“Os trólebus não são um bom sistema de transporte público. O Corredor ABD é”. A afirmação é do superintendente da ANTP (Agência Nacional de Transporte Público), Marcos Pimentel Bicalho, e compartilhada por outros especialistas da área. Embora o mote dos trólebus seja a utilização de energia limpa, e que ainda não é totalmente utilizada pelo sistema, o diferencial é o corredor exclusivo. Outros benefícios seriam, de acordo com os especialistas, secundários e pouco valorizados pelos usuários.
“É um engano dizer que os trólebus sejam um sistema de excelência. O metrô é um sistema de excelência, o corredor ABD também é. Na Capital, os trólebus circulam por vias comuns, dividem o trânsito com carros, ônibus, caminhões. Quer dizer, não oferecem nada além da energia limpa”, disse o superintendente.
Ainda de acordo com Bicalho, os trólebus envolvem um alto custo para funcionar, mas o sistema operado pela concessionária Metra é bem aproveitado diante desse alto custo.
“O Brasil ainda é um País onde o usuário paga integralmente pelo serviço público de transporte. Não há subsídio. Imagine o investimento para eletrificar as linhas, adaptar os veículos para esse tipo de energia, para o tipo de piso de concreto que é necessário, e pegar todo esse sistema e colocá-lo no trânsito comum. Seria um investimento mal utilizado, nesse caso”, avaliou Bicalho.
O coordenador do MDT (Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público de Qualidade), Nazareno Affonso, também acredita que a falta de subsídio para o sistema interfere na qualidade, que poderia ser maior se houvesse a contrapartida do Estado.
“No nosso setor (de transportes) existem muitos defensores dos trólebus, mas em corredores segregados. A demanda pela via exclusiva para o transporte público nunca vai se esgotar. Acho ainda que se intensifica a cada a ano. Todo semestre vemos medidas do governo para que a população compre cada vez mais carros, mas o incentivo ao transporte público não ocorre na mesma proporção. Essa é uma lógica perversa e de mercado”, afirmou Affonso.