo recursos obtidos através do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), Caixa Econômica Federal (PAC da Copa) e tesouro estadual. Desse total, cerca de R$ 600 milhões estão garantidos para o setor de transporte. Ao Grande Recife, cabe a execução dos seguintes projetos: construção dos corredores Norte/Sul, Leste/Oeste e da Avenida Norte, além do Terminal de Integração da Cidade da Copa, no município de São Lourenço.

Projetos
O investimento para os projetos dos corredores Norte/Sul, Leste/Oeste e da Avenida Norte será de aproximadamente R$ 475 milhões. Os recursos serão aplicados para colocar em operação um equipamento de vias e faixas exclusivas e segregadas para o tráfego dos coletivos e implantação de estações de embarque/ desembarque modernas e adequadas aos padrões internacionais de mobilidade e segurança. Os três corredores irão possibilitar a criação de aproximadamente 63 quilômetros de vias exclusivas para o transporte coletivo. A expectativa é que o edital de licitação das obras dos corredores seja publicado em julho deste ano.

Uma atenção especial também será dada aos trechos da RMR cortados por rodovias federais. O primeiro diz respeito à requalificação da BR-101 - que será executada pelo DNIT, com a construção de uma faixa exclusiva para ônibus que terá início em Abreu e Lima, seguindo pelo município de Paulista, passando pela Macaxeira e chegando à cidade de Jaboatão dos Guararapes. A previsão é de que a obra seja concluída em 2012.

A BR-408, um dos principais eixos de ligação com o município de São Preparativos para a Copa de 2014 Investimentos proporcionarão maior fluidez, qualidade e segurança para o transporte público Lourenço da Mata, onde será construída a Cidade da Copa, também ganhará atenção especial. Lá será implantado um corredor exclusivo de ônibus, nos moldes do Transporte Rápido por Ônibus (TRO), projeto semelhante ao dos corredores Norte/ Sul, Leste/Oeste e da Avenida Norte. Orçado em cerca de R$ 99 milhões, o equipamento irá permitir a ligação entre a Avenida Caxangá e a BR-408.

Para que os torcedores possam chegar o mais próximo possível do local do evento, o Grande Recife irá construir o Terminal de Integração Cidade da Copa - Cosme Damião, que será interligado a uma estação do metrô - que também será erguido dentro do pacote de obras de infra-estrutura para a Copa. O projeto para a construção do complexo está sendo planejado e a previsão de conclusão da obra é 2012. O investimento para a construção do terminal é de R$ 16 milhões.
Estrutura
Para o secretário das Cidades e presidente do Grande Recife, Dilson Peixoto, a estrutura planejada vai oferecer conforto e segurança para moradores, visitantes e turistas. “Estamos pensando na mobilidade das pessoas. Os usuários terão à disposição um serviço com equipamentos que permitirão o pagamento das tarifas nas estações, agilizando o processo de embarque. O piso das estações será elevado, possibilitando o embarque no mesmo nível da entrada dos coletivos”, ressaltou.

Na visão do governador Eduardo Campos, os investimentos trarão uma mudança radical em relação ao modelo atual. “A Copa do Mundo deixará um legado de modernidade e melhorias significativas para o sistema de transporte da Região Metropolitana do Recife”, afirmou.



Fonte: Consórcio Grande Recife
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Mobilidade urbana desafia grandes cidades como Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Recife e Salvador

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Os problemas de mobilidade urbana no Brasil se repetem há anos: excesso de veículos nas ruas, transporte coletivo deficitário e em alguns casos precário, execução lenta de obras de infraestrutura e falta de ações conjuntas entre municípios da mesma região metropolitana. De uns tempos para cá, no entanto, a situação está se agravando. Com o bom momento da economia brasileira e o estímulo da indústria automotiva, ficou mais fácil comprar um veículo. Já chega a 47% o total de domicílios no País que possuem automóveis ou motocicletas para atender o deslocamento dos seus moradores. Em 2008 o número era de 45,2%, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que prevê elevação desse porcentual. Esse movimento vai na contramão do que defendem especialistas de trânsito. Segundo eles, se não houver investimentos volumosos no transporte coletivo, a mobilidade deve ficar cada vez mais comprometida e a cena urbana frequente será a dos congestionamentos.

Ao mesmo tempo, as principais capitais estão diante de uma oportunidade única, ao ter pela frente dois grandes eventos que podem mudar esse cenário. Com a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, o País deve receber bilhões em investimentos, dos quais uma boa fatia para a infraestrutura de transportes. Os principais projetos envolvem ampliação e construção de novas vias e principalmente a implantação do sistema Trânsito Rápido de Ônibus (BRT, na sigla em inglês), um estrutura que permite o deslocamento rápido dos passageiros por meio de estações de transferência e corredores exclusivos. Das 12 cidades-sede da Copa, nove têm projeto nesse sentido. As propostas, segundo fontes consultadas pela Agência Estado, não vão resolver todos os problemas, mas podem diminuir de forma considerável os gargalos da mobilidade urbana.

A cidade de São Paulo é de longe o maior exemplo do excesso de veículos nas ruas, com sua frota de 6,9 milhões ante uma população de 11,2 milhões - uma média de um veículo a cada 1,6 habitante. Em 2010, essa saturação causou em média congestionamentos de 99,3 quilômetros nos horários de pico. Os desafios da mobilidade nas grandes cidades, no entanto, não são causados só pela multiplicação dos carros nas ruas. Em Salvador e no Rio de Janeiro, a configuração das vias é espremida entre os morros e o mar, o que dificulta a fluidez do trânsito e impõe soluções de engenharia distintas.

Lentidão na execução de obras de infraestrutura é um outro entrave. São Paulo e Cidade do México, por exemplo, começaram na mesma época a construção do metrô, no início da década de 1970. Hoje, a capital mexicana possui uma malha quatro vezes maior em extensão.

Além disso, há uma forte demanda por transporte coletivo de qualidade, o que, na visão de especialistas, significa atender itens como conforto, pontualidade, frequência e cobertura do trajeto aliados a uma tarifa condizente. Sem essas condições, a população prefere migrar para o transporte individual.

A implantação do BRT é o principal projeto de mobilidade urbana apresentado pelas cidades-sede da Copa para aliviar os gargalos. A proposta consiste em um sistema de ônibus que trafegam em corredores exclusivos e possuem embarque e desembarque ágil, sem degraus (a plataforma fica no mesmo nível do ônibus), maior número de portas e cobrança da tarifa fora do veículo, antes do embarque. O modelo foi implantado com sucesso em Curitiba e exportado para Bogotá, na Colômbia. De acordo com especialistas, como a demanda por transporte coletivo é alta nas cidades, o BRT corre o risco de já nascer operando no limite. O ideal, nesses casos, seria a implantação do metrô, mas que tem um custo final mais alto.

CURITIBA

Pioneira em projetos de transporte urbano, Curitiba luta para continuar como cidade de referência nessa área. Para isso, tenta fazer com que a população diminua o uso do carro. "O automóvel não é sustentável dentro de uma sociedade moderna", afirma Marcos Isfer, presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs), responsável pelo planejamento de transporte e trânsito.

Para se ter uma ideia, a capital paranaense registrava em outubro de 2010, segundo o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), 1,1 milhão de veículos, dos quais 845.774 automóveis e 109 mil motos, para uma população de 1,7 milhão de habitantes (Censo 2010 do IBGE). "Há uma excessiva motorização individual. Você exclui crianças e idosos e tem quase um carro para cada dois habitantes. Além disso, o sistema de transporte público está sobrecarregado. Muita gente da região metropolitana usa o transporte de Curitiba", diz Fábio Duarte, professor do programa de Gestão Urbana da PUC-PR.

Para ele, uma das soluções seria a criação de "órgãos gestores de escala metropolitana com poder de decisão", a fim de que Estado e municípios adotem medidas conjuntas para melhorar o transporte público. "Hoje tenta-se resolver no nível municipal um problema que tem escala metropolitana."

A Urbs planeja implantar até a Copa de 2014 o Sistema Integrado de Mobilidade (SIM), um conjunto de obras, equipamentos e softwares para gerir o trânsito e o transporte coletivo de Curitiba. O SIM, por exemplo, terá o Controle de Tráfego em Área (CTA). "Sensores vão acionar o sinal verde quando o ônibus estiver se aproximando do semáforo. Isso prioriza o transporte público e diminui o tempo de viagem dos ônibus", segundo a Urbs

Também haverá o Circuito Fechado de Televisão (CFTV), com acompanhamento em tempo real do tráfego das principais vias. Assim, em painéis luminosos, os motoristas vão receber as informações de como se encontra trânsito nas quadras seguintes.

Novas tecnologias vão beneficiar os usuários de ônibus - são 2,4 milhões transportados por dia útil, em um sistema integrado com tarifa única que atende 93% da demanda, segundo a Urbs. Está prevista uma operação para permitir com que a pessoa saiba em quanto tempo o ônibus vai chegar ao ponto e em que local o veículo se encontra. Existe também a expectativa de introduzir a bilhetagem eletrônica, para que o usuário recarregue o cartão de transporte dentro do ônibus. E serão instaladas câmeras nos veículos e em terminais para proporcionar mais segurança.

A Urbs destaca que desde 2005 todas as obras de reforma ou implantação de equipamentos públicos são feitas de acordo com as normas de acessibilidade. "No sistema de transporte o índice de acessibilidade passou de 42%, em 2004, para 86%, em 2010, e a meta é chegar a 100% até 2012." O órgão também informou que Curitiba tem atualmente cem quilômetros de ciclovias e pretende investir em sua ampliação. "Está em fase final de elaboração um plano diretor cicloviário."

SÃO PAULO

São Paulo tem problemas de mobilidade proporcionais ao porte de sua população de 11,2 milhões de habitantes e, principalmente, da sua frota de veículos (6,9 milhões). A média é de um veículo a cada 1,6 habitante, o que já denota uma alta proporção entre motores e pessoas. Os analistas de trânsito chamam esse fenômeno de "individualização dos transportes", cenário caracterizado pelo excesso de veículos nas ruas e pelos congestionamentos frequentes. Tanto que, hoje, a velocidade média de deslocamento na maior cidade brasileira é de 16 km/h, a mesma de uma carroça

A principal explicação para esse atraso está no desenvolvimento vagaroso da rede de transportes coletivos - ônibus, lotação, trem e metrô. Na capital paulista, a proporção da população que usa esses meios para sair de casa é de apenas 36%, a mesma de 20 anos atrás, de acordo com uma pesquisa da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) que levantou dados de 1987 e 2007. Em Barcelona, cidade considerada modelo nesse quesito, são cerca de 70%. "Sofremos de uma histórica falta de investimentos nos modais coletivos. Hoje, pagamos o preço caro da ilusão da ''sociedade do automóvel''", critica Maurício Broinizi, coordenador da Rede Nossa São Paulo, instituição de defesa de direitos civis.

Os problemas não resolvidos ao longo de décadas desembocaram na adoção de medidas coercitivas. Em 2010, a Prefeitura de São Paulo restringiu o tráfego de caminhões entre as 5 e 21 horas nas marginais e nas principais vias da zona sul. Em 2009, as restrições foram impostas à circulação dos ônibus fretados. Ao mesmo tempo, cresceu a quantidade de equipamentos para fiscalização. Os 530 radares espalhados pela cidade conseguem flagrar, além das restrições já citadas, o desrespeito ao rodízio municipal de veículos e a invasão de faixas exclusivas para ônibus por automóveis.

De acordo com a prefeitura, essas iniciativas, associadas a um novo trecho do rodoanel e a novas estações do metrô, reduziram a média de congestionamento nos horários de pico em 2010 para 99,3 km. O número ficou abaixo dos 100 quilômetros pela primeira vez desde 2007.

Apesar de melhorias para o trânsito no curto prazo, as medidas restritivas são consideradas insuficientes por analistas. De acordo com o Broinizi, é necessário um conjunto de medidas de curto, médio e longo prazo para mudar a situação. Sua proposta, junto com outras organizações da sociedade civil, está em um documento chamado "Plano de Mobilidade e Transporte Sustentável", já aprovado pela Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara de Vereadores paulistana. O plano de ação pede mais agilidade na construção do metrô e de uma série de corredores expressos de ônibus (BRTs). Além disso, também recomenda a descentralização dos serviços públicos e centros funcionais, com o objetivo de desconcentrar o tráfego.

RIO DE JANEIRO

A geografia do Rio de Janeiro premia a cidade como uma das mais belas do mundo. No entanto, por estar entre o mar e montanhas, a capital fluminense oferece um desafio constante em relação à mobilidade urbana. Some-se a isso seguidos anos de ausência de planejamento e de prioridade no sistema de transporte, principalmente o coletivo. Um dos resultados desse descaso está em estudo divulgado em dezembro pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Considerando as regiões metropolitanas, o Rio de Janeiro possui o menor porcentual de trabalhadores que se deslocam diretamente para o trabalho com tempo inferior a 30 minutos: apenas 43,9%.

O doutor em Engenharia de Transporte e professor de Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense (UFF), Walber Paschoal, afirma que falta transporte público para atender a demanda. "E o pouco que é oferecido, é de má qualidade." Segundo ele, um entrave na questão da mobilidade também passa pela atenção à "convergência radial" do Rio. "A configuração da cidade é a seguinte: existe um centro comercial e a maioria das viagens converge para aquele ponto. Para esse tipo de situação, o ideal, mostram estudos, é investir em transporte de massa para desafogar as vias", explica.

O secretário municipal de Transportes do Rio, Alexandre Sansão, diz que o porcentual da população que se utiliza de transporte público é de 70% entre as viagens motorizadas, ante um índice de 50% verificado em São Paulo. "Nossa maior tarefa para melhorar os índices de mobilidade é dar eficiência ao transporte coletivo, tanto em velocidade operacional quanto em adequação entre oferta e demanda." Ele admite que há uma oferta de ônibus excessiva nos bairros da zona sul e escassa em regiões mais distantes, como a zona oeste. "Nossa tarefa é reverter esse quadro."

Paschoal concorda, mas mostra certa precaução com promessas: "Há anos é preciso mudar esse quadro, e o poder público insiste em investir em novas vias, em aumentar a largura delas. Essas ações atendem pontualmente, mas a longo prazo voltam os congestionamentos."

Como solução para os principais gargalos de locomoção, Paschoal enumera um planejamento em três pontos. Primeiro, de estratégia, o que significa fazer um diagnóstico da qualidade com que os meios de transporte operam na capital fluminense. Depois, uma ação tática. Com os dados estratégicos em mãos, implantar simulações para observar o impacto que intervenções propostas teriam no sistema de transporte. Por fim, um planejamento operacional. "Acompanhar os efeitos resultantes das ações de estratégia e tática."

Sansão lembrou que a Prefeitura do Rio promoveu em setembro de 2010 a primeira licitação do sistema de passageiros de ônibus de sua história. Em vez de 47 empresas, o sistema passou a ser operado por quatro consórcios. Para ele, o novo marco jurídico permitirá a gestão integrada de uma rede de transporte hierarquizada e com integração tarifária. "O Bilhete Único, que garante a realização de duas viagens (ônibus mais ônibus) ao custo de apenas uma tarifa (R$ 2,40) já está em vigor e vai mudar o padrão das viagens realizadas no município."

Para os Jogos Olímpicos de 2016, Sansão afirma que o Rio contará com quatro corredores de Trânsito Rápido de Ônibus (BRT, na sigla em inglês), sistema que viabiliza o deslocamento rápido dos passageiros por meio de estações de transferência e corredores exclusivos. Serão eles: Transcarioca, TransOeste, TransOlímpica e Avenida Brasil.

Para Paschoal, o governo passará a dar mais atenção ao sistema de transporte com a Copa de 2014 e a Olimpíada. "Vai melhorar a mobilidade. Mas logo, logo estará tudo congestionado de novo", diz, tendo décadas de ausência de planejamento como respaldo para sua previsão.

BRASÍLIA

Cidade planejada, Brasília deveria ser hoje exemplo na mobilidade urbana. Não é. A capital brasileira, com 2,5 milhões de habitantes, segundo o Censo 2010 do IBGE, enfrenta os mesmos problemas que outras capitais de mesmo porte. "Há um rápido adensamento da cidade e do entorno sem controle do uso e ocupação do solo, carência de um sistema viário eficiente e falta de políticas integradas entre os governos federal, distrital e municipal", afirma o secretário dos Transportes, Paulo Barongeno.

O arquiteto e urbanista Valério Medeiros cita que a "forte setorização (bairros distante uns dos outros), resultante do desenho de Brasília, contribui para dificultar a dinamização do espaço". Ele lembra que a cidade detém o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, distinção que impede certas mudanças em sua arquitetura.

Medeiros afirma que, além de buscar a integração entre meios de transporte e incentivar a população a diminuir o uso do automóvel, é preciso trabalhar com uma gestão metropolitana. De acordo com ele, além dos cerca de 30 municípios em torno do plano piloto - o projeto urbanístico - há cidades até de Goiás que sofrem influência de Brasília. "Existe a necessidade de uma postura metropolitana, que considere movimentos diários entre todas as cidades. Os municípios crescerem não é um problema. É só necessário que esse crescimento seja acompanhado por políticas públicas."

A Secretaria dos Transportes informa que está em execução o Plano de Transporte Urbano (PTU), a fim de implantar uma "nova concepção de operação do sistema de transporte público coletivo, fundamentada na ideia de integração entre itinerários ônibus/ônibus e ônibus/metrô". O órgão também aponta que trabalha com um projeto cicloviário para Brasília e destacou as obras no Lago Sul e no Lago Norte que preveem sinalização e o "compartilhamento harmônico" das vias entre bicicletas e veículos.

Medeiros vê com bons olhos os projetos de ciclovia, pois, segundo ele, Brasília já possui uma das maiores malhas de ciclovia do País. "O terreno (da cidade) é suave, sem grandes subidas e descidas." O urbanista só lamenta o "preconceito" que algumas pessoas têm em relação ao ônibus e à bicicleta, como se utilizá-los denotasse perda de status. "É preciso uma mudança de cultura."

A obra de maior impacto em Brasília para a Copa do Mundo de 2014 será a implantação de um sistema de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), um trem urbano com menos capacidade e velocidade que os trens do metrô, porém menos poluidor e barulhento. A verba para a construção do VLT, que custará R$ 263 milhões e vai ligar o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek ao Terminal da Asa Sul, estão garantidas, segundo o governo.

SALVADOR

Salvador perdeu o título de capital brasileira para o Rio de Janeiro em 1763. Passados 247 anos, a capital baiana quer se reerguer e chegar longe, tornando-se "Capital do Mundo". Este é o título do projeto apresentando em 2010 pela Prefeitura de Salvador, que pretende investir em infraestrutura e mobilidade urbana com o objetivo de preparar a cidade para a Copa do Mundo de 2014. O desafio, porém, será desafogar o trânsito e garantir acesso de transporte público a todos os cidadãos.

Salvador tem os mesmos gargalos das maiores cidades do País, como excesso de carros, aglutinamento da região metropolitana e escassez de transporte de massa. Além disso, a topografia da cidade é acidentada, com praias e morros, cidade alta e cidade baixa, o que dificulta ainda mais o deslocamento. "O trânsito em Salvador é como um caminho de água. Ele escoa das partes mais altas e estreitas para os vales, de maior fluidez. Só que isso tem sobrecarregado as principais vias, que ficam nos vales", explica a pesquisadora Ilce Marília de Freitas, do Departamento de Transportes da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Para evitar congestionamentos de veículos, é necessário aumentar a eficiência do transporte coletivo de Salvador, que transporta apenas 1,7 passageiro por quilômetro, enquanto o ideal seria entre 2,5 e 5 passageiros por quilômetro, segundo Ilce. A ineficiência se deve a falhas na cobertura do itinerário dos ônibus, baixa frequência das viagens e tarifa (R$ 2,30) considerada cara pela população de baixa renda. Isso explica porque 25% a 30% da população se deslocam a pé todos os dias, um índice alto. "Andar a pé ou de bicicleta é bom, mas não serve para grandes distâncias", diz Ilce.

O pacote "Salvador, Capital do Mundo" reúne mais de 20 projetos de mobilidade, entre eles a ampliação da Avenida Paralela, uma das principais vias da cidade, e a construção de duas novas avenidas. O principal projeto é a implantação do sistema de Trânsito Rápido de Ônibus (BRT, na sigla em inglês), inspirado no modelo de Bogotá, na Colômbia. O BRT soteropolitano prevê 20 km de vias, tráfego em corredores exclusivos e ligação com o aeroporto e com a zona metropolitana.

Orçado em R$ 570 milhões, ele faz parte da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal e deve ficar pronto em 2013, segundo a prefeitura. "O sistema foi escolhido porque é três vezes mais barato que o metrô e aproveita condições de infraestrutura da cidade", afirma Renato Araújo, chefe da Superintendência de Trânsito e Transportes do Salvador.

Para a pesquisadora da UFBA, o sistema é bem-vindo, mas não resolverá sozinho o problema, pois Salvador demanda transporte de grande capacidade, como o metrô. Nesse quesito, a evolução é lenta: após oito anos de obras, a primeira etapa do metrô (Lapa-Acesso Norte) ficará pronta em 2011.

RECIFE

Pernambuco quer aproveitar a Copa de 2014 para dar ênfase na qualidade do transporte público na região metropolitana de Recife. Com isso, pretende incentivar a população a usar ônibus e metrô e a diminuir o uso do automóvel. A meta é melhorar a mobilidade urbana. O secretário das Cidades do Estado de Pernambuco, Dilson Peixoto, explica que o objetivo é necessário porque as ruas do Recife já estão "fartamente" ocupadas, e a frota de veículos cresce mais de 7% ao ano. "Para piorar, por ser antiga, a cidade possui ruas estreitas e qualquer razoável obra viária tem um custo muito alto de desapropriação."

Peixoto, que acumula o cargo de presidente do Grande Consórcio Recife, responsável por gerenciar o transporte público da capital e região metropolitana, admite que hoje não há qualidade no ônibus e no metrô. "O transporte público tem capilaridade, mas não tem qualidade. É preciso garantir eficiência, conforto e pontualidade para incentivar as pessoas a usá-lo, deixando o carro em casa."

Para a Copa, uma das metas do governo é construir o Terminal de Metrô Cosme e Damião. Com 39,5 km de extensão e 28 estações, a rede de metrô do Recife é atualmente composta pela linha Centro e pela linha Sul. O terminal ficará na linha Centro, entre as estações Rodoviária e Camaragibe. A obra permitirá que passageiros que cheguem à rodoviária tenham acesso à linha BRT Leste-Oeste, ainda em fase de projeto.

A Leste-Oeste terá a implantação de Trânsito Rápido de Ônibus (BRT, na sigla em inglês), sistema que viabiliza o deslocamento rápido dos passageiros por meio de estações de transferência e corredores exclusivos, e vai ligar a Avenida Caxangá à Cidade da Copa, onde serão realizados os jogos, em um trecho de três quilômetros, em São Lourenço da Mata. Nesta região, o BRT fará o atendimento tanto ao terminal integrado e estação do metrô de Camaragibe quanto ao futuro terminal e estação de metrô de São Lourenço.

Nos mesmos moldes será o BRT Norte-Sul, que vai conectar Igarassu, o terminal Joana Bezerra e o centro do Recife. Com 15 km de extensão, terá conexão com os projetos Corredor da Via Mangue e Corredor Caxangá Leste-Oeste. Este abrigará faixa exclusiva de ônibus, ligando a Avenida Conde da Boa Vista à Caxangá, com meta de beneficiar 900 mil pessoas e 27 mil veículos que circulam pela via. Aquele será uma via expressa de 4,5 km com corredor exclusivo de tráfego de veículos para a zona sul da cidade. O projeto também contempla uma ciclovia.

O consultor em transporte urbano Germano Travassos afirma que o "Recife está caminhando para ter uma rede (de transporte) tão densa quanto à de Curitiba". A capital do Paraná é pioneira no País em projetos nessa área e vista como referência. "A região metropolitana do Recife foi a que mais avançou (no País) em termos de ações integradas." O governo espera que essas obras deem qualidade ao transporte público e melhorem a mobilidade urbana. Travassos, no entanto, diz que pouco que tem sido feito para dar conforto e segurança para quem usa ciclovias. "Não temos muito o que apresentar a não ser boas intenções no quesito bicicleta."

BELO HORIZONTE

Belo Horizonte é uma das capitais onde o transporte público mais perdeu espaço nesta década. O número de carros, motos, ônibus e caminhões nas ruas da capital mineira cresceu 84% em nove anos. O salto foi de 706 mil veículos em 2001 para 1,3 milhão em 2010, de acordo com dados da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans). Entre todas as categorias, o maior crescimento foi visto na frota de transportes individuais: motos (114%) e carros (38,8%). Os ônibus aparecem em terceiro lugar (24%).

O fenômeno é avaliado por analistas de trânsito como o resultado de políticas públicas que privilegiaram, ao longo dos anos, o transporte individual em vez do coletivo. Aumentaram drasticamente os congestionamentos nas ruas, o que configurou um "atentado à mobilidade urbana".

"Com esse crescimento da frota, não há investimento público em túneis e viadutos que suporte a demanda", afirma Ramon Victor Cesar, presidente da BHTrans. Ele conta que, ao mesmo tempo em que a cidade viu expandir sua frota nas últimas duas décadas, o transporte coletivo perdeu muita qualidade, o que acelerou a migração para o transporte individual. "O transporte coletivo ficou insustentável", diz.

Para o presidente da BHTrans, a melhora na mobilidade urbana depende do renascimento dos transportes públicos na matriz de tráfego. Hoje, na capital mineira, 55% dos deslocamentos são feitos por transportes coletivos (ônibus e trens). "Nossa meta é chegar a 70% até 2030, como na cidade de Barcelona", afirma Cesar. "No início da década de 90, esse índice já alcançou 65%, mas foi perdendo participação para os carros".

A Copa do Mundo de 2014 pode acelerar o cumprimento da meta. Belo Horizonte foi a primeira cidade a fechar com o governo federal recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) destinados a melhorias da mobilidade urbana. Até 2014, serão investidos R$ 1,23 bilhão nas obras que incluem o sistema de Trânsito Rápido de Ônibus (BRT, na sigla em inglês) nas avenidas Presidente Antônio Carlos, Dom Pedro I, Dom Pedro II, entre outras, além da ampliação da Central de Controle de Tráfego da BHTrans. Em outra vertente, a cidade também aposta em um ambicioso projeto de 345 quilômetros de ciclovias, o segundo maior do Brasil, atrás somente de Porto Alegre, com 495 km.

Na opinião do professor Nilson Tadeu Nunes, chefe do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), os BRTs - principais projetos das cidades brasileiras para a Copa - são muito úteis. "Não dá para permitir a concentração em apenas um meio de transporte", diz. Por outro lado, correm o risco de iniciar o funcionamento já no limite da capacidade. Em algumas vias, segundo Nunes, a demanda já supera 40 mil passageiros por trecho a cada hora. O ideal para este fluxo é o transporte por trens urbanos, mas, por falta de recursos, elas não entraram no pacote de infraestrutura para a Copa.

PORTO ALEGRE

Entrar em Porto Alegre pode ser uma tarefa difícil. Sair também. A dificuldade de acesso à capital gaúcha se explica pelos gargalos viários logo no entorno da metrópole, de acordo com avaliação do professor Luis Antonio Lindau, do Laboratório de Transportes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Na zona norte, o problema está na saturação da rodovia BR-116, principal passagem para veículos de passeio e carga entre a capital gaúcha e a região metropolitana. A rodovia federal recebe cerca de 120 mil veículos por dia, uma saturação que obriga os motoristas a reduzir a velocidade para 40 km/h em vários trechos.

Na sequência da rodovia fica outro gargalo - a ponte do Rio Guaiba - que liga Porto Alegre ao sul do Estado. A ponte, de 1960, sofre constantes problemas técnicos para içar o trecho por onde passam navios. "Tem vezes que ela sobe e não desce, parando o trânsito", conta o professor. Segundo ele, a tecnologia de içamento está ultrapassada e não serve mais para o cenário atual, em que o fluxo de veículos na região é consideravelmente maior.

Hoje, a solução para os dois pontos de afogamento da mobilidade urbana dependem de grandes obras de infraestrutura. No eixo norte, o prolongamento da Rodovia do Parque, da BR-386 até a BR-290, deve ficar pronto em dois anos, e criará uma rota alternativa entre a região do Vale dos Sinos e parte da zona metropolitana com destino à capital. Já a conexão com o sul do Estado depende de uma outra ponte, que não condicione o tráfego a interrupções, segundo Lindau.

Dentro de Porto Alegre, o excesso de veículos (frota estimada de 542 mil) e motos (72 mil) é o principal problema, associado a corredores de ônibus lotados. A situação tende a se agravar com o crescimento anual da frota estimado em 5%, o equivalente a 30 mil carros e motos a mais por ano. "A motorização será mais forte na periferia, onde os aumentos recentes da renda familiar têm possibilitado à população a compra de veículos", afirma Lindau. "O uso do carro não é um mal em si. O problema está no uso em excesso e nos horários de pico", ressalva.

O único jeito de escapar à paralisia está no investimento pesado em transportes coletivos e alternativas complementares. Nesse quesito, o cenário é otimista. A Prefeitura de Porto Alegre tem dois projetos ambiciosos. O primeiro deles é o de Trânsito Rápido de Ônibus (BRT, na sigla em inglês), um tipo de corredor expandido, com estações fechadas, veículos maiores e faixas exclusivas para o tráfego. Até a Copa de 2014, estão previstas 11 estações, em vias como as avenidas Bento Gonçalves, Assis Brasil e Protásio Alves. De acordo com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) de Porto Alegre, o BRT associado a outras intervenções urbanas, como túneis e viadutos, vai desafogar o trânsito no centro da cidade.

A prefeitura também aposta no maior projeto de ciclovias do Brasil. O Plano Diretor Cicloviário, já sancionado, quer expandir a rede atual de 7,9 km de ciclovias para 495 km. Desse total, a prefeitura espera entregar 14 km nas Avenidas Ipiranga e Serório em 2011. "Não pensamos a bicicleta apenas como lazer. Buscaremos integrar as ciclovias ao transporte público, para que o cidadão possa utilizar a bicicleta e ônibus para deslocamentos", afirma a EPTC. (Reportagem de Renan Carreira e Circe Bonatelli)
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